“Tu és a Nutridora
Que nos alimenta e sacia a nossa sede;
Tu és a Criadora
De todas as coisas que sustentam a vida;
Tu és aquela que abraça
E cuida dos pobres e necessitados.”
Hino dedicado a Anuket
Que nos alimenta e sacia a nossa sede;
Tu és a Criadora
De todas as coisas que sustentam a vida;
Tu és aquela que abraça
E cuida dos pobres e necessitados.”
Hino dedicado a Anuket
Na cultura egípcia, a reverência ao Sagrado Feminino remonta à era neolítica.
A representação da criadora assumiu várias manifestações que podem ser sintetizadas na imagem da “Árvore da Vida”, que oferece, pelos seus frutos ou folhas, a água da vida, seja para a existência terrena, seja para a passagem da alma de uma dimensão para outra.
Inúmeras estatuetas de argila comprovam que a antiguidade dos cultos de diversas deusas remonta à uma época entre 5500 e 3300 anos a.C. Essas deusas eram cultuadas em seus templos, nos quais as funções sacerdotais e oraculares eram desempenhadas por mulheres.
No Egito antigo, as mulheres desfrutavam de muita consideração e respeito, tendo um status elevado e sendo as transmissoras do nome e da propriedade para seus descendentes.
As rainhas eram o elo entre uma dinastia e outra e a herança real seguia pela linhagem feminina.
Somente muito tempo depois que o culto das deusas foi substituído pelo dos deuses, passando então o faraó a ser considerado a manifestação do próprio Deus.
Mesmo assim, Ísis continuou a ser cultuada até a conquista do Egito pelos Romanos. Vestígios de seus atributos, nomes, representações e santuários foram adotados pelo Cristianismo, na veneração de Maria.
Uma deusa egípcia menos conhecida é Anuket, a “personificação” da fonte do Rio Nilo, que nascia do seu ventre.
Era representada com quatro braços – que simbolizavam a união dos princípios feminino e masculino – sendo ela “A Una”, nascida por ela mesma e, apesar de virgem, geradora do Deus Solar. Versões posteriores lhe atribuíram um consorte – Knemu - considerado o criador, casado com duas irmãs – Anuket e Satet - às quais ficou atribuída somente a regência das cataratas do Nilo.
No mito original, Anuket, “A que abraça”, gerava a vida e seu emblema era o búzio – símbolo universal do yoni, a vulva, usado em vários países como amuleto para a fertilidade, renascimento, cura, poder mágico ou boa sorte.
Segundo algumas fontes, um dos seus nomes, Anka, “A Senhora da Vida”, deu origem à palavra ankh, “A Chave da Vida”, antigo símbolo feminino que representava o yoni da Deusa e a imortalidade dos deuses, assegurada pelo sangue divino da Deusa. Nos selos antigos, a parte ovalada da ankh era pintada em vermelho, enquanto a cruz fálica era branca.
Mais tarde, a ankh ficou conhecida como “A Chave do Nilo”, reproduzindo a união mística de Ísis e Osíris, que provocava a inundação anual do rio que fertilizava as terras ribeirinhas.
Para as mulheres contemporâneas, o arquétipo de Anuket é um poderoso incentivo para que reconheçam sua capacidade inata de gerar e nutrir, não apenas aos outros, mas a si mesmas, bem como as múltiplas possibilidades existentes para sua realização sem, no entanto, quererem “abraçar o mundo com suas mãos”.
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