Deusa Leucoteia
Leucoteia–Deusa Marinha Grega
Ino e Baco, de John Henry Foley (1818-74)
Leucoteia, do grego Leukothea, "deusa branca", é uma deusa marinha da mitologia grega, protetora dos marinheiros nas tempestades, que teria sido originalmente uma mortal - Ino, de Tebas ou Hália, de Rodes.
Átamas, rei de Orcômeno ou de Tebas, se casou em primeiras núpcias com Néfele e foi pai de Frixo e Hele. Tendo repudiado a primeira esposa, uniu-se a Ino (do radical proto-indo-europeu *weno, "água"), filho de Cadmo. A princesa foi mãe de dois filhos, Learco e Melicertes, mas, enciumada com os filhos do primeiro casamento de Átamas, procurou eliminá-los. Ambos foram, porém, salvos pelo aparecimento de um carneiro voador, de velo de ouro, presente de Zeus ou de Néfele, que conduziu Frixo até a Cólquida, porque Hele, por causa de uma vertigem, caiu no mar, no estreito chamado por isso de Helesponto, isto é, Mar de Hele.
Mais tarde, após a morte trágica de Sêmele, irmã de Ino, esta convenceu Átamas a receber das mãos de Hermes o recém-nascido Dioniso e criá-lo com os filhos do casal, Learco e Melicertes. Irritada com a acolhida ao filho adulterino do esposo, Hera enlouqueceu os reis de Orcômeno. Ino lançou seu filho caçula, Melicertes, num caldeirão de água fervente, enquanto Átamas, com um venábulo, matava o mais velho, Learco, tendo-o confundido com um veado. Ino, em seguida, atirou-se ao mar com o cadáver de Melicertes e Átamas foi banido da Beócia.
As divindades marinhas, compadecidas do infortúnio da rainha, transformaram-na numa nereida com o nome de Leucotéia e Melicertes se tornou o deus Palêmon. Mãe e filho tornaram-se os protetores dos marinheiros, sobretudo durante as grandes tempestades. Na Odisséia, Leucotéia aparece ao náufrago Odisseu e o salva da morte certa, dando-lhe conselhos e orientação e empresta-lhe um véu imortal que, colocado sob o peito do herói, o salvaria das ondas.
Conta-se que Sísifo instituiu os Jogos Ístmicos em memória de Melicertes.
versão de Eurípides
Na segunda tragédia de Eurípides, Ino, que retrata, mutatis mutandis, o mesmo tema, o poeta introduziu uma variante, enfocando o terceiro casamento de Átamas com Temisto, filha de Hipseu. No relato euripidiano, Ino, após a frustrada tentativa de eliminar Frixo e Hele, fugiu para a montanha e consagrou-se com as Bacantes ao serviço de Dioniso.
Átamas, crendo-a morta, uniu-se a Temisto, com a qual teve igualmente dois filhos, Orcômeno e Esfíngio. Ino, porém, retornou secretamente à corte e tendo-se dado a conhecer a Átamas, foi admitida como serva. Temisto soube que sua rival não morrera, mas ignorava-lhe o paradeiro. Tendo concebido a ideia de eliminar os filhos de Ino, Learco e Melicertes, confidenciou o projeto à nova serva do palácio. Esta, imediatamente, aconselhou a rainha que vestisse de preto os filhos de Ino e de branco os que a soberana tivera com Átamas, a fim de que, no momento de eliminá-los, pudessem ser distinguidos na escuridão. Ino, todavia, trocou-lhes a indumentária e a rainha acabou por matar os próprios filhos. Tomando conhecimento do trágico equívoco, a terceira esposa de Átamas se enforcou.
Leucotéia de Rodes
Outra versão sobre Leucotéia, também como deusa marinha, a dá como originária da ilha de Rodes. Nessa versão, seu nome como mortal era Hália (de halos, "sal" ou "mar"), irmã dos Telquines que, unida a Posêidon, foi mãe de seis filhos e uma filha, Rodos, que deu nome à ilha que lhe serviu de berço.
Enlouquecidos por Afrodite, os filhos de Hália tentaram violentá-la. Posêidon, com um só golpe de tridente, sepultou-os nas entranhas da terra. Desesperada, Hália lançou-se ao mar e, com o nome de Leucotéia, passou a receber culto dos ródios como divindade marinha.
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