sábado, 30 de maio de 2015

OLIMPO ESTAVA EM FESTA 1 PARTE


Comemorava-se o décimo milênio da derrota do monstro Tifão, última ameaça séria aos deuses olimpianos. Com efeito, Zeus, Poseidon, Hades e os demais deuses gregos, após um sem número de batalhas, que se iniciaram com a primeira guerra mundial contra os titãs, passando por inimigos perigosos como Tártaro, Gaia, Erebus, os gigantes e, por fim Tifão, gozavam de um longo período de paz. Seus reinos prosperaram e se mantiveram estáveis. Evidentemente, existiram algumas rusgas dentro do panteão grego e com outros panteões menores. Desnecessário dizer que tais entreveros causaram reflexos na Humanidade – em geral guerras e desastres naturais. Muitos desses deuses se odiavam, mas, em nome do Olimpo e em nome de Zeus, tais animosidades eram abafadas ou contornadas. O filho caçula de Cronos não queria mais inimigos, nem perder o controle do seu império. Após tantas guerras foi alçado ao Poder Supremo. Era tido como o líder e respeitado por todos. Governava com o auxílio de Atenas e Hermes, seus filhos favoritos. Vangloriava-se de seus feitos e de seu Poder. Apesar de gostar da guerra e não negar fogo, ou melhor, raios, a ninguém, em razão da sua conhecida impetuosidade, evitava desavenças e buscava dirimir as que surgiam entre seus pares, o que não era pouco trabalho. Toda semana havia alguma querela ou intriga palpitando sob seu palácio, no topo do Olimpo. Enfim, Zeus governava de forma firme, mas com serenidade, pois amava o Poder e sabia que a discórdia e a truculência, a longo prazo, poderiam lhe privar da soberania, como ocorrera com Urano e Cronos.
Com este espírito, de se perpetuar no comando, procurou não só resolver de forma rápida e firme todos os conflitos familiares, sem demonstrar medo e sem anular seus filhos, irmãos e irmãs, mas também buscou manter boas relações com outros panteões. Também evitou intervir nos rumos da Humanidade, atendendo, com isso, ao pedido de Prometeu – embora acompanhasse, de longe e com certa apreensão, o desenvolvimento dos terrestres mortais.
Apesar de os humanos serem considerados como uma raça inferior e pouco relevante para os deuses e para os desígnios do universo, não sendo vistos como um perigo para a primazia dos deuses, Zeus, sábio que era, e seus irmãos – com exceção de Hera – bem como seus filhos, Atena e Hermes, os respeitavam como irmãos, não pela potencialidade dos humanos, mas porque eram seres vivos dotados de sentimentos, racionalidade e personalidade. E isso bastava para que a Humanidade fosse respeitada.
A comemoração de qualquer vitória dos olimpianos foi sempre um evento grandioso. Zeus convidava todos os deuses do Olimpo, com exceção de uma deusa. Até mesmo Hades, muito mal quisto por todo ou quase todo o Olimpo, e Perséfone, que desde que fora raptada por seu esposo passou a ser reservada e calada, marcavam presença nestas comemorações – a contragosto, obviamente. Hades sempre fora discreto, sendo a antítese de seu irmão, Zeus.
Nestas datas comemorativas, o Olimpo fervia antes, durante e depois das festas, obviamente por motivos diversos. O estresse as antecediam, os excessos as acompanhavam e as brigas as sucediam.
Sempre que havia festa, era a mesma coisa. Homens, Centauros, Hárpias, Manticores e toda sorte de criatura corriam de um lado para o outro para atender Hera, responsável pela organização dos eventos. Hera possuía um rosto arredondado, seus trajes eram próprios de uma divindade conservadora. As roupas bem alinhadas e costuradas, como gostava, escondiam todas as partes do corpo feminino que pudessem causar desejos nos homens, mulheres, deuses e deusas. Não usava decote, o que irritava Zeus, seu vestido era longo e escondia inclusive os pés. Os ombros e os braços eram cobertos por uma manta. Usava vários apetrechos na bela cabeleira, de forma a não deixá-la solta, mas ainda assim tinha o cuidado de proteger o belo pescoço da concupiscência alheia. O corpo era esguio, embora seus fartos e saborosos seios a ela concedessem um ar imponente e hipnotizante. Tinha a dignidade de uma mulher casada e de uma mãe, e caracterizava-se por ser muito exigente, especialmente nestas datas em que haveria convidados e convidadas divinas.

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