terça-feira, 23 de outubro de 2012

DICIONÁRIO DOS DEUSES LETRA F


_Letra "F"

Feitiçaria_Feitiçaria designa a prática ou celebração de rituais, orações ou cultos com ou sem uso de amuletos ou talismãs, por parte de adeptos da Bruxaria com vista à obtenção de resultados ou objetivos. Pode estar relacionada com cultos às forças da natureza ou aos antepassados já falecidos, sendo que está também frequentemente relacionada com o uso de artes consideradas mágicas, à invocação de entidades , como por exemplo, espíritos e deuses, ou no emprego de diversas formas de adivinhação.
Os praticantes e líderes da feitiçaria, designados de feiticeiros, gozavam de uma considerável influência social em diversas comunidades, sendo encarados como líderes religiosos ou conselheiros.

Feitiçaria, Ato de_Na Inglaterra, o Ato de Feitiçaria , promulgado em 1735, por um lado proibia a feitçaria, ao passo que tambem estipulava que a feitiçaria não existia e que qualquer pessoa que clamasse possuir poderes sobrenaturais seria processada. Mas foi somente em 1951 que a legislação britânica eliminou a última referência à feitiçaria de seu Código Penal.

Flamel, Nicolas_O mais célebre alquimista francês. Dizem que seu nascimento ocorreu no ano de 1330, perto de Pointoise, no seio de uma família muito humilde, apesar de haver recebido educação de um letrado. Uma de suas obras mais conhecidas é O Livro das Figuras Hieroglíficas, em cujas figuras se escondem os processos da Grande Obra. Flamel previu que um dia ou outro seria detido, sobretudo desde que se suspeitou que possuía a Pedra Filosofal. Antes que se iniciasse sua perseguição, idealizou um meio de evitar sua detenção: fez publicar a notícia da sua morte e da sua mulher chamada Perrenelle. De acordo com seus conselhos ela fingiu uma enfermidade que seguiu um curso fatal, e segundo suas instruções, quando a encontrassem morta, estaria aguardando-o na Suíça. Em seu lugar se enterrou um pedaço de madeira coberta com algumas prendas, e para cumprir o cerimonial estritamente, se celebrou o ato fúnebre numa das capelas que ela mesmo havia construído. Pouco depois ele recorreu ao mesmo estratagema; e como o dinheiro abre todas as portas, não custou muito ganhar a confiança de médico e eclesiásticos. Flamel deixou um testamento no qual dispunha que o enterrassem com sua mulher e se levantasse uma pirâmide sobre suas sepulturas; e enquanto este sábio autêntico viajava para reunir-se com sua esposa, enterrou-se um segundo pedaço de madeira em seu lugar. Desde aquelas datas, ambos levam uma vida muito filosófica, dedicados a viajar e a ver países. Esta é a verdadeira história de Nicolas Flamel, não a que você acredita nem a que se pensa em Paris, onde muito pouca gente têm conhecimento da verdadeira sabedoria.
Há outros numerosos testemunhos e relatos, que dão fé da sobrevivência de Flamel. É muito curioso que todos eles concordam num ponto: o filósofo e sua esposa se retiraram à Índia quando se encontraram na Suíça, onde ela o havia precedido para fazer os preparativos da grande viagem.

Flammarion, Nicolas Camille_ Sua obra e suas convicções influenciaram a geração que sucedeu ao codificador, na França e no Brasil, e tornaram-se a base da Metapsíquica nascente. As obras sobre a vida de Flammarion são raras. Na nossa língua encontramos pequenas biografias de poucas páginas, há algumas resenhas sobre seus livros de temática espírita na "Revue Spirite" publicada por Allan Kardec, seu discurso no túmulo de Allan Kardec, publicado pela FEB em "Obras Póstumas" e os dados biográficos inseridos nos três livros "Allan Kardec" de Zêus Wantuil. As principais fontes deste trabalho, entretanto, devemos à gentileza de Alexandre Rocha, e são o livro autobiográfico "Memórias Biográficas e Filosóficas de um Astrônomo", escrito no início do século XX, onde Flammarion relata sua infância, seu contato com o Espiritismo, suas atividades e produção relativas à astronomia. Outro documento também relevante foi um fragmento de um discurso pronunciado por Flammarion em 1923, na British Society for Psychical Research. Entre os tipos de atividades que realizou, Flammarion mediu estrelas duplas e realizou cálculo de suas órbitas, estudou a direção das correntes aéreas, fez estudos higrométricos do ar, analisou a rotação de corpos celestes, confeccionou mapas de Marte e escreveu trabalhos sobre a constituição física da Lua.

Fludd, Robert_ Tesoureiro da rainha Elizabeth, estudioso de Paracelso, membro da Christ Churc, foi dono de extraordinária erudição. Amou as ciências exatas e demonstrou possuir raro espírito de observação, sendo ao mesmo tempo filósofo, médico, anatomista, físico, químico, matemático e engenheiro. Adversário dos "peripatéticos" (os que seguem a filosofia de Aristóteles), e em geral de toda a filosofia pagã, introduziu na Inglaterra a filosofia natural e a teosofia de Paracelso e de Cornélio Agripa. Tal como Paracelso esforçou-se por formar um sistema de filosofia fundado na identidade da verdade espiritual e física.

Fort, Charles_foi um escritor estadunidense e pesquisador de fenômenos anômalos. Charles Hoy Fort, um norte-americano que viveu na primeira metade do século XX (morreu em 1932), foi um colecionador de fatos insólitos e um dos precursores de realismo fantástico. Entre os incríveis fenômenos catalogados por Fort, destacam-se as chuvas estranhas.

Fortune, Dion_Saída da Ciência Cristã, desde cedo teve seu interesse voltado para o ocultismo e foi na frase "Dio non Fortuna", que ela se inspirou para adotar o seu pseudônimo esotérico.
Por volta de 1910, sofreu uma agressão mágica. Sua aura, a concha fechada que protege o indivíduo dos impactos das influências externas foi rompida neste ataque e sua saúde foi abalada. Este fato direcionou seu interesse para a psicologia e posteriormente, para o ocultismo.
Sua vitalidade foi diminuindo cada vez mais, até que em 1919 foi admitida na "Alpha and Omega Lodge of the Stella Matutina", uma sucursal da "Golden Dawn". Foi a partir dai que ela aprendeu a energizar e dirigir seu poder inato para fins mágicos.
Em 1924 fundou a famosa ordem místico/mágica:
“Society of the Inner Ligth", com sede na Inglaterra, uma sociedade iniciática para a manutenção e sobrevivência das antigas tradições esotéricas ocidentais.
Nos últimos dias de sua vida contatou Aleister Crowley e, como ele, utilizou a corrente secreta sexual polarizada dirigida para a magia. Sua novela "Moon Magic", publicada postumamente, descreve a sacerdotisa de Isis que vem para restaurar o paganismo para o mundo que tinha perdido o contato com as forças elementais, para tornar a vida realmente dinâmica.

Fox, Irmãs_Em dezembro de 1847 uma família metodista de nome Fox alugou uma casa em vilarejo típico de New York chamado Hydesville. Nessa família havia duas filhas de nome Margaret de 14 anos e Kate, de 11 anos. Em 1848 surgiram na casa ruídos, arranhões, batidas, sons semelhantes ao arrastar de móveis que não deixava as meninas dormir, a não ser no quarto de seus pais. Tão vibrantes eram esses sons que as camas tremiam e moviam-se. As irmãs Fox iniciaram o diálogo com o espírito batedor, fato este que passou a história do Espiritismo como o episódio de Hydesville.
Passado esse acontecimento no qual as meninas ficaram conhecidas, estas iniciaram sessões em New York e em outros lugares, triunfando em cada ensaio a que eram submetidas. Durante esses atos de mediunidade pública, em que provocavam indignação às moças entre pessoas que não tinham a menor idéia do significado religioso dessa nova revelação, entre aqueles cujo interesse estava na esperança de vantagens materiais, as irmãs estiveram expostas ás enervantes influências das sessões promíscuas de tal maneira que nenhum espírita conhecedor da problemática ousaria assim proceder. Naquela ocasião os perigos de tais práticas não eram tão notados quanto agora, nem ao povo ocorria que não era possível que espíritos elevados baixassem a terra para dar conselhos acerca das ações das estradas de ferro ou soluções para os casos amorosos. Contra a sua formação moral das quais jamais houve qualquer suspeita, mas elas tinham enveredado por um caminho que conduz a degeneração da mente e do caráter, embora só muitos anos mais tarde tivessem manifestado os mais sérios efeitos.

Em 1852, o Dr. Elisha Kane, de origem puritana, pois considerava a Bíblia como a última e definitiva palavra de inspiração divina, encontra Margaret e com ela veio a casar-se. Kane estava convencido de que a jovem estava envolvida em fraude e nas cartas que lhe enviava a acusava continuamente de viver em erro e hipocrisia. Kane estava convencido de que a irmã mais velha de Margaret, Leah, visando fins lucrativos estava explorando a fraude.
O casamento durou até 1857, ocasião em que a viúva, então se assinando Mrs. Fox-Kane, abjurou os fenômenos por algum tempo e foi recebida na Igreja Católica Romana. Em 1871, depois de mais de 2O anos de trabalho exaustivo, ainda as encontramos recebendo entusiástico apoio e admiração de muitos homens e senhoras importantes da época. Só depois de 4O anos de trabalhos públicos é que se manifestaram condições adversas em suas vidas. Foi em 1871 que, graças a generosidade de Mr. Charles Livermore, eminente banqueiro de New York, Kate Fox visitou a Inglaterra. Era um sinal de gratidão do banqueiro pela consolação que havia recebido de sua força maravilhosa e um apoio para o progresso do Espiritismo. Ele proveu todas as suas necessidades e assim evitou que ela tivesse de recorrer ao trabalho remunerado.

A visita de Fox à Inglaterra evidentemente foi considerada como uma missão. A recém-chegada iniciou suas sessões logo depois do seu desembarque. Numas das primeiras, um representante de "The Times" esteve presente e publicou um relato da sessão, realizada em conjunto com D. D. Home, grande amigo da médium. Isto se lê num artigo sob o título "Espiritismo e Ciência" que ocupou 3 colunas e meia em tipo saliente. O representante de The Time diz que Miss Fox o levou até a porta da sala, convidou-o a ficar de pé a seu lado e segurou-lhe as mãos, o que ele fez, "quando foram ouvidos fortes golpes, que pareciam ser das paredes e como se fossem dadas com os punhos. Os golpes eram repetidos a pedido nosso, qualquer número de vezes".
A 14 de dezembro de 1872 Miss Fox casou-se com Mr. H. D. Jencken, um advogado londrino, autor de um "Compêndio de Direito Romano Moderno", e secretário geral honorário da Associação para a Reforma e Codificação do Direito Internacional. Foi ele um dos primeiros espíritas da Inglaterra. Assim relata Crookes, um encontro com Miss Fox, quando as únicas pessoas presentes era ele, sua senhora, uma parenta e a médium. "Eu segurava ambas as mãos da médium numa das minhas mãos, enquanto seus pés estavam sobre os meus. Havia papel sobre a mesa em nossa frente e eu tinha um lápis na mão livre. Uma luminosa mão desceu do alto da sala e, depois de oscilar perto de mim durante alguns segundos, tomou o lápis de minha mão e escreveu rapidamente numa folha de papel, largou o lápis e ergueu-se sobre nossas cabeças, dissolvendo-se gradativamente na escuridão". Muitos outros observadores descrevem fenômenos similares com a mesma médium em várias ocasiões. Os detalhes das sessões poderiam encher um volume.

É opinião do Professor Butlerof da Universidade de São Petersburgo que, depois de investigar os poderes da médium em Londres, escreveu em The Spiritualist em 1876: "De tudo quanto me foi possível observar em presença de Mrs. Fox sou levado à conclusão de que os fenômenos peculiares a esse médium são de natureza fortemente objetiva e convincente e que, penso, seriam suficientes para levar o mais pronunciado cético, desde que honesto, a rejeitar a ventriloquia, a ação muscular e semelhantes explicações dos fenômenos".

Mr. Jencken morreu em 1881 deixando a viúva com duas filhas. Margaret tinha se juntado a irmã Kate em 1876 e permaneceram juntas por alguns anos, até que ocorreu o lamentável incidente envolvendo a família. Parece que houve uma discussão amarga entre a irmã mais velha, Leah e as duas moças. É provável que Leah tivesse sabido que havia então uma tendência para o alcoolismo e tivesse feito uma intervenção com mais força do que tato... Alguns espíritas também interferiram e deixaram as 2 irmãs meio furiosas, pois tinha sido sugerido que os 2 filhos de Kate fossem separados dela. Procurando uma arma - uma arma qualquer - com a qual pudessem ferir aqueles a quem tanto odiavam, parece que lhes ocorreu - ou, de acordo com o seu depoimento posterior, que lhes foi sugerido sob promessa de vantagens pecuniárias - que se elas injuriassem todo o culto, confessando que fraudavam, iriam ferir a Leah e a todos os confrades no que tinham de mais sensível.
Ao paroxismo da excitação alcoólica e da raiva juntou-se o fanatismo religioso, pois Margaret tinha sido instruída por alguns dos principais espíritos da Igreja de Roma, e convencida - como também ocorreu com Home durante algum tempo - que suas próprias forças eram maléficas, no que ficou reduzida a um estado vizinho da loucura. Antes de deixar Londres, escreveu ao New York Herald denunciando o culto, mas sustentando numa frase que as batidas "eram a única parte dos fenômenos digna de registro". Chegando a New York, onde, conforme sua subseqüente informação, deveria receber certa quantia pela sensacional declaração prometida ao jornal, teve uma verdadeira explosão de ódio contra sua irmã mais velha.

Posteriormente, um ano após o escândalo de Margaret, esta fez extensa entrevista à imprensa de New York denunciando a tentação do dinheiro e admitindo haver dito falsidades contra os Espíritos pelos mais baixos motivos. "Praza Deus" - disse ela com voz trêmula de intensa excitação - "que eu possa desfazer a injustiça que fiz à causa do Espiritismo quando, sob intensa influência psicológica de pessoas inimigas dele, fiz declarações que não se baseiam nos fatos". Mais adiante pergunta o entrevistador. "Havia alguma verdade nas acusações que a senhora fez ao Espiritismo?" - "Aquelas acusações eram falsas em todas as minúcias. Não hesito em dizê-lo... Não. Minha crença no Espiritismo não sofreu mudanças. Quando fiz aquelas terríveis declarações não era responsável por minhas palavras".
Tanto Kate quanto Margaret morreram no começo do último decênio do século e seu fim foi triste e obscuro. Todavia, as idéias espíritas disseminadas através de seus feitos, ora através do cansativo alfabeto das batidas, ora por eventos espetaculares cuja causa era a mediunidade de ambas, prepararam o terreno para a codificação, que se seguiria sob a diretriz do Espírito da Verdade e a coordenação segura de Allan Kardec.

Frazer, James George_Antropólogo, folclorista e historiador das religiões escocesas (Glasgow, 1854 - Cambridge, 1941). Autor de O Ramo de Ouro (1890-1915), Frazer tinha como idéia básica descobrir o fundamento das religiões no folclore.

 

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