segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DEUSA ASIS



Deusa Ísis

Eu concebi
Carreguei
E dei à luz a toda vida
Depois de dar-lhe todo meu amor
Dei-lhe também meu amado Osíris
Senhor da vegetação
Deus dos cereais
Para ser ceifado
E nascer outra vez
Cuidei de você na doença
Fiz suas roupas
Observei seus primeiros passos
Estive com você até mesmo no final
Segurando sua mão
Para guiá-lo para a imortalidade
Você para mim é TUDO
E eu lhe dei TUDO
E para você eu fui TUDO
Eu sou sua Grande-Mãe, ÍSIS.

Ísis foi cultuada e adorada em inúmeros lugares, no Egito, no Império Romano, na Grécia e na Alemanha. Quando seu amado Osíris foi assassinado e desmembrado pelo seu irmão Set, que espalhou seus pedaços por todo o Egito, Ísis procurou-os e os juntou novamente. Ela achou todos eles, menos seu órgão sexual, que substitui por um membro de ouro. Através de magia e das artes de cura, Osíris volta à vida. Em seguida, ela concebe seu filho solar Hórus.
Os egípcios ainda mantêm um festival conhecido como a Noite da Lágrima. Tal festival tem sido preservado pelos árabes como o festival junino de Lelat-al-Nuktah.
Ísis, deusa da lua, também é Mãe da Natureza. Ela nos diz que para este mundo continuar a existir tudo que é criado um dia precisa ser destruído. Ísis determina que não deva haver harmonia perpétua, com o bem sempre no ascendente. Ao contrário, deseja que sempre exista o conflito entre os poderes do crescimento e da destruição. O processa da vida, caminha sobre estes opostos. O que chamamos de "processo da vida", não é idêntico ao bem-estar da forma na qual a vida está neste momento manifesta, mas pertence ao reino espiritual no qual se baseia a manifestação material.
Com certeza, se a morte e a decadência não tivessem dotado de poderes tão grandes quanto às forças da criação, nosso mundo inteiro já teria alcançado o estado de estagnação. Se tudo permanecesse para sempre como foi primeiramente feito todas as capacidades de "fazer" teriam sido esgotadas há séculos. A vida hoje estaria hoje totalmente paralisada. E, assim, inesperadamente, o excesso de bem, acabaria em seu oposto e tornar-se-ia excesso de mal.
Ísis, tanto na forma da natureza, como na forma de Lua, tinha dois aspectos. Era criadora, mãe, enfermeira de todos e também destruidora.
O nome Ísis significa "Antiga" e era também chamada de "Maat", a sabedoria antiga. Isto corresponde à sabedoria das coisas como são e como foram, a capacidade inata inerente, de seguir a natureza das coisas, tanto na forma presente como em seu desenvolvimento inevitável, uma relação à outra.
ÍSIS E OSÍRIS
(por Plutarco)

No Egito, assim como na Babilônia, o culto da lua precedeu o do sol. Osíris, deus da lua, e Ísis, a deusa da lua, irmã e esposa de Osíris, a mãe de Hórus, o jovem deus da lua, aparecem nos textos religiosos antes da quinta dinastia (+ ou - a 3000 da era cristã).
É difícil fazer um estudo conciso sobre o significado do culto de Ísis e Osíris, pois, durante muitos séculos nos quais esta religião floresceu, aconteceram mudanças na compreensão dos homens em relação a ele. 
Nos primeiros registros, Osíris, parece ser um espírito da natureza, concebido como o Nilo ou como a lua, o qual se pensava, controlava as enchentes periódicas do rio. Era o deus da umidade, da fertilidade e da agricultura. Durante o período da lua minguante, Sey, seu irmão e inimigo, um demônio de um vermelho fulvo incandescente, devorava-o. Dizia-se que Set tinha se unido a uma rainha etíope negra para ajudá-lo na sua revolta contra Osíris, provavelmente uma alusão à seca e ao calor, que periodicamente vinham do Sudão, assolavam e destruíam as colheitas da região do Nilo.
Set era o Senhor do Submundo, no sentido de Tártaro e não de Hades, usando-se termos gregos. Hades era o lugar onde as sombras dos mortos aguardavam a ressurreição, correspondendo, talvez, à ideia católica do purgatório. Osíris era o deus do Submundo neste sentido, Tártaro é o inferno dos condenados, e era deste mundo que Set era o Senhor.
Nas primeiras formas do mito, Osíris era a lua e Ísis a natureza, Urikitu, a Verde da história Caldéia. Mas, posteriormente, ela tornou-se a lua-irmã, mãe e esposa do deus da lua. É neste ciclo que este mito primitivo da natureza começou a tomar um significado religioso mais profundo. Os homens começaram a ver na história de Osíris, que morreu e foi para o submundo, sendo depois restituído à vida pelo poder de Ísis, uma parábola da vida interior do homem que iria transcender a vida do corpo na terra.
Os egípcios eram um povo de mente muito concreta, e concebiam que a imortalidade poderia ser atingida através do poder de Osíris de maneira completamente materialista. Era por essa razão que conservavam os corpos daqueles que tinham sido levados para Osíris, através da iniciação, como conta o "Livro dos Mortos"; com efeito, acreditavam que, enquanto o corpo físico persistisse, a alma, ou Ka, também teria um corpo no qual poderia viver na Terra-dos-bem-aventurados, como Osíris que, no texto de uma pirâmide  da quinta dinastia, é chamado de "Chefe daqueles que estão no Oeste", isto é, no outro mundo.
Ísis e Osíris eram irmãos gêmeos, que mantinham relações sexuais ainda no ventre da mãe e desta união nasceu o Hórus-mais-velho. No Egito, nesta época, era hábito entre os faraós e as divindades a celebração de núpcias entre irmãos, para não contaminar o sangue.
A história continua contando que quando Osíris tornou-se rei, livrou os egípcios de uma existência muito primitiva. Ensinou-lhes a agricultura e a feitura do vinho, formulou leis e instruiu como honrar seus deuses. Depois partir para uma viagem por todo o país, educando o povo e encantando-o com sua persuasão e razão, com a música, e "toda a arte que as mesas oferecem".
Enquanto ele estava longe sua esposa Ísis governou, e tudo correu bem, mas tão logo ele retornou, Set, que simbolizava o calor do deserto e da luxúria desenfreada, forjou um plano para apanhar Osíris e afastá-lo. Confeccionou um barril do tamanho de Osíris. Então convidou todos os deuses para uma grande festa, tendo escondido seus setenta e dois seguidores por perto. Durante a festividade, mostrou seu barril que foi admirado por todos. Prometeu dá-lo de presente àquele que coubesse nele. Então todos entraram nele, mas ele se ajustou somente a Osíris. Neste momento, os homens escondidos apareceram e, rapidamente lacraram a tampa do barril. Levaram-no e jogaram no rio Nilo. Ele boiou para longe e alcançou o mar pela "passagem que é conhecida por um nome abominável".
Este evento ocorreu no décimo sétimo dia de Hator, isto é, novembro, no décimo oitavo ano de reinado de Osíris. Ele viveu e reinou por um ciclo de vinte e oito períodos ou dias, porque ele era a lua, cujo ciclo completa-se a cada vinte e oito dias.
Quando Ísis foi sabedora dos acontecimentos fatídicos, cortou uma mecha de seu cabelo e vestiu roupas de luto e vagou por todos os lugares, chorando e procurando pelo barril. Foi seu cachorro Anúbis, que era filho de Neftis e Osíris, que a levou até o lugar onde o caixão tinha parado na praia, no país de Biblos. Ele havia ficado perto de uma moita de urzes, que cresceram tanto com sua presença, que se tornou uma árvore que envolveu o barril. O rei daquele país mandou cortar a tal árvore e de seu tronco fez uma viga para a cumeeira de seu palácio, sem sequer imaginar que o mesmo continha o barril.
Ísis para reaver seu marido, fez amizade com as damas de companhia da rainha daquele país e acabou como enfermeira do príncipe. Ísis criou o menino dando-lhe o dedo ao invés de seu peito para mamar.
Os nomes do rei e da rainha são: Malec e Astarté, ou Istar. Bem sugestivo, pois nos faz ver que Ísis teve que recuperar o corpo de Osíris de sua predecessora da Arábia.
Acabou tendo que se revelar para a rainha e implorou pelo tronco da árvore que continha o corpo de Osíris. Ísis retirou o barril da árvore e levou-o consigo em sua barcaça de volta para casa.  Ao chegar, escondeu o caixão e foi procurar seu filho Hórus, para ajudá-la  a trazer Osíris de volta à vida.
Set que havia saído para caçar com seus cachorros, encontra o barril. Abriu-o e cortou o corpo de Osíris em catorze pedaços espalhando-os. Aqui temos a fragmentação, os catorze pedaços que obviamente referem-se aos catorze dias da lua.
Ísis soube do ocorrido e saiu à procura das partes do corpo. Viajou para longe em sua barcaça e onde quer que achasse uma das partes fazia um santuário naquele lugar. Conseguiu reunir treze das peças unindo-as por mágica, mas faltava o falo. Então fez uma imagem desta parte e "consagrou o falo, em honra do qual os egípcios ainda hoje conservam uma festa chamada de ”Faloforia“, que significa carregar o falo.
Ísis concebeu por meio dessa imagem e gerou uma criança, o Hórus-mais-jovem.
Osíris surgiu do submundo e apareceu para o Hórus-mais-velho. Treinou-o então para vingar-se de Set. A luta foi longa, mas finalmente Hórus trouxe Set amarrado para sua mãe.
Este é o resumo do mito.
Os cerimoniais do Egito eram relacionados com esses acontecimentos. A morte de Osíris, interpretada todos os anos, bem como as perambulações de Ísis e suas lamentações, tinham um papel conspícuo. Os mistérios finais de sua ressurreição e a demonstração pública, em procissão, do emblema de seu poder, a imagem do falo, completavam o ritual. Era uma religião na qual a participação emocional da tristeza e alegria de Ísis tinha lugar proeminente. Posteriormente, tornou-se de fato uma das religiões nas quais a redenção era atingida através do êxtase emocional pelo qual o adorador sentia-se um com deus.
É pelo poder de Ísis, através de seu amor, que o homem afogado na luxúria e na paixão, eleva-se a uma vida espiritual. Ísis, antes de tudo, é provedora da vida. Comumente é representada amamentando seu filho Hórus, pois ela é a mãe que nutri e alimenta tudo que gera. Ísis com seu bebê no colo acabou transformada na virgem maria com o menino jesus.
Embora Isis fosse considerada como mãe universal ela era venerada como protetora das mulheres em particular. Sendo aquela que dá a vida, que presidia sobre vida e morte, ela era protetora das mulheres durante o parto e confortava aquelas que perdiam seus entes queridos. Em Ísis, as mulheres encontravam o apoio e a inspiração para prosseguirem com suas vidas. Ísis proclamava ser, em hinos antigos, a deusa das mulheres e dotava suas seguidoras de poderes iguais aos do homem.
Esta deusa é também frequentemente representada como uma deusa negra. Este fato está diretamente associado ao período de luto de Ísis (morte de Osíris), quando ela vestia-se de preto ou ela própria era preta.
As estátuas pretas de Ísis tinham também outro sentido. Plutarco declara que "suas estátuas com chifres são representações da Lua Crescente, enquanto que as estátuas com roupa preta significavam as ocultações e as obscuridades nas quais ela segue o Sol (Osíris), almejando por ele. Consequentemente, invocam a Lua para casos de amor e Eudoxo diz que Ísis é quem os decide".
No Solstício de Inverno, a deusa, na forma de vaca dourada, coberta por um traje negro, era carregada sete vezes em torno do Santuário de Osíris morto, representando as perambulações de Ísis, que viajou através do mundo pranteando sua morte e procurando pelas partes espalhadas de seu corpo. Este ritual era um procedimento mágico, que tencionava prevenir que a seca invadisse as regiões férteis do Nilo, pois a ressurreição de Osíris era, naquela época, um símbolo da enchente anual do Nilo, da qual a fertilidade da terra dependia.
ÍSIS E HÓRUS
Muita conhecida de todos os nós é a história de Hórus, o filho de Ísis, a deusa do Egito, tanto quanto os também tão estimados e conhecidos Maria e o menino Jesus no cristianismo. Entretanto, existem algumas diferenças entre os dois: a Ísis é adorada como uma divindade maternal muito antiga. Algumas vezes é representada com um disco do sol (ou lua) na cabeça, flanqueada à direita e à esquerda por dois chifres de vaca. A vaca era e é por seu úbere dispensador de leite o animal-mãe, usado em muitas culturas como símbolo materno. Outra diferença fundamental entre Ísis e Maria é também o fato de Ísis ter sido venerada como a grande amada. Ainda no ventre materno ela se casou com seu irmão gêmeo Osíris, que ela amava acima de tudo.
Nos rituais antigos egípcios, executados para obter a ressurreição, o olho de Hórus tinha papel muito importante e era usado para animar o corpo do morto cujos membros tinham sido reunidos.  Hórus, filho e herdeiro por excelência, é invocado também, para que impeça a ação do répteis que estão no céu, na terra e na água, os leões do deserto, os crocodilos do rio.
Protetor da realeza, Hórus desempenha ainda, o papel capital do deus da cura. A magia de Hórus desvia as flechas do arco, apazigua a cólera do coração do ser angustiado.
Ísis era invocada nas antigas escrituras como à senhora da cura, restauradora da vida e fonte de ervas curativas. Ela era venerada como à senhora das palavras de poder, cujos encantamentos faziam desaparecer as doenças.
À noção de magia liga-se também, imediatamente ao nome de Ísis, que conhece o nome secreto do deus supremo. Ísis dispõe do poder mágico que Geb, o deus da Terra, lhe ofereceu para poder proteger o filho Hórus. Ela pode fechar a boca de cada serpente, afastar do filho qualquer leão do deserto, todos os crocodilos do rio, qualquer réptil que morda. Ela pode desviar o efeito do veneno, pode fazer recuar o seu fogo destruidor por meio da palavra, fornecer ar a quem dele necessite. Os humores malignos que perturbam o corpo humano obedecem a Ísis. Qualquer pessoa picada, mordida, agredida, apela a Ísis, a da boca hábil, identificando com Hórus, que chama a mãe em seu socorro. Ela virá, fará gestos mágicos, mostrar-se-á tranquilizadora ao cuidar do filho. Nada de grave irá lesar o filho da grande deusa.
Ísis aparece em na nossa vida para dizer que é hora de meditar. Você tem desperdiçado sua energia maternal sem guardar um pouco para si mesma? Sua mãe lhe deu todo o amor que você precisou? Pois agora é tempo de você se dar "um colo" para curar as mágoas do passado. Todos nós precisamos de cuidados maternos, independente de sermos donzela, mãe ou mulher madura.
O VÉU DE ÍSIS
O traje de Ísis só era obtido através da iniciação, era multicolorido e usado em muitos cerimoniais religiosos.
O véu multicolorido de Ísis é o mesmo véu de Maias, que nos é familiar no pensamento hindu. Ele representa a forma sempre mutante da natureza, cuja beleza e tragédia ocultam o espírito aos nosso olhos. A ideia é a de que o Espírito Criativo vestia-se de formas materiais de grande divindade e que todo o universo que conhecemos era feito daquela maneira, como a manifestação do Espírito do Criador.
Plutarco expressa essa ideia quando diz: "Pois Ísis é o princípio feminino da natureza e aquela que é capaz de receber a inteireza da gênese; em virtude disso ela tem sido chamada de enfermeira e a que tudo recebe por Platão e, pelo multidão, a dos dez mil nomes, por ser transformada pela Razão e receber todas as formas e ideias".
Um hino dirigido a Ísis-Net exprime essa mesma ideia de véu da natureza que esconde a verdade do mistério dos olhos humanos. Net era uma forma de Ísis, e era considerada como Mãe-de-todos, sendo de natureza tanto masculina como feminina. O texto em que esse hino está registrado data de cerca de 550 a.C., mas é provavelmente muito mais antigo.
Salve, grande mãe, não foi descoberto teu nascimento!
Salve, grande deusa, dentro do submundo que é duplamente escondido, tu, a desconhecida!
Salve, grande divina, não foste aberta!
Ó abre teu traje.
Salve, coberta, nada nos é dado como acesso a ela.
Venha receber a alma de Osíris, protege-adentro de tuas duas mãos.
O véu de Ísis tem também significados derivados. Diz-se que o ser vivo é pego na teia ou véu de Ísis, significando que no nascimento o espírito, a centelha divina, que está em todos nós é preso ou incorporado na carne. Significa dizer, que todos nós ficamos emaranhados ou presos na teia da natureza. Essa teia é a trama do destino ou circunstâncias. É inevitável que devamos ser presos pelo destino, mas frequentemente consideramos este enredamento como infortúnio e queremos nos libertar dele. Se aceitarmos esta situação de o ser vivo estar preso à teia de Ísis, acabaremos  encarando a trama de nossa vida de maneira diferente, pois é somente deste modo que o espírito divino pode ser resgatado. Se não fosse aprisionado desta forma, vagaria livremente e nunca teria oportunidade de transformar-se. Portanto, o espírito do homem precisa estar preso à rede de Ísis, caso contrário, não poderá ser levado em seu barco para a próxima fase de experiência. 
DANÇA DOS SETE VÉUS
A Dança dos Sete Véus tem sua origem em tempos remotos, onde as sacerdotisas dançavam no templo de Ísis. É uma dança forte, bela e enigmática. Ela também reverencia a vida, os elementos da natureza, imita os passos dos animais e das divindades numa total integração com o universo. O coração da bailarina é tão leve quanto à pluma da Deusa Maat e é exatamente por isso que os véus são necessários, pois é deles que os deuses se servem para sutilizar o corpo da mulher. Os véus de Ísis, ao serem retirados, nos transmitem ensinamentos. Quando a bailarina usa dois véus, ao retirá-los nos diz que o corpo e espírito devem estar harmonizados. A Dança do Templo, que é usado três véus, homenageia a Trindade dos deuses do Antigo Egito: Ísis, Osíris e Hórus. A Dança do Palácio, com quatro véus representa a busca da segurança e estabilidade e ao retirá-los a bailarina nos demonstra o quanto nos é benéfico o desapego das coisas materiais. Na Dança dos Sete Véus, cada véu corresponde a um grau de iniciação.
Os sete véus representam os sete chakras em equilíbrio e harmonia, sete cores e sete planetas. Cada planeta possui qualidades e defeitos que influenciam no temperamento das pessoas e a retirada de cada véu representa a dissolução dos aspectos mais nefastos e a exaltação de suas qualidades.
Significado das cores:
Vermelho: libertação das paixões e vitória do amor.
Laranja: libertação da raiva e dos sentimentos de ira
Amarelo: libertação da ambição e do materialismo.
Verde: saúde e equilíbrio do corpo físico.
Azul: encontro da serenidade.
Lilás: transmutação da alma, libertação da negatividade.
Branco: pureza, encontro da Luz. 
Toda mulher deixa transbordar seu essência através da dança. Todas aquelas emoções reprimidas, sentimentos esquecidos, afloram. Toda e qualquer mulher que consegue penetrar nos mistérios e ensinamentos dessa prática, se revelará de forma pura e sublime e alcançará o êxtase ao dançar.
Dançar é minha prece mais pura.
Momento em que meu corpo vislumbra o divino,
Em que meus pés tocam o real.
Religiosidade despida de exageros,
Desejo lascivo, bordado de plenitude.
Através de meus movimentos posso chegar ao inatingível.
Posso sentir por todos os corpos,
Abraçar com todo
o coração,
E amar com os olhos.
Cada gesto significativo desenha no espaço o infinito,
Pairando no ar, compreensão e admiração.
Iniciar uma prece é como abrir uma porta
Um convite a você, para entrar em meu universo.
O mágico contorna minha silhueta, ao mesmo tempo.
Que lhe toco sem tocar.
Nada a observar, só a participar.
Esta prece ausente de palavras.
É codificada pela alma.
E faz-nos interagir, de maneira sublime e hipnótica.
Quando eu terminar esta dança,
Estarei certa de que não seremos os mesmos.




18/10/2011


Deusa Ísis

isis-and-osiris
Ísis foi uma deusa da mitologia egípcia, cuja adoração se estendeu por todas as partes do mundo greco-romano. Foi cultuada como modelo da mãe e da esposa ideais, protetora da natureza e da magia.
Era a amiga dos escravos, pecadores, artesãos, oprimidos, assim como a que escutava as preces dos opulentos, das donzelas, aristocratas e governantes. Ísis é a deusa da maternidade e da fertilidade. Os primeiros registros escritos acerca de sua adoração surgem pouco depois de 2500 a.C., durante a V dinastia egípcia.
A deusa Ísis, mãe de Hórus, foi a primeira filha de Geb, o deus da Terra, e de Nut, a deusa do Firmamento, e nasceu no quarto dia intercalar. Durante algum tempo Ísis e Hator ostentaram a mesma cobertura para a cabeça. Em mitos posteriores sobre Ísis, ela teve um irmão, Osíris, que veio a tornar-se seu marido, tendo se afirmado que ela havia concebido Hórus. Ísis contribuiu para a ressurreição de Osíris quando ele foi assassinado por Seth. As suas habilidades mágicas devolveram a vida a Osíris após ela ter reunido as diferentes partes do corpo dele que tinham sido despedaçadas e espalhadas sobre a Terra por Seth, este mito veio a tornar-se muito importante nas crenças religiosas egípcias. Ísis também foi conhecida como a deusa da simplicidade, protetora dos mortos e deusa das crianças de quem "todos os começos" surgiram, e foi a Senhora dos eventos mágicos e da natureza. Em mitos posteriores, os antigos egípcios acreditaram que as cheias anuais do rio Nilo ocorriam por causa das suas lágrimas de tristeza pela morte de seu marido, Osíris. Esse evento, da morte de Osíris e seu renascimento, foi revivido anualmente em rituais. Consequentemente, a adoração a Ísis estendeu-se a todas as partes do mundo greco-romano, perdurando até à supressão do paganismo na Era Cristã.
casal
fonte do texto e das fotos: http://www.luzemhisterio.com.br

20/08/2011


Ísis e os Navegantes.

 
Ísis era a mais ilustre das deusas do Egito Antigo. No início, era o símbolo perfeito do lar, por sua fidelidade e devotamento. Mas de acordo com o mito, a Deusa roubou o nome secreto do Deus Supremo, Re. Com isso, o poder de Ísis se estendeu sobre o universo, como o poder divino.
Ela era adorada como a Deusa Suprema e Universal tanto no Oriente Médio, quanto na Grécia e em Roma, assim como em toda a bacia do Mediterrâneo.
"Os píncaros luminosos do céu, os sopros salutares do mar, os silêncios desolados dos infernos, sou eu (Ísis) quem tudo governa segundo a minha vontade".
Os marinheiros e navegantes do Egito costumavam pedir à Ísis orientação em suas viagens para que não sofressem naufrágios e conseguissem atravessar tempestades em alto mar, caso fossem pegos por uma.
Então, hoje era o dia em que eles agradeciam à Deusa a ajuda prestada.
Se você estiver precisando de uma orientação sobre que rumo dar a sua vida ou a um determinado projeto, peça à Ísis para lhe ajudar.
Acenda um incenso de lótus ou de mirra e mentalize seu pedido sendo realizado.
texto e fonte: Agenda Esotérica

12/08/2011


Ísis e as Asas de Falcão

 
No Antigo Egito, Ísis era a deusa mais importante.
Representava o papel principal no Panteão. É predecessora de Afrodite e de Vênus.
Ísis personifica tudo o que se projeta da mulher amada. A amante divina, a mãe abnegada, a protetora de todas as crianças.
Esta Deusa nasceu da união do Céu (Nut) com a Terra (Geb). Podia se transformar num falcão com asas que tinham o poder de ressuscitar mortos. De insuflar vida nos homens apenas com o bater de suas asas consideradas divinas.
Ela era a representação da divindade universal.
Em alguns retratos da Antiguidade, Ísis tinha um disco solar e dois chifres na cabeça.
O nome Ísis significa "trono". Quase sempre a vemos sentada num trono. Em outras representações, carrega o filho nos braços e, quase sempre, segura a Cruz Ansada em uma das mãos.
Ísis também era considerada uma feiticeira. Possuía conhecimento e sabedoria das artes mágicas com as quais fazia encantamentos positivos. Conseguia recuperar a vida de pessoas já falecidas.
Hoje, seu poder não ressuscita mais ninguém. No entanto, sugere-se que ela retira karmas das pessoas. Ela seria então capaz de anular as determinações estabelecidas pelo destino.
Acenda um incenso e se concentre na história dessa Deusa e na sua figura mitológica. Peça a ela para ajudá-lo a se libertar dos possíveis Karmas negativos. Procure emanar energias positivas e de amor ao Cosmo com o intuito de alcançar a misericórdia Divina.
texto e fonte: Agenda Esotérica

11/06/2011


Prece para o Despertar de Ísis

Aos poucos estou mostrando o que vim fazer por aqui. Já falei das lindas Borboletas, e agora quero postar um rito em homenagem à minha amada Deusa Ísis. Amo esta linda e abençoada Deusa dos dez mil nomes, pois todas são Ísis.
É claro que Ísis não precisa ser despertada, pois é uma Deusa sempre vigilante.
As preces e orações servem de conexão entre nós Sacerdotisas com a nossa Deusa amada, e também para despertar espiritualmente seus Templos. Esta prece simboliza o sorriso de Ísis e o brilho cor-de-rosa que precede o nascer do Sol dando as boas vindas ao novo dia. As flores da manhã se abrem aos toques dos dedos de Ísis...
Este rito pode ser entoado em qualquer local, sob quaisquer condições. Também pode ser usado a qualquer tempo, quando você precisar despertar para a presença do divino.
"PRECE PARA O DESPERTAR DE ÍSIS"
Despertai, despertai, despertai
Despertai em Paz
Senhora da Paz
Levantai em Paz
Levantai em beleza,
Deusa da Vida
Bela no paraíso,
O céu está em Paz
A terra está em Paz
Oh Deusa
Filha de Nut,
Filha de Geb,
Amada de Osíris,
Deusa rica em nomes!
Todo louvor à Vós
Todo louvor à Vós,
Eu vos adoro
Eu vos adoro
Senhora Ísis.

08/06/2011


Deusa Ísis

(acredito que o texto seja da Rosane Volpatto. Figuras internet)
Eu concebi carreguei e dei à luz a toda vida
Depois de dar-lhe todo meu amor
Dei-lhe também meu amado Osíris
Senhor da vegetação
Deus dos cereais para ser ceifado e nascer outra vez
Cuidei de você na doença fiz suas roupas observei seus primeiros passos
Estive com você até mesmo no final segurando sua mão para guiá-lo para a imortalidade
Você para mim é TUDO
E eu lhe dei TUDO
E para você eu fui TUDO
Eu sou sua Grande-Mãe, ÍSIS
Nossa amada Deusa Ísis foi cultuada e adorada em inúmeros lugares, no Egito, no Império Romano, na Grécia e na Alemanha. Quando seu amado Osíris foi assassinado e desmembrado pelo seu irmão Set, que espalhou seus pedaços por todo o Egito, Ísis procurou-os e os juntou novamente. Ela achou todos eles, menos
seu órgãos sexual, que substitui por um membro de ouro. Através de magia e das artes de cura, Osíris volta à vida. Em seguida, ela concebe seu filho solar Hórus.
Os egípcios ainda mantêm um festival conhecido como a Noite da Lágrima. Tal festival tem sido preservado pelos árabes como o festival junino de Lelat-al-Nuktah.
ÍSIS, DO MITO À HISTÓRIA
No começo só existia o grande, imóvel e infinito mar universal, sem vida e em absoluto silêncio. Não havia nem alturas, nem abismos, nem princípio, nem fim, nem leste, nem oeste, nem norte e nem sul. Das primeiras sombras se desprenderam as trevas e apareceu o caos. Desse ilimitado e sombrio universo surgiu a vida e, com ela, a estirpe dos Deuses.
Conta a mitologia solar que o criador de tudo foi Atum, o Pai dos Pais. A partir do momento que Atum toma consciência de si mesmo, ele tornou-se Rá.
Em sua infinita sabedoria, o Deus consciente, desejou e materializou uma separação entre si mesmo e as águas primordiais, desejando emergir a primeira terra seca em forma de colina a que os egípcios chamaram a "colina benben".
Então Atum criou os outros Deuses. Recolheu seu próprio sêmen na mão, e engolindo-o se fecundou a si mesmo. Vomitou, dando vida a Shu e Tefnut, o ar seco e o ar úmido.
ÍSIS E O NOME SECRETO DE RÁ
O Deus Sol Rá tinha tantos nomes que inclusive os Deuses não conheciam todos. Um dia, a Deusa Ísis, Senhora da Magia, se pôs a aprender o nome de todas as coisas, para tornar-se tão importante como o Deus Rá.
Depois de muitos anos, o único nome que Ísis não sabia era o nome secreto de Rá, assim decidiu enganá-lo para descobrir.
A cada dia, enquanto voava pelo céu, Rá envelhecia e até já começava a babar. Ísis recolheu sua baba e modelando-a com terra, deu forma a uma serpente, que depois colocou no caminho de Rá. Esse foi mordido e caiu ao solo agonizante. Ísis disse ao Deus que poderia curá-lo, desde que ele lhe revelasse seu nome secreto. Ele se negou, porém ao notar que o veneno da cobra era potente suficientemente para matá-lo, não teve outra opção a não ser revelá-lo. Com esse conhecimento secreto, Ísis pode apropriar-se de parte do poder de Rá.
ARQUÉTIPO DA MÃE-NATUREZA
Íris, deusa da lua, também é Mãe da Natureza. Ela nos diz que para este mundo continuar a existir tudo que é criado um dia precisa ser destruído. Ísis determina que não deve haver harmonia perpétua, com o bem sempre no ascendente. Ao contrário, deseja que sempre exista o conflito entre os poderes do crescimento e da destruição. O processa da vida, caminha sobre estes opostos. O que chamamos de "processo da vida", não é idêntico ao bem-estar da forma na qual a vida está neste momento manifesta, mas pertence ao reino espiritual no qual se baseia a manifestação material.
Com certeza, se a morte e a decadência não tivessem dotados de poderes tão grandes quanto as forças da criação, nosso mundo inteiro já teria alcançado o estado de estagnação. Se tudo permanecesse para sempre como foi primeiramente feito, todas as capacidades de "fazer" teriam sido esgotadas há séculos. A vida hoje estaria hoje totalmente paralisada. E, assim, inesperadamente, o excesso de bem, acabaria em seu oposto e tornar-se-ia excesso de mal.
Ísis, tanto na forma da natureza, como na forma de Lua, tinha dois aspectos. Era criadora, mãe, enfermeira de todos e também destruidora.
O nome Ísis, significa "Antiga" e era também chamada de "Maat", a sabedoria antiga. Isto corresponde a sabedoria das coisas como são e como foram, a capacidade inata inerente, de seguir a natureza das coisas, tanto na forma presente como em seu desenvolvimento inevitável, uma relação à outra.
ÍSIS E OSÍRIS (segundo Plutarco)
No Egito, assim como na Babilônia, o culto da lua precedeu o do sol. Osíris, Deus da lua, e Ísis, a Deusa da lua, irmã e esposa de Osíris, a mãe de Hórus, o jovem Deus da lua, aparecem nos textos religiosos antes da quinta dinastia (cerca de 3.000 a. C.).
É difícil fazer um estudo conciso sobre o significado do culto de Ísis e Osíris, pois, durante muitos séculos nos quais esta religião floresceu, aconteceram mudanças na compreensão dos homens em relação a ele.
Nos primeiros registros, Osíris, parece ser um espírito da natureza, concebido como o Nilo ou como a lua, o qual, pensava-se, controlava as enchentes periódicas do rio. Era o Deus da umidade, da fertilidade e da agricultura. Durante o período da lua minguante, Seth, seu irmão e inimigo, um demônio de um vermelho fulvo incandescente, devorava-o. Dizia-se que Seth tinha se unido a uma rainha etíope negra para ajudá-lo na sua revolta contra Osíris, provavelmente uma alusão à seca e ao calor, que periodicamente vinham do Sudão, assolavam e destruíam as colheitas da região do Nilo.
Seth era o Senhor do Submundo, no sentido de Tártaro e não de Hades, usando-se termos gregos. Hades era o lugar onde as sombras dos mortos aguardavam a ressureição, correspondendo, talvez, à ideia católica do purgatório. Osíris era o Deus do Submundo neste sentido, Tártaro é o inferno dos condenados, e era deste mundo que Seth era o Senhor.
Nas primeiras formas do mito, Osíris era a lua e Ísis a natureza, Urikitu, a Verde da história Caldéia. Mas, posteriormente, ela tornou-se a lua-irmã, mãe e esposa do Deus da lua. É neste ciclo que este mito primitivo da natureza começou a tomar um significado religioso mais profundo. Os homens começaram a ver na história de Osíris, que morreu e foi para o submundo, sendo depois restituído à vida pelo poder de Ísis, uma parábola da vida interior do homem que iria transcender a vida do corpo na terra.
Os egípcios eram um povo de mente muito concreta, e concebiam que a imortalidade poderia ser atingida através do poder de Osíris de maneira completamente materialista. Era por essa razão que conservavam os corpos daqueles que tinham sido levados para Osíris, através da iniciação, como conta o "Livro dos Mortos"; com efeito, acreditavam que, enquanto o corpo físico persistisse, a alma, ou Ka, também teria um corpo no qual poderia viver na Terra-dos-bem-aventurados, como Osíris que, no texto de uma pirâmide da quinta dinastia, é chamado de "Chefe daqueles que estão no Oeste", isto é, no outro mundo.
Ísis e Osíris eram irmãos gêmeos, que mantinham relações sexuais ainda no ventre da mãe e desta união nasceu o Hórus-mais-velho. No Egito, nesta época, era hábito entre os faraós e as divindades a celebração de núpcias entre irmãos, para não contaminar o sangue.
A história continua contando que quando Osíris tornou-se rei, livrou os egípcios de uma existência muito primitiva. Ensinou-lhes a agricultura e a feitura do vinho, formulou leis e instruiu como honrar seus deuses. Depois partiu para uma viagem por todo o país, educando o povo e encantando-o com sua persuasão e razão, com a música, e "toda a arte que as mesas oferecem".
Enquanto ele estava longe sua esposa Ísis governou, e tudo correu bem, mas tão logo ele retornou, Seth, que simbolizava o calor do deserto e da luxúria desenfreada, forjou um plano para apanhar Osíris e afastá-lo. Confeccionou um barril do tamanho de Osíris. Então convidou todos os Deuses para uma grande festa, tendo escondido seus setenta e dois seguidores por perto. Durante a festividade, mostrou seu barril que foi admirado por todos. Prometeu dá-lo de presente àquele que coubesse nele. Então todos entraram nele por sua vez, mas ele se ajustou somente a Osíris. Neste momento, os homens escondidos apareceram e, rapidamente lacraram a tampa do barril. Levaram-o e jogaram no rio Nilo. Ele boiou para longe e alcançou o mar pela "passagem que é conhecida por um nome abominável".
Este evento ocorreu no décimo sétimo dia de Hator, isto é, novembro, no décimo oitavo ano de reinado de Osíris. Ele viveu e reinou por um ciclo de vinte e oito períodos ou dias, porque ele era a lua, cujo ciclo completa-se a cada vinte e oito dias.
Quando Ísis foi sabedora dos acontecimentos fatídicos, cortou uma mecha de seu cabelo e vestiu roupas de luto e vagou por todos os lugares, chorando e procurando pelo barril. Foi seu cachorro Anúbis, que era filho de Néftis e Osíris, que levou-a até o lugar onde o caixão tinha parado na praia, no país de Biblos. Ele havia ficado perto de uma moita de urzes, que cresceram tanto com sua presença, que tornou-se uma árvore que envolveu o barril. O rei daquele país mandou cortar a tal árvore e de seu tronco fez uma viga para a cumeeira de seu palácio, sem sequer imaginar que o mesmo continha o barril.
Ísis para reaver seu marido, fez amizade com as damas de companhia da rainha daquele país e acabou como enfermeira do príncipe. Ísis criou o menino dando-lhe o dedo ao invés de seu peito para mamar.
Os nomes do rei e da rainha são: Malec e Astarte, ou Istar. Bem sugestivo, pois nos faz ver que Ísis teve que recuperar o corpo de Osíris de sua predecessora da Arábia.
Acabou tendo que revelar-se para a rainha e implorou pelo tronco da árvore que continha o corpo de Osíris. Ísis retirou o barril da árvore e levou-o consigo em sua barcaça de volta para casa. Ao chegar, escondeu o caixão e foi procurar seu filho Hórus, para ajudá-la a trazer Osíris de volta à vida.
Seth que havia saído para caçar com seus cachorros, encontra o barril. Abriu-o e cortou o corpo de Osíris em catorze pedaços espalhando-os. Aqui temos a fragmentação, os catorze pedaços que obviamente referem-se aos catorze dias da lua.
Ísis soube do ocorrido e saiu à procura das partes do corpo. Viajou para longe em sua barcaça e onde quer que achasse uma das partes fazia um santuário naquele lugar. Conseguiu reunir treze das peças unindo-as por mágica, mas faltava o falo. Então fez uma imagem desta parte e "consagrou o falo, em honra do qual os egípcios ainda hoje conservam uma festa chamada de "Faloforia", que significa "carregar o falo".
Ísis concebeu por meio dessa imagem e gerou uma criança, o Hórus-mais-jovem.
Osíris surgiu do submundo e apareceu para o Hórus-mais-velho. Treinou-o então para vingar-se de Seth. A luta foi longa, mas finalmente Hórus trouxe Seth amarrado para sua mãe.
Este é o resumo do mito.
Os cerimoniais do Egito eram relacionados com esses acontecimentos. A morte de Osíris, interpretada todos os anos, bem como as perambulações de Ísis e suas lamentações, tinham um papel conspícuo. O mistério final de sua ressureição e a demonstração pública, em procissão, do emblema de seu poder, a imagem do falo, completavam o ritual. Era uma religião na qual a participação emocional da tristeza e alegria de Ísis tinha lugar proeminente. Posteriormente, tornou-se de fato uma das religiões nas quais a redenção era atingida através do êxtase emocional pelo qual o adorador sentia-se um com Deus.
ARQUÉTIPO DA PROVEDORA DA VIDA
E pelo poder de Isis, através de seu amor, que o homem afogado na luxúria e na paixão, eleva-se a uma vida espiritual. Ísis, antes de tudo, é provedora da vida. Comumente é representada amamentando seu filho Hórus,
pois ela é a mãe que nutri e alimenta tudo que gera. Ísis com seu bebê no colo, acabou transformada na
Virgem Maria com o menino Jesus.
Embora Isis fosse considerada como mãe universal ela era venerada como protetora das mulheres em particular. Sendo aquela que dá a vida, que presidia sobre vida e morte, ela era protetora das mulheres durante o parto e confortava aquelas que perdiam seus entes queridos. Em Ísis, as mulheres encontravam o apoio e a inspiração para prosseguirem com suas vidas. Ísis proclamava ser, em hinos antigos, a deusa das mulheres e dotava suas seguidoras de poderes iguais aos do homem.
Esta deusa é também frequentemente representada como uma deusa negra. Este fato está diretamente associado ao período de luto de Íris (morte de Osíris), quando ela vestia-se de preto ou ela própria era preta.
As estátuas pretas de Ísis tinham também um outro sentido. Plutarco declara que "suas estátuas com chifres são representações da Lua Crescente, enquanto que as estátuas com roupa preta significavam as ocultações e as obscuridades nas quais ela segue o Sol (Osíris), almejando por ele. Consequentemente, invocam a Lua para casos de amor e Eudoxo diz que Ísis é quem os decide".
No Solstício de Inverno, a deusa, na forma de vaca dourada, coberta por um traje negro, era carregada sete vezes em torno do Santuário de Osíris morto, representando as perambulações de Ísis, que viajou através do mundo pranteando sua morte e procurando pelas partes espalhadas de seu corpo. Este ritual, era um procedimento mágico, que tencionava prevenir que a seca invadisse as regiões férteis do Nilo, pois a ressurreição de Osíris era, naquela época, um símbolo da enchente anual do Nilo, da qual a fertilidade da terra dependia.
ÍSIS E HÓRUS
Muita conhecida de todos os nós é a história de Hórus, o filho de Ísis, a deusa do Egito, tanto quanto os também tão estimados e conhecidos Maria e o menino Jesus no cristianismo. Entretanto, existem algumas diferenças entre os dois: a Ísis é adorada como uma divindade maternal muito antiga. Algumas vezes é representada com um disco do sol (ou lua) na cabeça, flanqueada à direita e à esquerda por dois chifres de vaca. A vaca era e é por seu úbere dispensador de leite o animal-mãe, usado em muitas culturas como símbolo materno. Outra diferença fundamental entre Ísis e Maria é também o fato de Ísis ter sido venerada como a grande amada. Ainda no ventre materno ela se casou com seu irmão gêmeo Osíris, que ela amava acima de tudo.
Nos rituais antigos egípcios, executados para obter a ressurreição, o olho de Hórus tinha papel muito importante e era usado para animar o corpo do morto cujos membros tinham sido reunidos. Hórus, filho e herdeiro por excelência, é invocado também, para que impeça a ação do répteis que estão no céu, na terra e na água, os leões do deserto, os crocodilos do rio.
Protetor da realeza, Hórus desempenha ainda, o papel capital do deus da cura. A magia de Hórus desvia as flechas do arco, apazigua a cólera do coração do ser angustiado.
ARQUÉTIPO DE CURA
Isis era invocada nas antigas escrituras como a senhora da cura, restauradora da vida e fonte de ervas curativas. ela era venerada como a senhora das palavras de poder, cujos encantamentos faziam desaparecer as doenças.
À noção de magia liga-se também, imediatamente ao nome de Ísis, que conhece o nome secreto do deus supremo. Ísis dispõe do poder mágico que Geb, o deus da Terra, lhe ofereceu para poder proteger o filho Hórus. Ela pode fechar a boca de cada serpente, afastar do filho qualquer leão do deserto, todos os crocodilos do rio, qualquer réptil que morda. Ela pode desviar o efeito do veneno, pode fazer recuar o seu fogo destruidor por meio da palavra, fornecer ar a quem dele necessite. Os humores malignos que perturbam o corpo humano obedecem a Ísis. Qualquer pessoa picada, mordida, agredida, apela a ísis, a da boca hábil, identificando-se com Hórus, que chama a mãe em seu socorro. Ela virá, fará gestos mágicos, mostrar-se-á tranquilizadora ao cuidar do filho. Nada de grave irá lesar o filho da grande deusa.
Ísis aparece em na nossa vida para dizer que é hora de meditar. Você tem desperdiçado sua energia maternal sem guardar um pouco para si mesma? Sua mãe lhe deu todo o amor que você precisou? Pois agora é tempo de você se dar "um colo" para curar as mágoas do passado. Todos nós precisamos de cuidados maternos, independente de sermos donzela, mãe ou mulher madura.
O VÉU DE ÍSIS
O traje de Ísis só era obtido através da iniciação, era multicolorido e usado em muitos cerimoniais religiosos.
O véu multicolorido de Ísis é o mesmo véu de Maias, que nos é familiar no pensamento hindu. Ele representa a forma sempre mutante da natureza, cuja beleza e tragédia ocultam o espírito aos nosso olhos. A ideia é a de que o Espírito Criativo vestia-se de formas materiais de grande divindade e que todo o universo que conhecemos era feito daquela maneira, como a manifestação do Espírito do Criador.
Plutarco expressa essa ideia quando diz:"Pois Ísis é o princípio feminino da natureza e aquela que é capaz de receber a inteireza da gênese; em virtude disso ela tem sido chamada de enfermeira e a que tudo recebe por Platão e, pelo multidão, a dos dez mil nomes, por ser transformada pela Razão e receber todas as formas e ideias".
Um hino dirigido a Ísis-Net exprime essa mesma ideia de véu da natureza que esconde a verdade do mistério dos olhos humanos. Net era uma forma de Ísis, e era considerada como Mãe-de-todos, sendo de natureza tanto masculina como feminina. O texto em que esse hino está registrado data de cerca de 550 a.C., mas é provavelmente muito mais antigo.
Salve, grande mãe, não foi descoberto teu nascimento!
Salve, grande deusa, dentro do submundo que é duplamente escondido, tu, a desconhecida!
Salve, grande divina, não foste aberta!
Ó, abre teu traje.
Salve, coberta, nada nos é dado como acesso a ela.
Venha receber a alma de Osíris, protege-adentro de tuas duas mãos.
O véu de Ísis, tem também significados derivados. Se diz que o ser vivo é pego na teia ou véu de Ísis, significando que no nascimento o espírito, a centelha divina, que está em todos nós, é preso ou incorporado na carne. Significa dizer, que todos nós ficamos emaranhados ou presos na teia da natureza. Essa teia é a trama do destino ou circunstâncias. É inevitável que devamos ser presos pelo destino, mas frequentemente consideramos este enredamento como infortúnio e queremos nos libertar dele. Se aceitarmos esta situação de o ser vivo estar preso a teia de Ísis, acabaremos encarando a trama de nossa vida de maneira diferente, pois é somente deste modo que o espírito divino pode ser resgatado. Se não fosse aprisionado desta forma, vagaria livremente e nunca teria oportunidade de transformar-se. Portanto, o espírito do homem precisa estar preso à rede de Ísis, caso contrário, não poderá ser levado em seu barco para a próxima fase de experiência.
DANÇA SAGRADA DOS SETE VÉUS
"Vê-la dançar é participar da força criadora que vibra no Cosmos; massa negra e pulsante explícita nos olhos e cabelos de Jhade. (...) Mãos se elevam em serpente e cortantes transformam em som o poder telúrico de seu ventre. Que os sons, manifestos em seu corpo, subam de encontro com o Eterno e sejam ouvidos além do tempo." (por W. Hassan)
A Dança dos Sete Véus tem sua origem em tempos remotos, onde as sacerdotisas dançavam no templo de Isis. É uma dança forte, bela e enigmática. Ela também reverencia à vida, os elementos da natureza, imita os passos dos animais e das divindades numa total integração com o universo. O coração da bailarina é tão leve quanto a pluma da Deusa Maat e é exatamente por isso que os véus são necessários, pois é deles que os deuses se servem para sutilizar o corpo da mulher. Os véus de Ísis, ao serem retirados, nos transmitem ensinamentos. Quando a bailarina usa dois véus, ao retirá-los nos diz que o corpo e espírito devem estar harmonizados. A Dança do Templo, que é usado três véus, homenageia a Trindade dos deuses do Antigo Egito: Ísis, Osíris e Hórus. A Dança do Palácio, com quatro véus, representa a busca da segurança e estabilidade e ao retirá-los a bailarina nos demonstra o quanto nos é benéfico o desapego das coisas materiais. Na Dança dos Sete Véus, cada véu corresponde a um grau de iniciação.
Os sete véus representam os sete chakras em equilíbrio e harmonia, sete cores e sete planetas.Cada planeta possui qualidades e defeitos que influenciam no temperamento das pessoas e a retirada de cada véu representa a dissolução dos aspectos mais nefastos e a exaltação de suas qualidades.
Significado das cores:
Vermelho: libertação das paixões e vitória do amor
Laranja: libertação da raiva e dos sentimentos de ira
Amarelo: libertação da ambição e do materialismo
Verde: saúde e equilíbrio do corpo físico
Azul : encontro da serenidade
Lilás: transmutação da alma, libertação da negatividade
Branco: pureza, encontro da Luz.
Toda mulher deixa transbordar seu essência através da dança. Todas aquelas emoções reprimidas, sentimentos esquecidos, afloram. Toda e qualquer mulher que consegue penetrar nos mistérios e ensinamentos dessa prática, se revelará de forma pura e sublime e alcançará o êxtase ao dançar.
Dançar é minha prece mais pura
Momento em que meu corpo vislumbra o divino,
Em que meus pés tocam o real
Religiosidade despida de exageros,
Desejo lascivo, bordado de plenitude
Através de meus movimentos posso chegar ao inatingível
Posso sentir por todos os corpos, abraçar com todo o coração,
E amar com os olhos
Cada gesto significativo desenha no espaço o infinito,
Pairando no ar, compreensão e admiração
Iniciar uma prece é como abrir uma porta
Um convite a você, para entrar em meu universo
O mágico contorna minha silhueta, ao mesmo tempo
Que lhe toco sem tocar
Nada a observar, só a participar
Esta prece ausente de palavras
É codificada pela alma
E faz-nos interagir, de maneira sublime e hipnótica
Quando eu terminar esta dança,
Estarei certa de que não seremos os mesmos.
RITUAL DE ÍSIS PARA A LEALDADE
Você pode usar esse ritual para pedir à Ísis que reforce sua lealdade se se sentir tentada (o) a trair a confiança de alguém, ou para pedir que outra pessoa lhe seja leal.
Deve sempre ser realizado pela manhã e se possível imediatamente ao levantar-se da cama. Necessitará de uma granada, a pedra preciosa que simboliza a lealdade. A pedra pode estar solta ou presa em alguma joia.
Acenda uma vela branca e coloque à sua frente. Suspenda a vela em frente a vela, de maneira que brilhe à luz da chama. Enquanto observa a luz brilhando através da granada, pense em tudo que necessitas fortalecer no sentido da lealdade.
Imagine você, ou a pessoa que a(o) preocupa, em uma situação que possa trair a confiança. Pense que você, ou essa pessoa, resistem ao impulso. Por exemplo, pode visualizar uma situação em que um amigo pede para revelar um segredo, porém você resiste, dizendo:
"Não, não posso lhe dizer".
Agora coloque a granada em seu bolso e use-a como joia até que sinta que a ameaça da deslealdade tenha passado.

13/05/2011


Deusa Ísis

A mitologia egípcia reserva o dia de hoje para celebrar o encontro da deusa Ísis com os restos do seu amado Osíris. Hoje, deixe partir de vez algo que perdeu, ciente de que um dia retornará pra você. Acenda uma vela lilás e um incenso de mirra para Ísis.

A INVOCAÇÃO DE ÍSIS
Eu contemplei uma grande maravilha no Céu, uma mulher vestida de Sol com a Lua aos seus pés. E sobre sua cabeça estava um diadema de doze estrelas.
Ouça-me, Oh Senhora Ísis, ouça e salve.
Oh tu, rainha do amor e da misericórdia, tu coroada com o trono, tu transportada como pela Lua.
Tu cujo semblante é brando e radiante, como a relva refrescada pela chuva.
Ouça-me, nossa Senhora Ísis, ouça e salve.
Oh tu que é manifesta na matéria.
Tu és noiva e rainha assim como tu és mãe e filha do Assassinado.
Oh tu que és a Senhora da Terra.
Ouça-me, oh Senhora Ísis, ouça e salve.
Oh tu, Dama da pele âmbar.
Senhora do amor e da vitória, portal radiante de glória através dos céus sombrios.
Oh, coroada com a Luz , vida e amor.
Ouça-me, nossa Senhora, ouça e salve
Por tua sagrada flor, o Lótus da vida e beleza eternas;
Por teu amor e misericórdia; por tua ira e vingança; por meu desejo para contigo, por todos os nomes mágicos de antanho ouça-me, oh Senhora, ouça e salve.
Descubra teu peito para tua criança, estenda adiante teus braços e aperte-me contra teus seios.
Deixe que meus lábios toquem teus lábios inefáveis.
Ouça-me Senhora Ísis, ouça e salve.
Erga tua voz para ajudar-me nessa hora crítica.
Erga a tua voz mais musical.
Grite alto, oh rainha e mãe, para salvar-me daquilo que eu mais temo.
Eu te invoco para iniciar a minha alma.
O rodopio da minha dança, possa ser um espelho e um elo com tua grande luz, para que na hora mais escura, a Luz possa surgir em mim e levar-me para tua própria glória e incorruptibilidade.
Ísis sou eu, e da minha vida são alimentadas todas as torrentes e sóis, todas as luas que crescem e minguam,
todas as estrelas e correntezas, os vivos e os mortos, o mistério do prazer e da dor.
Eu sou a Mãe.
Eu sou o mar que fala.
Eu sou a Terra em sua fertilidade.
Vida, morte, amor, ódio, luz, escuridão, voltam à mim, à mim.
Ísis sou eu, e para minha beleza fluem.
Todas as glórias do Universo se curvam, a flor e a montanha e a aurora.
Frutas rosadas e mulheres são criações coroadas.
Eu sou a sacerdotisa, o sacrifício, o santuário.
Eu sou o amor e a vida do Divino.
Vida, morte, amor, ódio, luz, escuridão, certamente são meus, são meus.
Ísis sou eu, o amor e luz da Terra, a riqueza dos beijos, a delícia das lágrimas, o íntimo e o prazer nunca nascidos, o infinito e interminável desejo dos anos.
Eu sou o santuário no qual teu desejo tenaz te devora com fogo intolerável.
Eu sou a música cantada, paixão, morte sobre tua lira, tua lira.
Eu sou o cálice e eu sou a glória agora.
Eu sou a chama e o combustível do teu fôlego.
Eu sou a estrela de Deus sobre tua fronte.
Eu sou a tua rainha arrebatada e possuída.
Das alturas eu dou a estes rios doces as boas vindas ao mar, oceano de amor que te envolverá. Vida, morte, amor, ódio, luz, escuridão, voltam à mim, à mim.
Ouça, Senhora Ísis, e receba minha prece.
A ti, a ti, eu venero e invoco.
Saúdo à ti, mãe única da minha vida.
Eu sou Ísis, mestra de toda a terra.
Eu fui instruída por Hermes, e com Hermes eu inventei as escritas das nações a fim de que nem todos pudessem escrever com as mesmas letras.
Eu dei à humanidade suas leis, e consagrei o que não pode ser alterado.
Eu sou a filha mais velha de Cronos.
Eu sou a esposa e a irmã do rei Osíris.
Eu sou aquela que nasce na estrela do cão.
Eu sou aquela que é chamada de deusa, de mulher.
Eu sou aquela que separou o Céu da terra.
Eu indiquei os caminhos às estrelas.
Eu inventei a arte da navegação.
Eu uni homens e mulheres.
Eu ordenei que os mais velhos fossem amados pelas crianças.
Com meu irmão Osíris eu dei um fim ao canibalismo.
Eu instruí a humanidade nos mistérios.
Eu ensinei reverência às estátuas divinas.
Eu estabeleci os recintos do Templo.
Eu derrubei o jugo dos tiranos.
Eu fiz com que os homens amassem as mulheres.
Eu fiz a justiça mais poderosa do que prata e ouro.
Eu fiz com que a verdade fosse considerada bela.
Venha para mim e prometa-me sua lealdade como eu prometo a minha à você.
Oh mãe Ísis, grande és tu em teu esplendor, poderoso é teu nome e teu amor não tem limites.
Tu és Ísis, és tudo que sempre foi, e tudo que sempre será, pois nenhum homem mortal jamais te desvendou.
Em toda a tua graça tu produzistes o Sol, a fruta que nasceu para a redenção do homem.
Oh Ísis, Ísis, Ísis, graciosamente ouça nosso brado à ti, nós pranteamos por tuas bênçãos sobre nós neste dia, todos os dias, para nutrir, para ajudar e preencher o vazio interior, que somente você, nossa amada mãe, pode satisfazer.
À ti empenhamos nosso juramento solene de dedicação, e pelo poder e glória dele, o Um Transcendente, para testemunhar nossa devoção à ti.
Porquanto agora te recebemos em nossos corações, pedimos que nunca nos deixes, em tempos de tribulação e regozijo, e mesmo na morte.

16/04/2011


Deusa Ísis

Por Daniel Silva (2006), fonte: Templo do Conhecimento
Ísis talvez tenha sido a deusa mais venerada do mundo antigo. Ainda que Hera/Juno fosse rainha do Olimpo, e que as três deusas fossem rainhas entre os povos Célticos, nenhuma delas chegou a ter a área de abrangência de Ísis, que era venerada desde Philae, no extremo sul do Egito, até as ilhas Britânicas.
Seu culto sempre foi muito popular no Egito, tanto pela sua fidelidade conjugal a Osíris, por quem luta, pena e enfrenta perigos quanto pelo seu papel de mãe extremosa preocupada com Hórus, clamando às diversas divindades que o venham ajudar. Sem esquecer seu lado mais conspirador, como líder do partido anti-Seth, que reúne as poderosas divindades Thot e Anúbis, além de outras tantas. Mas seu lado mais importante talvez seja o de grande maga e senhora dos sortilégios, através do qual roubou o nome secreto de Rá, e ressuscitou seu marido. Foi ela a sábia conselheira de Osíris, que o ajudou a civilizar as duas terras, e que ensina o povo do Egito, até então selvagem, a costurar, fazer o pão, e introduz conceitos como o do casamento, ensina o uso de remédios e sortilégios para afastar animais daninhos. assim como foi a governante das duas terras na ausência de seu marido, uma figura de peso na política divina. Por ter tantas faces, e um culto instigante repleto de segredos sua adoração se espalhou pelo mundo antigo. Seu símbolo era o trono, pois se dizia que tinha poder sobre ele, e era identificada como “grande mulher por traz do grande homem”. Sua influência velada, e sua popularidade lhe valeram um grande período de adoração, desde meados do terceiro milênio antes de cristo até meados da alta idade média. Foi muito identificada com Deméter, pois se dizia que seus mistérios eram parecidos, afinal como esposa de Osíris era de certa forma a Natureza, mãe de todos os seres vivos, e Deméter era a mesma coisa, tanto como deusa das colheitas quanto como mãe. Seu culto foi especialmente comum durante o período ptolomaico, e fugindo a regra geral não foi esquecido ou destruído pelos romanos, datando dessa época a expansão desse culto pelo mundo, sempre sútil, mas poderosa. No Egito a superiora de suas sacerdotisas era a Grande esposa do Faraó, através da qual Ísis governava o Egito, fazendo suas bênçãos benfazejas cobrir o mundo. Também à grande esposa era ofertado o título de grande maga, ou seja, de principal artífice do oculto junto ao Faraó e a seus filhos, a quem defendia usando de sua Magia.
O apelo de Ísis para as mulheres sempre foi grande, muito devido a seu aspecto mais “doméstico” mas mais ainda pelo seu aspecto de Rainha e Maga, que muito atraia as mulheres ambiciosas, inclusive as da corte. Talvez o maior exemplo disso seja Cleópatra VII, que influenciou tanto a política romana, a ter a alcunha de “filha de Ísis”.

28/03/2011


A Busca de Ísis

Texto: Lara Moncay
Ísis saiu em perseguição do baú por vários meses, suja e rasgada da dura jornada que a fez atravessar vários países, chegou finalmente a Biblos, na costa da Síria, onde se dizia que o esquife se desviara para a terra. Lá lhe contaram que, quando o caixão tocou a terra pela primeira vez, subitamente brotou uma tamargueira que prendeu em seu tronco a arca. Já dentro do caixão, agora na árvore, Osíris estava duplamente aprisionado. Ísis, então, foi à procura da árvore. Vários dias se passaram até que ela o encontrou e ali ficou em vigília.
Por fim, Melcader, um rei sírio, e seu exército passaram por ali. O rei admirou tanto a altura, largura e o vigor da árvore que decidiu derrubá-la e transformá-la em uma coluna central de seu palácio. De nada adiantaram os gritos de Ísis, os soldados do rei afastaram-na e derrubaram a árvore levando-a com eles. Ísis, porém, seguiu o rastro do veículo e chegou, depois de caminhar por várias semanas, e por fim, chegou ao palácio. Quando Ísis viu a coluna central do palácio, ergueu suas longas asas e mostrou sua verdadeira face de deusa para o rei Melcader e a rainha Astarte.
Comovidos com a história que Ísis lhe contara e com o sofrimento que passara, os reis Melcader e Astarte derrubaram a coluna e cortaram a madeira que envolvia o caixão.
Em retribuição Ísis passou um tempo na casa dos reis para cuidar de seus filhos e lançar-lhes feitiços de proteção e de cura. Os filhos e filhas do rei e da rainha Síria tanto se apegaram a deusa que, quando ela partiu, o filho mais velho do casal real, Maneros, partiu com Ísis em sua longa jornada de volta ao Egito. Depois de muito tempo no mar, finalmente o barco com Ísis chegou ao Egito (em Abidos, terra dos mortos). Maneros, filho mais velho de Melcader, não resistiu a viagem e morreu sem nunca pisar nas terras de Ísis, sua amada.
Abrindo o caixão, Ísis dançava e chorava lamentando a morte do irmão, do amado, do marido. Enquanto dançava e cantava seus cantos de amor, os grandes portões do Céu se abriram, e as estrelas circulantes giraram tecendo um novo destino para Osíris, fazendo para ele uma nova coroa de rei.
Os deuses comovidos ressuscitaram Osíris que deitou-se por mais uma noite com sua amada. Seu corpo, porém, ainda fraco pela morte sofrida, não era mais como antes e por isso Ísis escondeu o corpo fraco do irmão em um emanharado de rochas, um labirinto de pedras brancas. Então deixou-o ali apenas por uma noite e apressou-se em procurar Anúbis e Néftis para ajudá-la a Salvar Osíris. Seth, senhor da noite e das trevas, caçava javalis por perto de Abidos sob a luz do luar. Armado de Arco e flechas e com sua inseparável adaga, Seth aguçou a audição e farejou o vento. Sentiu um odor familiar e foi conferir o que era e logo chegou ao local onde Osíris estava guardado. Furioso o deus Seth golpeou, com sua adaga, várias vezes o corpo do irmão, separou a cabeça do corpo. Cortou fora os braços, as pernas e o pênis. Arrancou um por um os ossos das costas. Esquartejou o irmão como um animal morto e enfiou os pedaços num saco e atirou nas águas do Nilo. Sentindo o cheiro da morte, Anúbis avisou Ísis e Néftis e, juntos, correram até o rio. Ali, nas margem do Nilo, em Abidos, as deusas avistaram a cabeça cortada de Osíris.
Ísis, no entanto, não estava disposta e entregar seu amado irmão à morte mais uma vez, pois ela já sabia estar grávida e queria que Osíris também o soubesse. Numa caverna próxima, Ela Anúbis e Néftis esconderam a cabeça de Osíris e decidiram que, juntos, iriam percorrer todo o Nilo, desde o Alto Egito até o Mar, à procura dos pedaços do deus morto, para que pudessem fazê-lo reviver novamente. Porém seria impossível reunir todas as partes do Corpo de Osíris. Um peixe, vendo o pênis do deus boiar sob as águas azuis do Nilo, abocanhou o órgão gerador de Osíris e mergulhou para o fundo do rio. Sobeck, o deus crocodilo, viu tudo, e para proteger as deusas na jornada infrutífera, seguiu a embarcação que era guiada por Anúbis. Em cada cidade onde eram encontradas partes de Osíris, eram erguidos grandes templos em sua homenagem, Assim Ísis protegia os fragmentos do marido e confundia Seth, pois esse acreditava que Ísis deixara os pedaços em algum lugar dentro dos templos.
Quando finalmente todas as partes de Osíris, exceto o falo, foram encontradas, Ísis, Néftis e Anúbis voltaram para Abidos. O deus Toth foi o único a vê-los deixar o barco e entrar na caverna onde jazia a cabeça de Osíris, ele, comovido, desceu até a Terra e juntou-se ao grupo na empreitada de ressuscitar o seu irmão, qual ele mesmo ajudou a nascer.
Como o peixe engolira o pênis de Osíris, Ísis fez outro de cedro e ouro, e dizendo palavras de poder, a deusa tentou ressuscitá-lo. Não adiantou. Toth, o deus escriba, senhor da inteligência, o deus lua, chamou Anúbis para ajudá-lo em sua tarefa: juntaram tiras de linho, encheram Osíris de flores e óleos, amarraram as tiras e ataram com cordões. Osíris agora iria reinar no reino dos mortos e ali lutaria contra Apófis.
Ísis Aprisionada
Certa manhã, quando Ísis e Néftis ofereciam pão ao Ka (a alma que cria e preserva a vida) de Osíris, foram capturadas pelos homens de Seth e amarradas como escravas. Seth levou Ísis para uma caverna escura e ali a trancou, ao seu lado colocou uma roca e novelos de linho, deu-lhe um cadáver como marido e obrigou-a a trabalhar dia e noite, fiando e costurando, sem descanso. A lua no céu crescia e minguava, e a barriga de Ísis ficava cada dia mais redonda. Toth, que também conhecia o tempo, começou a se preocupar com o aprisionamento da irmã e, com o propósito de libertá-la, enfiou sua esposa Seshat (deusa que registra o destino dos humanos) e Maát (deusa da verdade e justiça) disfarçadas de tecelãs. Num gesto abriram passagem para vários escorpiões que, com suas tenazes cortaram as cordas que amarravam a deusa. Aqueles que tentaram detê-la, os escorpiões matavam com picadas fatais, os capangas de Seth morreram um a un. Ísis caminhou do planalto arenoso até o delta e caindo em meio à touceira de papiro foi parteira de si mesma. Nascia Hórus, o menino dourado, o deus falcão. Com a presença devota da sua mãe, Hórus, foi educado no maior dos segredos, preparando-se com esmero e paciência. Porém, o sucessor do rei assassinado, ficou com Ísis apenas nos seus primeiros cinco anos de vida. Sabendo que não podia ficar no Delta, pois Seth já sabia do nascimento de Hórus, Ísis, como mãe protetora, partiu para os confins do Egito deixando seu filho aos cuidados da deusa-naja Renenutet. Assim Seth nunca encontraria o filho de Osíris, pois jamais acreditaria que uma mãe tão devotada como Ísis deixaria seu filho aos cuidados que outra pessoa ou deus.

08/03/2011


Deusa Ísis

Mirella Faur
Ísis Toda Poderosa, a mais antiga dos antigos, amada pelos deuses e mortais, cuja beleza encanta e traz riqueza;
Deusa luminosa e poderosa, Tu és Aquela que iniciou a existência, que existiu desde o começo, de onde tudo e todos surgiram, que inicia o ano e rege o destino;
Mãe Divina, criadora e benfeitora, nutridora e regeneradora, Mãe Suprema e sem igual;
Luz celeste, chama ardente, Mãe do céu, da Terra e do Além; Senhora da Lua e das estrelas, da noite e da escuridão, da luz e do brilho solar;
Rainha do trono celeste, ventre primordial que criou todos os seres e todas as coisas;
Mãe da natureza, senhora do pão, dos grãos e das colheitas, portadora dos frutos e da boa sorte, controladora das estações, dos ventos e dos elementos;
Guardiã dos quadrantes do céu e da Terra, dos portais que levam para outros mundos que Tu abres no alvorecer e no crepúsculo;
Senhora da Magia, grande no céu, poderosa na Terra, que tem o conhecimento das palavras de poder e as usou para criar o universo;
Mãe dos vivos e dos mortos, senhora verde dos campos e colinas, soberana das pedras e das montanhas, dos lagos, rios e mares, Ísis Pelagia, Rainha do mar;
Estrela-Guia, invocada como Sothis ou Sirius, que protege navios e navegantes, caminhos e caminhantes, que conduz os ventos e as chuvas;
Senhora das canções, poemas e das danças, da alegria e do prazer;
Mestra que ensinou a agricultura, a fiação e a tecelagem, protetora e salvadora das mulheres, dos partos e das crianças;
Guardiã do casamento, soberana do amor, da sexualidade e da união sagrada;
Senhora velada da sabedoria e personificação do eterno princípio sagrado feminino;
Tu, que estabeleces as leis e ciclos naturais e sustentas a humanidade, pelo Teu poder os rios correm, as marés sobem e as estrelas dançam;
Tu, que és amor divino, vida, magia, mistério, Deusa: sendo uma, Tu és todas;
Gloriosa Ísis que mora no esplendor da luz e na quietude do silêncio;
Curadora dos corações feridos, cujo leite nutre e mitiga os sofrimentos do corpo e da alma;
Guerreira vitoriosa e invicta, protetora dos teus adeptos, que salva e ajuda aqueles que te amam, que encoraja a independência e a soberania das mulheres;
Mãe Suprema e sem igual, que inunda a Terra com esplendor e a ilumina com teu amor;
Senhora da verdade, que tudo sabe e tudo vê, que ama, nutre e protege suas filhas e filhos;
Gloriosa Deusa Ísis Pantheia, Au Set, Iset, Myrionymos, Deusa dos Mil Nomes, que é o início e o fim, o ontem e o amanhã, o dia e a noite, o Sol e a Lua, o acima e o abaixo;
para Ti colocaremos, no altar de nossos corações, pedras azuis esverdeadas, como a cor dos teus olhos; penas iridescentes, como as do teu manto; tua chave e a cruz sagrada; o mel e o leite para nossas libações.
Nós te reverenciamos, Mãe, no roçar das ondas, nos murmúrios dos riachos e no brilho das pedras molhadas pelo orvalho.
Nós te saudamos, no nascer do Sol e nas sombras silenciosas da noite, te procuramos no brilho das estrelas e nas faces mutantes da Lua, ouvimos tua voz na brisa suave do verão ou nos assobios dos ventos que trazem as chuvas, seguimos teu chamado para passarmos pelos portais da Terra.
Nós te invocamos, ó Mãe, para sustentar nossas almas e amparar o vôo dos nossos espíritos, oramos para que Tu nos defendas dos perigos e dos venenos com o poder dos teus amuletos sagrados, amarrando teus nós para fechar as brechas de nossa vulnerabilidade, curando com teu sagrado leite as feridas de nossos corações.
Nós te pedimos, Mãe, ajoelhadas perante teu trono de poder e luz, que nos cubra com tuas asas resplandecentes, que nos permita sermos conduzidas e iniciadas no teu Templo de Sabedoria, aprendendo “aquilo que é, foi e sempre será”, revelando para nossas mentes os Mistérios da Lua e da Terra, lembrando os ensinamentos antigos e aprendendo teus segredos para sermos mulheres amorosas, poderosas, gentis, leais, amigas sábias e dedicadas para ajudarmos a nós mesmas, aos outros e à própria Terra.
(autoria desconhecida)

A histórico do culto à Ísis é longa e complexa: esta rápida visão geral fornecerá uma indicação de seu alcance até os últimos séculos.
Antiga e amada, Ísis nutriu sua terra natal – o Egito – como Deusa do Trono, do Amor e da Magia, A Grande Feiticeira que Cura. Sempre presente, Seu culto sob o nome de Ísis é documentado nos textos da Pirâmide da Quarta Dinastia (por volta de 2600 a.C.) e provavelmente remonta a um tempo anterior às dinastias. Venerada sozinha, com Seu marido Osíris ou com outros supostos consortes, os ritos de Ísis foram mantidos por todo o Egito, desde pequenos santuários em casas de fazenda até os templos com sacerdotes e sacerdotisas.
Quanto os navegadores egípcios cruzaram o Mediterrâneo, e estrangeiros chegaram ao Egito, o custo à Deusa se expandiu pelo mundo ocidental. Por ser uma deusa de natureza complexa e complicada, muitos paradoxos – alguns os chamariam de mistérios – surgiram dentro de Sua fé. Por um lado, Seu clero era admirado pela sabedoria e pureza; por outro, alguns adoradores de Ísis a recebiam como uma deusa do amor erótico e romântico.
Seus seguidores no passado foram imperadores e pessoas comuns, mulheres livres e escravas, mercadores e navegantes. No passado, como agora, todas as raças eram admitidas em Seus templos e na hierarquia de sacerdotes e sacerdotisas. Jamais recusando qualquer pessoa, Ísis foi reverenciada desde as eras clássicas como a deusa que está acima do destino, aquela que pode reescrever o que está previsto pelos astros.
Artistas e artesãos A invocavam como a musa definitiva, e os antigos cientistas sentiram Sua presença entre os alambiques e cadinhos. Textos de alquimia foram escritos em Seu nome.
Junto com Serápis, um aspecto dinâmico de Seu marido morto e ressuscitado – Osíris -, Ísis presidia sobre a magnífica Biblioteca de Alexandria e sua Escola de Medicina, que estabeleceu os padrões para a educação dos antigos médicos. Ao mesmo tempo, muitos de Seus seguidores foram curados de doenças apenas passando uma noite no templo, na esperança de receber um sonho de cura ou uma visão da Deusa.
Conforme as legiões romanas viajavam pelo mundo, também o fez o culto à Ísis. Ela foi venerada na antiga Londres e em muitos lugares na França e na Alemanha. Através do Oriente Médio e nas ilhas do Mar Egeu, é comum encontrar Seus templos, embora a maioria esteja, atualmente, reduzida a ruínas.
Quando os templos de outros deuses e deusas foram incendiados e destruídos durante o turbulento nascimento de uma outra fé, os sacerdotes e sacerdotisas pagãos de refugiaram nos santuários de Ísis, e permitiu-se que eles venerassem suas divindades caídas, dentro do santuário da Deusa, algumas vezes em conjunto com hereges cristãos que procuravam refúgio semelhante.
O templo de Ísis foi o último templo pagão a receber devotos na ilha sagrada de Philae, no alto Egito. Mas por volta do ano 595, séculos depois do banimento oficial da fé pagã pelo imperador romano Theodosio, em 392, esse último santuário foi fechado e seus sacerdotes destruídos ou dispersados.
Ísis, então, tornou-se Ísis Amenti, a Deusa Escondida, e seu culto foi disfarçado. Muitos de seus títulos foram atribuídos à Virgem Maria, cuja popularidade crescia muito, e estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus receberam outro nome e foram colocadas em igrejas – muitas das quais construídas sobre as ruínas dos antigos templos.
Mesmo depois da queda de Philae, o culto à Ísis persistiu. Por volta do ano 756, na França, um clérigo cristão lamentou o fato de que ainda havia pessoas que subiam ao monte Anzino para adorar Ísis e outras divindades. Uma parte de Seus ritos pode ter persistido até o século X, em Harran, na Arábia, e também pode ter sido praticada no oeste da China, durante a dinastia T´ang. Um manuscrito medieval preserva o nome de Ísis, mencionando-o como “Ysis, Senhora das Ervas”, mostrando que as consumadas habilidades de cura de Ísis não haviam sido esquecidas após o início da Idade das Trevas.
Em tempos mais modernos, Ísis fez sentir Sua presença nas filosofias maçônicas e teosóficas, nos ritos cerimoniais de magia, como uma Deusa de algumas tradicionais celebrações de Wicca, e como resposta às orações de uma incontável quantidade de indivíduos que se voltaram para Ela.
Há tantos caminhos para Ísis quanto há pessoas a Ela devotadas. O caminho será diferente para cada um, já que Ísis tem interesse ativo e pessoal por todos os aspectos da existência de Seus seguidores.
Ísis no Egito
Khemi, a Terra Negra. Tamera, a Terra do Sol. Esses eram os nomes dados pelos habitantes do Egito ao país. Em um deserto embalando uma estreita faixa de solo rico nasceu o Egito, um milagre do sagrado rio Nilo.
Dramática e poderosa, onde cada ano era anunciado pelo nascimento da resplandecente estrela Sothis, essa terra antiga foi abençoada pelo resoluto ritmo do fluxo das águas e pela abundância que se seguiu a seu despertar. Submetidos à benevolente tirania do rio, parece que foi fácil para os egípcios se submeterem aos deuses, também, e a um caminho religioso que permaneceu surpreendentemente imutável por quase três mil anos.
O povo egípcio, embora unido pelo Nilo, tinha diversas crenças religiosas. Diferentes deuses e deusas, embora às vezes reconhecidos como emanações de uma única fonte de poderes divinos eram adorados em lugares distintos. Os ritos geralmente seguiam os mesmos padrões, independente da divindade que presidia o templo ou santuário. Apenas algumas dessas entidades alcançaram reverência universal por todo o Egito. Tanto Ísis quanto seu marido Osíris foram adorados por todo o país.
Ao que parece, Ísis e Osíris foram venerados separadamente antes de se tornarem um casal no panteão egípcio. São poucos os traços de Ísis ou Osíris antes da quarta dinastia. Qualquer indicação remanescente de seus cultos antes dessa época é ambígua e controversa. Em tempos remotos, o símbolo do trono de Ísis era, aparentemente, supremo e único a Ela. Ísis era a possuidora do trono, ou o próprio trono, que determinava qual faraó seria digno de sentar junto a Ela.
As origens de Osíris são ainda mais obscuras. Alguns antigos escritores acreditavam que Ísis e Osíris foram seres humanos, um rei e uma rainha do Egito que, através de seus atos de bondade e da tragédia pessoal, foram deificados pelos seguidores. O relato dos benefícios que, acreditam-se, eles trouxeram a seu povo seria razão suficiente para torná-los deuses: agricultura, literatura, medicina, o fim do canibalismo, a fundação de uma religião, a arte de tecer, de embalsamar... A lista inclui todos os aspectos das conquistas do ser humano.
Embora a história de Ísis e Osíris seja muito conhecida pelos estudantes de egiptologia e mitologia atuais, os próprios egípcios não lhe deram muita ênfase. A única versão ainda existente e quase completa da história é aquela que foi compilada pelo escritor grego Plutarco e apresentada a uma sacerdotisa de Ísis e Osíris, Klea. Há, também, muitas variações em fragmentos de escritos egípcios.
Deixando de lado as profundas associações religiosas e mitológicas, a história básica de Ísis e Osíris revela um casal real benevolente que foi além da origem da civilização. Enquanto Osíris viaja pelo mundo levando a cultura egípcia às nações adjacentes, Ísis reina sozinha.
Contudo, o sucesso do casal, e o amor que nutrem um pelo outro, incita o ciúme em Set, irmão deles, que consegue assassinar Osíris e planeja a forçar Ísis a lhe conferir direito ao trono (conferido àquele que Ela tomar por esposo). Ísis descobre que está grávida de Osíris e, com a ajuda de seu conselheiro Thoth, foge para as terras pantanosas para dar à luz e criar Seu filho sozinha. Usando o conhecimento que obteve nos anos em que governou, Ela instrui Hórus nas artes da política e da guerra, de modo que ele possa vingar a morte do pai e reclamar seu direito ao trono.
Mesmo enfrentando muitos conflitos que se complicaram por causa da traição de Set e suas manobras astutas, Hórus triunfa repetidas vezes com Ísis lutando a seu lado e negociando em seu nome. Finalmente, a questão sobre a sucessão é resolvida a Seu favor, e Hórus torna-se faraó, devolvendo a harmonia e a ordem ao país. Agora, é a vez de Ísis viajar para além das fronteiras do Egito.
A histórico do culto à Ísis é longa e complexa: esta rápida visão geral fornecerá uma indicação de seu alcance até os últimos séculos.
Antiga e amada, Ísis nutriu sua terra natal – o Egito – como Deusa do Trono, do Amor e da Magia, A Grande Feiticeira que Cura. Sempre presente, Seu culto sob o nome de Ísis é documentado nos textos da Pirâmide da Quarta Dinastia (por volta de 2600 a.C.) e provavelmente remonta a um tempo anterior às dinastias. Venerada sozinha, com Seu marido Osíris ou com outros supostos consortes, os ritos de Ísis foram mantidos por todo o Egito, desde pequenos santuários em casas de fazenda até os templos com sacerdotes e sacerdotisas.
Quanto os navegadores egípcios cruzaram o Mediterrâneo, e estrangeiros chegaram ao Egito, o custo à Deusa se expandiu pelo mundo ocidental. Por ser uma deusa de natureza complexa e complicada, muitos paradoxos – alguns os chamariam de mistérios – surgiram dentro de Sua fé. Por um lado, Seu clero era admirado pela sabedoria e pureza; por outro, alguns adoradores de Ísis a recebiam como uma deusa do amor erótico e romântico.
Seus seguidores no passado foram imperadores e pessoas comuns, mulheres livres e escravas, mercadores e navegantes. No passado, como agora, todas as raças eram admitidas em Seus templos e na hierarquia de sacerdotes e sacerdotisas. Jamais recusando qualquer pessoa, Ísis foi reverenciada desde as eras clássicas como a deusa que está acima do destino, aquela que pode reescrever o que está previsto pelos astros.
Artistas e artesãos A invocavam como a musa definitiva, e os antigos cientistas sentiram Sua presença entre os alambiques e cadinhos. Textos de alquimia foram escritos em Seu nome.
Junto com Serápis, um aspecto dinâmico de Seu marido morto e ressuscitado – Osíris -, Ísis presidia sobre a magnífica Biblioteca de Alexandria e sua Escola de Medicina, que estabeleceu os padrões para a educação dos antigos médicos. Ao mesmo tempo, muitos de Seus seguidores foram curados de doenças apenas passando uma noite no templo, na esperança de receber um sonho de cura ou uma visão da Deusa.
Conforme as legiões romanas viajavam pelo mundo, também o fez o culto à Ísis. Ela foi venerada na antiga Londres e em muitos lugares na França e na Alemanha. Através do Oriente Médio e nas ilhas do Mar Egeu, é comum encontrar Seus templos, embora a maioria esteja, atualmente, reduzida a ruínas.
Quando os templos de outros deuses e deusas foram incendiados e destruídos durante o turbulento nascimento de uma outra fé, os sacerdotes e sacerdotisas pagãos de refugiaram nos santuários de Ísis, e permitiu-se que eles venerassem suas divindades caídas, dentro do santuário da Deusa, algumas vezes em conjunto com hereges cristãos que procuravam refúgio semelhante.
O templo de Ísis foi o último templo pagão a receber devotos na ilha sagrada de Philae, no alto Egito. Mas por volta do ano 595, séculos depois do banimento oficial da fé pagã pelo imperador romano Theodosio, em 392, esse último santuário foi fechado e seus sacerdotes destruídos ou dispersados.
Ísis, então, tornou-se Ísis Amenti, a Deusa Escondida, e seu culto foi disfarçado. Muitos de seus títulos foram atribuídos à Virgem Maria, cuja popularidade crescia muito, e estátuas de Ísis amamentando o filho Hórus receberam outro nome e foram colocadas em igrejas – muitas das quais construídas sobre as ruínas dos antigos templos.
Mesmo depois da queda de Philae, o culto à Ísis persistiu. Por volta do ano 756, na França, um clérigo cristão lamentou o fato de que ainda havia pessoas que subiam ao monte Anzino para adorar Ísis e outras divindades. Uma parte de Seus ritos pode ter persistido até o século X, em Harran, na Arábia, e também pode ter sido praticada no oeste da China, durante a dinastia T´ang. Um manuscrito medieval preserva o nome de Ísis, mencionando-o como “Ysis, Senhora das Ervas”, mostrando que as consumadas habilidades de cura de Ísis não haviam sido esquecidas após o início da Idade das Trevas.
Em tempos mais modernos, Ísis fez sentir Sua presença nas filosofias maçônicas e teosóficas, nos ritos cerimoniais de magia, como uma Deusa de algumas tradicionais celebrações de Wicca, e como resposta às orações de uma incontável quantidade de indivíduos que se voltaram para Ela.
Há tantos caminhos para Ísis quanto há pessoas a Ela devotadas. O caminho será diferente para cada um, já que Ísis tem interesse ativo e pessoal por todos os aspectos da existência de Seus seguidores.

06/03/2011


A Deusa Virgem-Mãe do Antigo Egito

 
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“Não podeis tocar uma flor sem perturbar uma estrela” (Bacon)
“Sonho, metafísica e poesia - tudo a um tempo”: assim T. Rundle Clark considera a mitologia egípcia. E se o mito era a única via de expressão das ideias sobre o Cosmos e sobre o Humano, nesses mais antigos estágios da humanidade, podemos entender porque as lendas e a religião egípcias surgem-nos, hoje, como simples, absurdas ou tão profundas. É que não há necessidade de coerência, de lógica, para os mitos.
No tocante a essa mitologia citada especificamente, sabe-se que funcionava como uma linguagem. Daí, as ações surgirem alteradas, reaparecerem com outros protagonistas, até, sem incorrer, isso, em trunfo do incoerente.
Verdade, também, que a linguagem sagrada fundamentou-se em certos princípios, ainda não cabalmente entendidos pela modernidade histórica. Um dos conceitos mais comuns do pensamento religioso do Antigo Egito, o da Alma, reconciliava a ideia de que “todo o poder pertence a Deus” com o sentimento que os egípcios tinham da “multiplicidade do mundo”. O que encontra fundamento no parecer de O. E. James, quando diz que “o estudo dos testemunhos arqueológicos revelou que a religião pré-histórica concentrou-se e desenvolveu-se em torno dos três fatos mais desconcertantes com que o homem primitivo teve de se defrontar no decurso de sua vida cotidiana: o nascimento, a morte e a obtenção dos meios de subsistência nas precárias condições em que vivia...”
Equívoco comum, do agora, é crer-se que toda a religião egípcia evidenciava um “culto da morte”. Nos períodos turbulentos do desmoronamento do Antigo Reino, surge um escrito, o Diálogo dos Angustiados, que precisa e exata o apego dos egípcios à vida. Trata-se do colóquio entre o homem e a própria alma. A “atualidade” do mesmo dissolve tempo e espaço: “O homem afirma que em tempos desesperados - em que a honestidade é caçoada, a honra espezinhada, a ânsia desregrada, quando não se pode confiar mais nem no irmão - a morte é a única solução desejada” - Federico A. Arborio Mella. E, nesse diálogo, a resposta da alma é: “A morte é sempre o pior dos males, o corpo jazerá inerte num túmulo luxuoso até que se deteriore, mas também o túmulo está destinado à ruína; nunca mais verá o Sol, não gozará mais da natureza. Escuta-me, esquece a pena e passa um dia feliz”.
Se a religião é um termo complexo, a antiga religião egípcia o é assim, especialmente: pela diversidade da civilização, bem como por penetrar e moldar todo o aspecto da vida. Os deuses estavam em toda parte, não havia dicotomias tais religião e ciência, clérigo e leigo. O rei era o Sumo-Sacerdote. Tudo pertencia à mesma ordem, não havia reinos distintos do ser. E o ritual constituía o “primeiro e mais característico sinal da religião”.
Também de modo original, essa religião surgiu diretamente dos costumes dos agricultores e pastores pré-históricos. É provável que o culto principal do povo pré-histórico fosse o da Deusa-Mãe (no começo, o céu). Essa adoração primitiva parece ter se mantido entre a plebe, até a grande expansão dos Mistérios de Ísis, nos séculos II e III a.C.
Paulo de Tarso dizia: “A letra, o espírito vivifica”. A tradição egípcia repousa, notadamente, em seus hieróglifos, ao contrário de outras culturas sobreviventes atlantes (lacedemônios, etruscos e druidas da Britânia), que se fixaram na tradição oral. Para os antigos egípcios, o criador real era a Palavra - a primitiva fala que proveio de Deus e da qual todas as coisas obtiveram seus nomes. A teologia egípcia padrão resume-se em: “A palavra é tudo o que é bom e justo”.
     E a Senhora da Palavra é a deusa Ísis.
No passado nilótico houve, desde os inícios, a consciência de que havia um só Deus, do qual, mesmo Osíris, ao surgir no panteão egípcio, era apenas uma forma parcial - como religião primitiva, não admitia outra realidade que não Deus; portanto, todas as coisas são reflexos, ainda que distorcidos, da divindade. O “deus despedaçado” - Osíris -, portanto, como um deus masculino, constitui-se numa “especialização” da divindade maior, vez que esta transcende valores tais como masculino e feminino. Para Antônio Carlos Fanjani, quando o mito define o sexo de um deus, está “simplesmente ressaltando um dos aspectos da divindade, deixando o outro oculto, latente”.
     Ísis, a contra-parte, o complemento de Osíris, encarna o princípio feminino.
Através dos seus tratados médicos, fica evidenciado o conhecimento que os egípcios tinham, de que os vasos sanguíneos nascem do coração, espalhando-se para todos os membros. Daí, para eles, o coração ser o órgão do pensamento, a “sede da mente”. O órgão onde se inscrevem carmicamente as ações dos indivíduos. Para esse povo antigo, era o coração que falava contra as pessoas no Juízo - que é o julgamento de cada um. Portanto, o órgão do Amor, por excelência.
     E é como símbolo do Amor que essa deusa egípcia se agiganta: pareceu, sempre, digna, ao povo, pela sua dedicação conjugal, pela face de mãe ou como doadora de afeto genuíno.
     Admitindo-se que o oriental, em particular os sumérios e antigos egípcios, experimentavam as variações climáticas das estações de forma mais dramática que os povos do ocidente, chegaremos a um dos elementos construtivos dos famosos Mistérios.
No Antigo reino do Nilo, a iniciação consistia no culto, ou seja, na compreensão da Grande Mãe: “Antes de se conhecer o Grande Negro, deve-se conhecer o Grande Verde” - que é Ísis. Não podemos entender Ísis e Osíris separados um do outro. Esta a causa d’Aquela de Muitos Nomes ter merecido o culto e a celebração de tantas pessoas, por todo o mundo antes; e no atual, sob a aparência da Virgem Maria (ambas são “compassivas libertadoras dos sofrimentos do mundo”).
     No Papyrus de Turin, constatamos ser esta deusa a Mediadora entre o Celestial e o terreno. Dela, foi dito: “Aquela que amou os deuses; Aquela que melhor amou o reino dos espíritos”. Ocupava um lugar intermediário, na teogonia egípcia, tal como a própria terra de Khem, à época: ponte entre o passado primordial e o futuro secular e materialista, entre o Sagrado e o profano.
     São palavras atribuídas à Deusa: “Revelei à humanidade iniciações místicas. Ensinei a reverência pelos deuses, estabeleci os templos”.
Todas as experiências dos Mistérios, em linhas gerais, convertiam-se em duas vertentes, que formavam a essência das revelações recebidas: naqueles chamados de Menores, ou Mistérios de Ísis, os candidatos conheciam a alma humana e resolviam o mistério da morte. Nos graus mais adiantados, os Maiores, ou Mistérios de Osíris, conheciam a Alma Divina: “Eram levados à comunhão pessoal com o Criador”. Revelava-se-lhes, então, a autêntica história da Atlântida, intimamente ligada à Queda do homem.
     Há uma espécie de autobiografia, de Apuleio, escritor do século II, onde esse iniciado revela, desses Mistérios, “o que pode ser revelado”.
     Plutarco escreveu: “... devemos ouvir as histórias e fábulas e aceitá-las de quem as interpreta, com espírito reverente e filosófico”.
     O grego Platão testemunhou sobre esses Mistérios, assim: “Em consequência dessa divina iniciação, convertemo-nos em espectadores de benditas visões singulares, inerentes à luz pura, e nós mesmos nos purificamos e nos libertamos da roupagem que chamamos corpo, ao qual estamos agora ligados como uma ostra à sua concha”.
     Na tradição egípcia, “aquele que conhece o Nome tem o Poder”. Por isso, também, Ela, Ísis, merece o cognome de Poderosa.
     Tanto a religião como a magia egípcias tornaram-se inconcebíveis para o homem moderno, quando ele perdeu a capacidade de pensar, em termos simbólicos, de estabelecer verdades em uma linguagem análoga.
     Certo é que, dadas manifestações do Uno ajudam mais que outras, num determinado período histórico. Falam a uma época fixa e a uma necessidade específica desse instante. Segundo Artur Versluis, isso foi - e, talvez, ainda o seja - o que se passou com a citada deusa egípcia.
     Pausânias conta as histórias de dois homens que desejaram descobrir, por simples curiosidade, os Mistérios da Deusa. Ambos castigados, ao fim das narrativas, o autor conclui: “Não faz bem à humanidade ver os deuses em forma corporal”. E nós corroboramos sua afirmativa, com a frase: “O Sagrado Conhecimento se protege a si mesmo”. Razão especial porque devemos nos aproximarmos desses deuses antigos, com o máximo respeito e devoção. Eles estiveram esquecidos há tanto tempo que, só gradual e humildemente, conseguiremos ganhar-lhes outra vez a confiança.
Se admitirmos o Arquétipo como preexistente a toda experiência humana, pelo fato de pertencer ao plano imaterial, fica estabelecido que “o homem não cria os seus mitos, mas simplesmente os intui”.
Louvor e Serviço, pois, Àquela que de Si disse: “Eu sou tudo o que foi, é ou será, e jamais houve alguém que tenha retirado meu véu”.
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Edna Duarte Dantas é advogada, escritora, cantora, artista plática, teosofista, rosa-cruz e maçona ligada à Ordem Maçônica Mista Le Droit Human
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revista ISIS, março de 1996 - by Sandro Fortunato