sexta-feira, 21 de agosto de 2015

EGINA

Egina
ninfa egina
O culto de Zeus pan-helênico remonta a uma Fábula relativa à ilha de Egina.
 A ninfa Egina era filha do rio Asopo.
 Foi amada por Zeus, que a visitou sob a forma de chama.
 Seu pai, encolerizado com o rapto da filha, procurou-a por toda parte; chegando a Corinto, soube de Sísifo o nome do raptor e pôs-se a persegui-lo. Zeus atingiu-o com um raio, e transportou a ninfa para a ilha que, desde então, tem o seu nome.
A união de ambos deu nascimento de Éaco que, antes de ser juiz no inferno, reinou na ilha de Egina.
 Mas não podendo Hera permitir que uma ilha tivesse o nome da rival, resolveu vingar-se despovoando aquela porção de terra.
 Nuvens sombrias cobriram o céu, reinou um calor sufocante, os lagos e as fontes contaminaram-se.
 O mal atacou a princípio os cães, as ovelhas, os bois, as aves e todos os animais.
 O agricultor consternado viu morrer diante dos seus olhos, no meio dos sulcos, os touros que trabalhavam.
 As ovelhas, despojadas da lã, magras e descarnadas, enchiam os campos de gritos lúgubres.
 O vigoroso corcel, desdenhando os combates e as vitórias, languescia.
 O javali esquecera a sua ferocidade natural; a corça já não tinha a habitual ligeireza; o urso não ousava atacar os rebanhos. 
Tudo morria; as florestas, os campos e os grandes caminhos estavam juncados de cadáveres que infeccionavam o ar com o seu mau cheiro; os próprios lobos não ousavam tocá-los, e eles apodreciam na terra espalhando por toda parte o contágio.
Dos animais, espalhou-se o mal às aldeias, entre os moradores dos campos e daí penetrou nas cidades.
 Todos sentiram a princípio as entranhas arder com um fogo cujos reflexos, que apareciam no rosto, denotavam a força.
 Respiravam com dificuldade, e a língua seca e inchada obrigava-os a manter a boca aberta.
 Certos de que morreriam desde que fossem contagiados, abandonavam os remédios, e faziam tudo quanto a violência do mal os impelia a desejar. 
Todos corriam aos poços, às fontes, aos rios, para matar a sede que os devorava; mas só a matavam, morrendo, e o langor impedia os que a tinham saciado de pôr-se novamente de pé e afastar-se da água em que expiravam. Por onde quer que se relanceassem os olhos, percebiam-se montes de mortos; era inútil oferecer sacrifícios; os touros conduzidos aos altares para ser imolados caíam mortos antes de feridos.
 Não se viam lágrimas pela morte dos entes mais queridos; as almas das crianças e das mães, dos jovens e dos velhos desciam, sem ser choradas, às margens infernais.
 Não havia lugar para sepulturas, não havia lenha para as fogueiras. (Ovídio).
Havia na ilha de Egina um velho carvalho consagrado a Zeus, a semente que o produzira vinha da floresta de Dodona.
 Éaco, debaixo de tal árvore, sagrada, invocou Zeus, e, enquanto rogava, contemplava uma multidão de formigas que subiam e desciam pela casca do tronco; vendo-lhe o número incalculável, chorava lembrando-se do seu reino despovoado.
 Quando terminou a invocação, o rei Éaco adormeceu à sombra do carvalho sagrado. No entanto, o deus ouvira-lhe o rogo: as formigas transformadas em homens se aproximaram dele e renderam-lhe as homenagens devidas à sua posição.
 Éaco deu graças ao rei dos deuses; depois, distribuiu os novos habitantes pela cidade e pelos campos.
 Para conservar a recordação da origem deles, chamou-os mírmidos. Mantiveram eles as mesmas inclinações que as formigas : laboriosos, ativos, ardentes no amontoamento de bens, empregavam o maior cuidado em conservar o que haviam adquirido. (Ovídio).
Os descendentes dos mírmidos foram os soldados de Aquiles, pois Éaco é pai de Peleu, pai de Aquiles.
 Entretanto, os mírmidos de Aquiles não habitavam a ilha de Egina; mas tais confusões, tão freqüentes na idade heróica, podem originar-se de migrações e de colônias que guardavam as mesmas tradições, em regiões diferentes.
 Aliás, a lenda de Éaco apresenta variantes: teria sido em conseqüência das suas preces que uma espantosa fome seguida de peste cessou não somente na ilha de Egina, senão também na Grécia inteira.
 Foi depois de tal fato que ele fundou um templo e cerimonias às quais todos os gregos deviam assistir.
 Zeus recebeu nessa ocasião o apelido de pan-helênico (adorado por todos os gregos).
Zeus pan-helênico possuía na ilha de Egina um templo conhecidíssimo, onde se celebravam festas em sua honra.
 Adriano ergueu-lhe também um templo em Atenas.

CLITIA




Clytie clitia ninfa
Clítia ou Clítie, era a ninfa do girassol e amava Helius, o deus Sol.
 Quando ele a abandonou pelo amor de Leucotéia, sofrendo Clítia começou a definhar.
 Ficava durante todo o dia sentada no chão frio com sua tranças desatadas sob os ombros. 
Passavam-se os dias sem que ela comesse ou bebesse, alimentando-se apenas das próprias lágrimas.
Durante o dia contemplava o Sol desde o nascente ao poente.
 Era a única coisa que via e seu rosto estava sempre voltado para ele.
 À noite, curvava-se para chorar.
 Por fim, seus pés criaram raízes no chão e o rosto transfigurou-se em uma flor, que passou a se mover sobre o caule sempre acompanhando o sol.
 Assim nasceu o heliótropo ou o girassol.
Para resumir, o sol passa todos os dias e segue seu curso, vivendo a sua própria vida, enquanto a ninfa Clitia permanece enraizada no mesmo lugar perdendo oportunidades de viver.
tenas.

ECO



Eco
ninfa eco e narcisoninfa eco
Zeus, o rei dos deuses, era casado com sua irmã Hera.
 Costumeiramente chamava a bela ninfa Eco para conversar com Hera, lá no Olimpo, a morada dos deuses.
 Eco era muito falante e isso era um bom entretenimento para Hera.
 Mas, na verdade, a intenção de Zeus com isso era distrair Hera e, assim, conseguir sair com as mulheres mortais.
 Quando Hera descobriu o engodo, ficou furiosa.
 Mas nada podia fazer contra Zeus. Então, castigou Eco: fez com que ela não mais pudesse falar espontaneamente, mas somente repetir o que ouvia de outros. Muito triste, Eco se refugiou nos bosques e fontes.
 Narciso, filho do deus Cefiso (um rio) e da ninfa Liríope, era um rapaz belíssimo.
 Mas sua mãe era muito preocupada com ele, pois quando de seu nascimento recebeu um recado profético: o de que ele não poderia ver sua própria imagem. De fato, Narciso era muito belo, mas era um rapaz completamente incapaz de se apaixonar.
 Moças e ninfas belíssimas o desejavam, mas ele não lhes dava atenção.
 A ninfa Eco, que era também belíssima, quando o viu em uma caçada, se apaixonou perdidamente.
 Todas as vezes que ele vinha caçar na floresta, ela o seguia sem se deixar ver. Um dia ele percebeu a sua presença e conseguiu abordá-la, e então perguntou o que ela queria.
 Eco pretendia declarar seu amor, mas não conseguiu dizer nada espontaneamente, apenas repetiu as palavras de Narciso.
 Narciso a repeliu de maneira grosseira.
 Desesperada de amor, Eco começou a definhar e, enfim, sumiu inteiramente, restando nos bosques e fontes apenas sua voz.
 As ninfas, amigas de Eco, quiseram se vingar e chamaram a deusa Nêmesis, que sabia a respeito da profecia sobre Narciso.
 Certo dia, durante uma caçada, Nêmesis cuidou para que Narciso se perdesse. Cansado e com sede, ele se debruçou na fonte de Tépias, e vendo sua imagem refletida na água, não conseguiu mais parar de admirar tamanha perfeição. Indiferente a tudo, Narciso não mais tirou seus olhos dali e, enfim, acabou morrendo de inanição.
 No local de sua morte brotou a flor chamada narciso.

CASSANDRA




Cassandra (não é ninfa, mas a história é trágica também)
Cassandra profecia apolo
A mitologia grega conta como Cassandra e o seu irmão gêmeo, Heleno, ainda crianças, foram ao Templo de Apolo brincar.
 Os gêmeos brincaram até ficar demasiado tarde para voltarem para casa, e assim, foi-lhes arranjada uma cama no interior do templo.
 Na manhã seguinte, a ama encontrou as crianças ainda a dormir, enquanto duas serpentes passavam a língua pelas suas orelhas.
 A ama ficou aterrorizada mas as crianças estavam ilesas.
 Como resultado do incidente os ouvidos dos gêmeos tornaram-se tão sensíveis que lhes permitiam escutar as vozes dos deuses.
Cassandra tornou-se uma jovem de magnífica beleza, devota servidora de Apolo.
 Foi de tal maneira dedicada que o próprio deus se apaixonou por ela e ensinou-lhe os segredos da profecia.
 Cassandra tornou-se uma profetisa, mas quando se negou a dormir com Apolo, ele, por vingança, lançou-lhe a maldição de que ninguém jamais viesse a acreditar nas suas profecias ou previsões.
Cassandra passa a ser considerada como louca ao tentar comunicar à população troiana as suas inúmeras previsões de catástrofe e desgraça.
A falta de credibilidade das previsões e profecias de Cassandra levou à queda e consequente destruição de Tróia, quando esta viu frustradas as suas sucessivas tentativas de implorar a Príamo que ele destruísse o cavalo de madeira (Cavalo de Tróia) engendrado por Ulisses para a conquista de Tróia pelo seu interior.
Com a cidade já tomada pelos gregos, Cassandra refugia-se no templo de Atena, onde é descoberta e violada pelo brutal Ájax, filho de Oileu (a deusa haveria de vingar-se do guerreiro, posteriormente).
 Na partilha do butim de guerra, ela é dada a Agamenon, que a leva em seu navio, na viagem de volta à Micenas, onde ele seria assassinado por Egisto, amante da rainha Clitemnestra, esposa de Agamenon.
 Depois disso, Cassandra foi à Cólquida, de onde saiu com Zakíntio, para que fosse fundada uma nova cidade, pois ele alegava ter recebido uma mensagem dos deuses para que fundasse, com alguma mulher que também pudesse ser sacerdotisa, como Cassandra fora.
 De acordo com a placa de número 183, no Museu de Arqueologia de Atenas, ao que tudo indica, Cassandra não foi morta em Tróia ou em Micenas, como muitos acreditam, mas sim realmente ajudou na fundação da nova cidade, dando descendência de trinta gerações depois a Agaton, o autor da placa com pedido escrito aos deuses. Ájax, filho de Oileu mais tarde arrependeu se e doou a Cassandra todos os seus bens.

MINTA



Minta
minta ninfa sexy do rio cócito

Na mitologia grega, Minta ou Menta (em grego antigo: Μινθη, transl. Minthê), era uma ninfa que vivia no rio Cocito, amante de Hades, o rei do mundo dos mortos.
 É a “Ninfa do Submundo”.
Por ter a condição de concubina do monarca, ela se gabava de ser a mais bela do reino e alegava que Hades iria fazê-la sua nova soberana, expulsando sua até então esposa Perséfone.
 O relacionamento que os dois mantinham foi descoberto pela rainha, que além de se achar no direito de exigir fidelidade de seu esposo, enraivecida e enciumada transformou-a na planta menta.
Seu mito, noutra versão, estaria ligado ao próprio rapto de Perséfone: Minta (ou Minte), ninfa que habitava o Submundo, mantinha com Hades um relacionamento, interrompido por seu casamento; a ninfa então, procurando recuperar o amante, passou a se vangloriar, dizendo ser mais bonita que sua rival, despertando a fúria em Deméter, mãe de Core.
 Deméter então puniu a moça presunçosa, fazendo em seu lugar surgir a menta.
A menta era uma das plantas utilizadas nos rituais funerários da Grécia Antiga, junto ao alecrim e a murta, e não somente para amenizar os odores da decomposição: fazia parte dos ingredientes da bebida enteógena feita com cevada fermentada dos iniciados nos ritos eleusinos, e que lhes dava a esperança na vida eterna.
A menção a Minta, em alguns clássicos antigos (os autores das frases abaixo podem ser achados na wikipédia):
Perto de Pylos, em direção ao leste, há uma montanha nomeada após Minthe que, segundo o mito, tornou-se concubina de Hades, e depois foi pisada por Kore [Perséfone], e transformada em hortelã, a planta que alguns chamam Hedyosmos.
 Além disso, perto da montanha há um recinto sagrado para Hades”.
Perséfone mais tarde teve a magia de mudar a forma de uma mulher [Minta] na perfumada hortelã.
“Minta (Menta), dizem os homens, era uma donzela do mundo subterrâneo, a Ninfa do Cocito, e ela deitava-se no leito de Aidoneus (Hades); mas quando ele raptou a jovem Perséfone no monte Aitnaian [na Sicília], então ela protestou em voz alta com palavras arrogantes e enlouquecida pelo ciúme estúpido, e Deméter espezinhou-a com os pés, destruindo-a.
 Pois ela havia dito que era mais nobre de forma e mais excelente em beleza do que a Perséfone de olhos negros, e gabou-se que Aidoneus voltaria para ela e baniria os demais de seus salões: tal paixão caiu sobre sua própria língua.
 E da terra ramificou-se na frágil erva que leva seu nome.


DAFNE



Dafne
Apolo e Dafne
apolo-y-dafne1 dafne e apolo

Apolo era considerado um ás da pontaria, desde que abatera a serpente Tifão, a fera que perseguira sua mãe, Leto, quando o deus era ainda criança.
 Um dia Apolo caminhava pela estrada que margeava um grande bosque, quando se encontrou com Eros. 
O jovem deus, filho de Afrodite, estava treinando a sua pontaria, solitariamente, em cima de uma pedra.
Sem ser notado, Apolo parou para observar a postura do jovem.
 Com um dos pés escorado sobre uma saliência da rocha, o deus do amor procurava ganhar o máximo de equilíbrio para assestar com perfeição a pontaria.
 Seu braço esticado, que segurava o arco, era firme sem ser demasiado musculoso; o outro, encolhido, segurando a flecha, tinha o cotovelo apontado para suas costelas, enrijecendo o seu bíceps; todo o conjunto, desde o porte até a dignidade dos gestos, demonstrava grande elegância, e mesmo os músculos das pernas pareciam distendidos, como a corda presa às duas extremidades do arco.
Apolo não conseguiu deixar de sentir uma certa inveja diante da graça do seu involuntário rival. Não podendo mais se conter, saiu das sombras e revelou ao deus do amor a sua presença.
— Olá, jovem arqueiro.
 Treinando novamente a sua pontaria? — disse Apolo, pondo um indisfarçado tom de ironia na voz.
— Sim — disse Eros, sem virar o rosto para o outro. — Quer treinar um pouco, também?
Apolo, imaginando que o outro debochava dele, reagiu com inesperada rudeza:
— Ora,  e quem vai me ensinar alguma coisa? Você?
Eros, guardando suas setas, já se preparava para se retirar, quando Apolo o provocou novamente:
— Vamos, treine, treine sempre, garotinho, e um dia chegará a meus pés! — disse o deus solar, com um riso aberto de triunfo.
Eros, no entanto, revoltado com a presunção do deus, sacou de sua aljava duas flechas: uma de ouro e outra de chumbo. Seu plano era acertar em cheio o peito de Apolo, com a primeira flecha.
— Vamos provar agora, um pouco, da minha má pontaria! — disse o deus do amor, mirando o coração de Apolo.
Num segundo a seta partiu, assobiando ao vento e indo cravar-se no alvo com perfeita exatidão.
 Apolo, sem perceber o que atingira seu peito — pois as flechas do deus do amor tornam-se invisíveis assim que atingem as vítimas —, sentou-se ao solo, abatido por um langor nunca antes sentido.
Mas Eros ainda não estava satisfeito.
 Por isso, enxergando Dafne, a filha do rio que se banhava no rio Peneu, mirou em seu coração a segunda flecha, a da ponta de chumbo, e a disparou. Enquanto a primeira seta provocava o amor, esta, endereçada a Dafne, provocava a repulsa. Assim, Eros dava início à sua vingança.
— Divirta-se, agora! — disse Eros, sumindo-se no céu com seu arco.
 Apolo, após recuperar suas forças, ergueu-se e entrou no bosque, como que impelido por alguma atração irresistível.
 Tão logo atravessou as primeiras árvores, seus olhos caíram sobre a bela ninfa, que secava os cabelos, torcendo-os delicadamente com as mãos.
— Se são belos assim em desalinho, como não serão quando arrumados? -perguntou ele, já bobo de amor.
A ninfa, escutando a voz, voltou-se para o lugar de onde ela partira. Assustada ao ver que aquele homem de louros cabelos a observava atentamente, juntou suas vestes e saiu correndo, mata adentro. Apolo, num salto, ergueu-se também.
— Espere, maravilhosa ninfa, quero falar com você.
Nunca em sua vida Dafne havia sentido tamanha repulsa por alguém como sentia pelo majestoso deus solar.
 O pior e mais feio dos faunos não lhe parecia no momento mais odioso do que aquele homem que a perseguia com fúria.
— Afaste-se de mim! — gritava Dafne, enojada.
 Apolo, acostumado a ser perseguido por todas as mulheres, via-se agora repelido de forma tão definitiva.
— Por que foge assim de mim, ninfa encantadora? — dizia, sem compreender. Sem saber como agir diante de uma situação tão inusitada, o desnorteado deus pôs-se a falar de si, da sua beleza tão elogiada por todos, de seus dotes, suas glórias, seus tributos e as infinitas vantagens que Dafne teria em juntar-se a ele, o mais cobiçado dos deuses.
 Mas o mais belo dos deuses desconhecia um pouco a mentalidade feminina, senão teria falado mais da bela deusa em vez de falar tanto de si próprio.
Ao perceber, porém, que a corrida desenfreada da jovem acabaria por deixá-la extenuada, o deus gritou:
— Espere, diminua o seu passo que diminuirei também o meu! A ninfa, reconhecendo a gentileza de seu perseguidor, diminuiu um pouco o ritmo.
Apolo, no entanto, que diante da diminuição da distância vira aumentar os encantos da sua amada, acelerou involuntariamente o seu passo, renovando o terror na amedrontada Dafne.
— Mas que canalha! — indignou-se a ninfa, tomando novo impulso para a corrida, mas já estava exausta e não era páreo para Apolo, o deus do astro que jamais se cansa de percorrer o Universo, todos os dias.
Sentindo um peso nas pernas, Dafne voltou o rosto aterrado para trás e percebeu que as mãos do deus quase tocavam os seus fios de cabelo. Contornando a mata, retornou outra vez à margem do rio Peneu, clamando pela ajuda do velho rio:
— Socorro, Peneu! Faça com que eu perca de vez esta beleza funesta, já que ela é a causa de todos os meus sofrimentos! — disse, disposta a entregar à natureza todos os seus dons em troca da liberdade.
Dafne, a alguns passos do rio, deu um salto, pretendendo atingir a água. mas seu tornozelo foi agarrado pela mão firme de Apolo, fazendo com que seu corpo caísse sobre a grama verde e fofa das margens.
 Um suspiro forte escapou de seus lábios entreabertos, com o impacto da queda.
 Ainda tentou rastejar em direção à água, porém sem sucesso.
 Apolo, cobrindo-a de beijos, recusava-se a largá-la.
 Finalmente, com um suspiro de alívio, a ninfa sentiu que seu corpo começava a se recobrir com uma casca áspera e grossa, enquanto seus cabelos viravam folhas esverdeadas.
 Descolando finalmente seus pés da boca do agressor, Dafne sentiu que eles se enterravam na terra, transformando-se em sólidas e profundas raízes.
Apolo, ao ver que sua amada estava para sempre convertida numa árvore — um loureiro -, ainda tentou extrair do resto de seu antigo corpo um pouco do seu calor, abraçando-se ao tronco e procurando-lhe os lábios.
 Não encontrou a suavidade do antigo hálito da ninfa, mas apenas o odor discreto da resina.
Apolo, desconsolado, despediu-se levando consigo, como lembrança, algumas folhas, com as quais enfeitou sua lira.
 Enfeitou também a fronte com estas mesmas folhas, em homenagem a Dafne — a mulher que nunca foi nem jamais será sua.
Fonte: Templo de Apolo

NINFAS


 Ninfas – Qual a história mais trágica?



Calisto
ninfa calisto

Calisto, na mitologia grega, foi uma bela jovem, que deu origem à constelação da Ursa Maior.
 Arcas, seu filho, tornou-se rei da Pelásguia, que passou a se chamar Arcádia em sua honra.
Calisto era filha de Licaão, rei da Arcádia.
Calisto provocava ciúme em Hera, pois sua beleza cativara seu marido, Zeus. Hera então castigou-a transformando-a num urso.
Calisto, no entanto, tentava ao máximo lutar contra seu destino mantendo-se o mais ereta possível, tentando assim conquistar a piedade dos deuses.
 Mas a indiferença de Zeus a fazia crer ser este deus cruel, apesar de nada poder dizer, pois agora só sabia rugir.
Sua vida agora era de medo. 
Tinha medo dos caçadores que rodeavam sua antiga casa, pois tinha sido ela também uma caçadora. Temia as noites que passava sozinha.
 Temia as feras, mesmo que agora ela mesma fosse uma.
Um dia, no entanto, em uma de suas caminhadas pelo bosque, reconheceu seu filho, Arcas, agora um homem, um caçador. Calisto, mesmo assim, quis abraçá-lo e, ao aproximar-se, provocou o medo do filho que lhe ergueu a lança e, quando estava para deferir o golpe, Zeus, compadecido com o trágico acontecimento que estava por vir, afastou os dois colocando-os no céu.
 Calisto transformou-se na Ursa Maior e Arcas em Arctofilax, a Ursa Menor, o guardião da ursa.

Salmácis
salmácis e hermafrodito (ai não me toque, não gosto de mulher rsrsrs)

hermafrodito-salmacis


Hermafrodito era fruto de um romance adúltero entre Hermes e Afrodite, por isso ele foi criado pelas Ninfas das florestas da Frídia se tornando um jovem de extraordinária beleza.
 Ele não se interessava pelas mulheres, apenas queria viajar para conhecer o mundo e aventurar-se por terras desconhecidas.
Em uma de suas viagens parou para descansar à beira de um lago.
 A Ninfa Salmácis que reinava sobre aquelas águas apaixonou-se por ele e logo tendo-o visto, tentou seduzí-lo mas Hermafrodito não se deixou envolver pelos seus encantos.
 Sálmacis tentava obter o amor do rapaz por todos os meios, mas nada conseguia.
Remoída pelo despeito e consumida pelo desejo que cada dia se tornava mais intenso, Salmácis ficava de longe espiando entre as folhagens.
 Certo dia Hermafrodito resolveu se banhar nas águas.
 Quando Salmácis o viu dentro de seus domínios, despiu-se e entrou nas águas abraçando Hermafrodito.
 Aderindo ao corpo dele, ordenou às águas que os unisse para sempre e que jamais seus corpos se separassem.Imediatamente as águas se agitaram e começaram a girar em volta deles.
Embora Hermafrodito tentasse se afastar, uma atração além de suas forças fez com que seu corpo se aderisse cada vez mais ao corpo da Ninfa. 
Subitamente ele compreendeu a intensidade do amor que ela sentia, um amor que se infiltrava por sua pele e invadia seu organismo.
 Assim ele deixou que seu corpo se fundisse ao corpo de Sálmacis até que os dois se transformaram em um único ser.
O momento da fusão definitiva causou-lhe êxtase tomando-lhe os sentidos, sendo homem e mulher, participando de uma única natureza, em equilíbrio, perfeito e completo, em um só ser ao mesmo tempo sendo dois.
 E assim ordenou que todos aqueles que se banhassem naquele lago, poderiam se tornar macho e fêmea, em um só corpo.
 Porém os homens evitavam de banhar-se naquele lago temendo perder a sua virilidade.