sexta-feira, 6 de setembro de 2013

ULTIMA REUNIÃO DO OLIMPO

A última reunião do Olimpo.

 
 


 
 
Após anos de reinado, desde a grande titanomaquia, o reinado dos olimpianos estava ameaçado, ameaçado pelos mortais, eles estavam virando as costas para os deuses, esquecendo-os, e tornando-se cada vez mais arrogantes e cegos.
Eles viravam as costas para seus deuses, que lhe deram tudo, lhes ensinaram tudo o que sabem, desde o fogo roubado por Prometeu, que sofreu tanto, em nome deles, a dedicação de Deméter em ensinar-lhes a cultivar a terra, e nunca deixá-los sem alimento, a dedicação de Atena e Têmis a derem-lhes a sabedoria e a justiça, a Zeus que os protege e mantém a ordem entre eles, a Poseidon, que lhes permite pescar, eles estão ignorando tudo isso. E nem mesmo o grandioso Destino, pode fazer algo, eles não acreditam que são controlados por ele.
Eles começaram, a inventar falsos boatos sobre nós, a ressaltar nossos lados mais perversos e arrogantes, eles buscam novas formas de religião, e começam a nos ignorar e rejeitar, e aos poucos estão destruindo nossas imagens, primeiro, começaram a buscar novos nomes para nós, foram eliminando alguns, e misturando com outros, tornando dois, três, um único, e logo acabaram com todos nós.
Foi em meio a essa preocupação e terrível crise, que Zeus convocou uma reunião no Olimpo, a última reunião do Olimpo. Compareceram todos os deuses e semi-deuses, de importância, que já estavam a vagar sem rumo e sem serventia.
Zeus se assenta em seu resplandecente trono, ao lado de Hera, a sua bela esposa, que mais do que nunca, está preocupada, seus olhos são inquietos, ela busca algo, talvez em seu próprio interior.
É Zeus que inicia o discurso:
- Meus irmãos e meus filhos, todos sabemos o que está acontecendo entre os mortais, todos sabemos a crise que se abate sobre o Olimpo, nunca passamos por isso, e podemos ter a certeza de que nada voltará a ser o que era antes. Os mortais estão nos desprezando, nossos templos são incendiados e destruídos, nossas estátuas são lançadas ao chão, e ao fundo do mar. Eu quero uma solução.
Quem se adianta a falar é Éris, a bela deusa da discórdia , ela ergue-se segurando seu manto negro, e pronuncia.
- Eu proponho o fim dos mortais, a destruição de cada um deles!
Um burburinho se estende entre as divindades, e Zeus rapidamente profere:
- Não podemos acabar com os mortais, esse não é o destino deles, vamos pensar em nós, o que vamos fazer agora, que temos essa crise pela frente, e logo estaremos esquecidos, enterrados nas areias do tempo.
- Irmão... - Diz Poseidon, interrompendo Zeus - ...Podemos mandar uma catástrofe, mostrarmos nossa fúria á eles, mostrarmos o que acontece com quem nos desrespeita.
- Poseidon, meu irmão, já fizemos isso e nada adiantou, eles continuam tolos e ignorantes, vamos tentar pensar em nós, estamos ficando fracos com a deslealdade dos mortais, cada ato deles está nos prejudicando gravemente... - diz Zeus, sendo interrompido por Héstia.
- Sim... realmente, basta olharem a chama do Olimpo, ela está mais fraca a cada dia, temos que fazer algo rápido, antes que seja tarde! - Conclui Héstia, segurando em suas mãos uma pequena chama, uma parte da chama do Olimpo.
- Eu acho que a melhor opção, ainda é a de Éris. - diz Ares, brandindo a sua lança, seguido de Ênio, Fobos e Deimos.
- Meu pai, se me permite... - diz Atena.
- Sim, prossiga.. - Concede Zeus.
- Devemos pagar os mortais com a mesma moeda, eu digo, se eles nos ignoram, faremos o mesmo, se nos rejeitam, rejeitaremos eles, se nos esquecem, esqueceremos eles! - conclui a deusa guerreira, sendo seguida, por boa parte das divindades, inclusive Hera, que fala:
- Já como não podemos fazê-los pagar por essa intolerável audácia, acho uma boa ideia a de Atena, eles rapidamente vão sentir a nossa falta e quando forem nos procurar não vamos estar lá.
- E como vamos fazer isso? - Pergunta Zeus.
- Talvez eu tenha a resposta meu senhor... - diz Hefesto, se erguendo com dificuldade.
- O que propõe Hefesto? - Pergunta o rei dos deuses.
- Um novo reino, um novo Olimpo, um lugar para os deuses, e para todas as criaturas, para tudo o que os mortais estão rejeitando, poderemos dar um novo inicio, sem eles, sem a audácia e intolerância deles. Podemos criar isso facilmente, e não vamos mais pensar e nos preocupar com eles, um lugar acessível apenas á nós, um outro mundo.
- Hefesto, parece uma boa ideia, mas não podemos nos excluirmos, a propósito, como podemos esquecer os nossos reinos, o meu, o de Poseidon, e o Olimpo? - Pergunta Hades, seguido de outros.
- Não esqueceríamos... - continua o senhor da forja - ... Podemos estar em todos os lugares, somos deuses, apenas esse lugar seria a nova casa dos Olimpianos, e das criaturas, o submundo, assim como seu oceano Poseidon, iriam continuar lá, apenas vocês, deveriam ignorar os mortais e não dar mais á eles as suas dádivas, como você Deméter, sem você, tudo vai ficar difícil pra eles, talvez seja a única forma, deles sentirem pelo que estão fazendo.
- Concordo com Hefesto... - diz Poseidon - ... quero ver quando eles pescarem, sem ter o que pescar, quando plantarem, sem colherem bons frutos, quando as estações se misturarem, quando as tormentas vierem e eles não serem protegidos, quando a terra tremer, e não poupar as cidades, pois não haverá deuses, para evitar.
- Realmente, parece uma boa solução. - concluir Zeus.
- Porém não devemos nos esquecer, sem acabar com os mortais! - Adverte Têmis. - Procuremos um meio de não trazermos abundancias á eles, mas de não deixarmos eles desamparados, afinal as Moiras controlam tudo.
Nesse momento o Olimpo escurece, e um vento gelado sopra, as estrelas descem do alto céu, formando uma escadaria, e descendo por ela, vem Moros acompanhado de Ananque, sua esposa, que lhe tras pela mão, já que o deus supremo, é cego, para não ver a quem reserva o destino.
Todos os deuses se calam, e Ananque prossegue:
- Bem aventurados deuses, é destino dos mortais, mudarem constantemente, porém isso saiu de controle, ao permitirmos isso á eles, dando dadivas e conhecimento... - Ananque é interrompida por seu esposo, o Destino.
- Vocês sabem, se o dono não cuida bem do seu cão, não o educa devidamente, não mostra a ele quem realmente manda, ele vai assumir essa posição, ele vai buscar controlar o seu dono. A situação fugiu do controle. E agora é tarde para voltar atrás, mesmo que eles mudem, destruam a imagem de cada um de vocês, esqueçam-se de vocês, e busquem outros deuses, outras formas de acreditar, não desamparem eles, caso contrário não seria destino eles terem sido criados.
- Nós consentimos, com a ideia desse novo reino, será bom, uma forma deles sentirem a falta dos deuses, mas não desamparem eles, apenas não deem mais dádivas, poupem recursos, façam com que eles tenham que sofrer mais para conseguirem sobreviver. - Diz Ananque.
- Assim sendo, nem mortais e nem imortais irão ser esquecidos, irão morrer, irão ficar á beira da desilusão, da não serventia. - Conclui Moros.
- Assim o faremos. - Acentua Zeus, o soberano do Olimpo.
E subindo novamente para o céu superior, vão Moros e Ananque, que ainda continuarão a ordenar o futuro e o destino dos mortais, assim como suas sortes, pesadelos e sonhos.
- Assim sendo, basta decidirmos, como vamos criar esse novo reino. - Conclui Zeus.

Os deuses discutem por mais um tempo, e logo todos se põem a trabalhar nesse novo reino.
Do próprio Olimpo, eles constroem tudo, desde a areia do mar, as terras mais sombrias, o frio, o sol, a chuva, o vento, os animais, a água, o céu, as montanhas, e emfim a maior delas, o novo Olimpo, e é Hefesto quem vai pessoalmente, ao lado dos leais Ciclopes, criar o novo Olimpo.
São ordenados reinos, por diversas ilhas, nelas habitarão as criaturas "mitológicas", sendo controladas pelos deuses, de uma gigantesca montanha, que leva em seu alto, o grandioso palácio dos deuses, o novo Olimpo.
As ninfas, centauros, sátiros, nereidas... e todas as outras criaturas são transferidas para essas terras, e logo depois os deuses, e emfim o mundo começa a perceber a falta dos deuses.
Logo que eles deixam a terra, a pesca começa a diminuir, as plantações enfraquecem, o sol brilha fraco, o vento certos dias sopra com força, outros quase não se faz presente, e tudo se torna mais duro pros mortais, que logo já nem se lembram dos seus deuses, a não ser pelos livros que resplandecendo do passado dourado ficaram....

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