Sengen-sama, a Deusa do Fuji, é também conhecida como Ko-no-hana-saku-ya-hime (Florescente e radiante como as flores das árvores).
No cimo do Monte Fuji ou Fuji-no-Yama (a montanha de Fuji) está situado o templo de Sengen-sama. Dizem que, em tempos antigos, essa Deusa pairava em uma nuvem luminosa acima da cratera, assistida por servos invisíveis aos olhos dos mortais, prontos a atirar em suas profundezas qualquer peregrino que não tivesse um coração puro.
Não é surpreendente descobrir que inúmeras lendas foram criadas em torno do Fuji e desta Deusa, que dizem ser a própria alma da esplendorosa montanha, que por sua vez, tem seu nascimento relatado como o mais fantástico de todos os nascimentos, quando, em tempos longínquos, inusitadamente surgiu da noite para o dia.
Uma lenda sobre a Deusa do Fuji
Uma famosa história envolvendo o Fuji-san e a Deusa do Fuji relata sobre os poderes de cura da Deusa, que ajuda os necessitados, mas somente os de coração verdadeiramente puro.
E coração extremamente puro tinha o jovem Yosoji, que em tempos longínquos, encontrava-se desesperado pela mãe que estava enferma, acometida de varíola, como tantas outras pessoas na Aldeia em que ele e sua mãe viviam.
Yosoji, então, resolveu consultar o místico Kamo Yamakiko, uma espécie de feiticeiro da aldeia, sobre o que fazer para a sua mãe melhorar, pois a qualquer momento poderia ser arrebatada pela morte.
O feiticeiro mandou Yosoji ir a um regato que descia do lado sudeste do Monte Fuji.
“Perto da nascente deste regato está o altar do Deus da Longa Vida. Tome dessa água e dê para sua mãe beber. Isso bastará para curá-la, concluiu o feiticeiro”.

Cheio de esperança, Yosoji encetou marcha rumo ao regato e, quando chegou a uma encruzilhada, ficou em dúvida quanto à direção tomar. Enquanto ponderava a respeito viu que dele se aproximava, vinda da floresta, uma linda jovem vestida de branco que lhe disse para segui-la até o lugar onde nascia o precioso regato junto ao altar do Deus de Longa Vida.
Uma vez no regato, ela lhe disse que bebesse e que enchesse a cuia com aquela água borbulhante para dar a sua mãe. Isso feito, a linda jovem o acompanhou até o ponto que haviam se encontrado e disse: “Encontre-me neste mesmo lugar dentro de três dias, porque você precisará de mais doses desta água”.
Depois de cinco visitas a esse local sagrado, Yosoji exultou ao ver que sua mãe estava muito bem, como muitos dos aldeões que haviam tido o privilégio de beber daquela sagrada água. A bravura de Yosoji foi proclamada em alto e bom tom, juntamente com o feiticeiro que recebeu muitos presentes devido a seu conselho oportuno.
Yosoji, porém, que era uma pessoa honesta, no fundo de seu coração sabia que todo louvor cabia à linda jovem que havia sido seu guia. Desejava agradecer-lhe muito e, com essa finalidade, uma vez mais rumou para o regato.
Ao chegar ao altar do Deus da Longa Vida, viu que o regato havia secado. Muito surpreso e com grande tristeza no coração, ajoelhou-se e pediu que aparecesse aquela que havia sido tão boa para sua mãe, pois o que ele mais desejava era poder agradecer tanto quanto ela merecia.
Após a súplica, Yosoji levantou a cabeça e viu a moça diante de si. Então, com palavras elegantes e sinceras, expressou toda a sua gratidão. Pediu a ela, que havia sido seu guia e a quem devia o restabelecimento de sua mãe, dissesse como se chamava. Porém, a jovem, embora sorrisse docemente, calava seu nome.
Sempre sorrindo, ela sacudiu no ar um galho de camélia e pareceu que as belas flores acenavam para algum espírito invisível que estavam à distância. Em resposta ao aceno florido, desceu uma nuvem do Monte Fuji que envolveu a linda jovem e a transportou para amontanha sagrada de onde ela viera.
Dado esse fato, Yosoji ficou sabendo que a Deusa do Fuji fora sua guia. Ajoelhou-se em êxtase, observando a figura que partia e teve consciência de que, além de agradecimento, em seu coração existia amor.
Durante a ascensão, a Deusa do Fuji lhe atirou o galho de camélia. Uma lembrança ou talvez um sinal de que ela o amava também.

“Fujiyama,
Tocado por seu hálito divino, retornamos à forma de Deus.
Teu silêncio é canto, teu canto é o canto do Céu.
Nossa terra de preocupação e febre se transforma em um lar de evidente doçura numa morada distante da terra onde homens nascem apenas para morrer.
Nós, filhas e filhos japoneses, enaltecendo sua serena majestade, o orgulho de Deus, imprimimos nossas sombras em teu seio, o mais suave lugar da eternidade.
Ô maravilha de face branca, ô sublimidade, ô beleza!
Mil rios carregam tua sagrada imagem no espelho de suas águas.
Todas as montanhas erguem-se para ti como maré que sobre, na esperança de ouvir teu comando.
Veja! Os mares que circundam o Japão perdem toda a sua agressividade, bafejados por um vai-e-vem de berços.
À vista de tua sombra, como alguém em um sonho poético, perto de ti esquecemo-nos de morrer.
A morte doce e a vida mais doce que a morte.
Somos mortais e também deuses, tuas inocentes companhias.…
Ó Fuji imortal!”



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