Eu faço
fios de energia
na teia
da criação
Onde nada
existia antes
do
vazio
para o
mundo
eu fio
criando a vida
a partir
da minha mente
a partir
do meu corpo
a partir
da minha consciência
do que
precisa existir
Agora
existe algo novo
e toda
a vida é alimentada.
A "Senhora do Arco-íris" se chamava Ixchel, uma velha
Deusa da Lua e da Serpente na mitologia maia. Os maias habitaram o sul do México
e Guatemala. Viveram em torno de 250 d. C. e associavam os eventos humanos com
as fases da Lua. Seu marido é o caritativo deus da Lua,
Itzamna.
A Deusa Ixchel foi adorada pelos maias da península do
Yucatã, em Cozumel, sua ilha sagrada. Ela ajuda a assegurar a fertilidade pelo
fato de segurar o vaso do útero de cabeça para baixo, de modo que as águas da
criação possam estar sempre jorrando. Ixchel também é Deusa da tecelagem, da
magia, da saúde, da cura, da sexualidade, da água e do parto. A libélula é seu
animal especial. Quando ela quase foi morta pelo avô por tornar-se amante do
Sol, a libélula cantou sobre ela até que se recuperasse.
O símbolo desta Deusa é o vaso emborcado do infortúnio.
Sobre sua cabeça repousa uma serpente mortífera, suas mãos e pés têm garras
afiadas de animais e seus traje é adornado com as cruzes feitas de ossos,
emblema da morte.
Ixchel se apresenta como o arquétipo que contém os
aspectos mais significativos da vida de uma mulher. É, por excelência, a Grande
Mãe, a Senhora da Terra, que em suas representações das fases da Lua abrange
tanto os aspectos femininos como os masculinos. É uma Deusa em perfeito estado
de integração, atravessando através de suas representações os estágios da mulher
jovem, madura e sábia anciã. Da luz provê o alimento, cuida na hora do parto,
assume o arquétipo do casamento ao ser uma esposa, companheira do Deus sol,
exercendo o poder para conseguir a abundância por intermédio da união
sagrada.
Integra ainda, outros dois arquétipos como anciã sábia ao
ser reconhecida como grande e poderosa Dama Velha, sua experiência leva-a a
saber tecer da melhor maneira e reconhecer o momento propício para esvaziar seu
jarro cheio de água sobre a terra. Em seus aspectos de Deusa jovem integra
componentes e atributos que remetem ao início da vida, e em seus aspectos de
Deusa anciã, é a mulher com experiência.
"A
essência feminina, quando é comentada, não é mais a essência
feminina"
Para as mulheres, a vida é cíclica. No curso de um ciclo
completo que corresponde à revolução lunar, a energia da mulher cresce, brilha
totalmente e míngua outra vez. Essas mudanças as afetam tanto na sua vida física
quanto sexual e psíquica. Se uma mulher quiser viver em harmonia com o ritmo de
sua própria natureza, ela deverá submeter-se à ela.
Em todas as épocas e por toda parte, os homens têm
concebido uma Grande-mãe que zela pela humanidade lá do céu. Este conceito pode
ser encontrado em praticamente toda a religião e mitologia cujos conteúdos
tenham chegado ao nosso conhecimento.
Os maias elegeram Ixchel como sua poderosa Mãe e Deusa da
Lua. Os mitos da Deusa lua e suas características protegem uma verdade que nada
mais é do que a realidade subjetiva interior da psicologia
feminina.
No passado e nos nossos dias, a Lua representa a imagem
do princípio feminino, que é uma função tanto do homem quanto da
mulher.
Visualiza-se Ixchel como a Mãe-Lua que mergulha neste
tempo e lugar trazendo das estrelas as energias de nossos
antepassados.
Apresenta-se coroada com serpentes, carregando objetos de
rituais tais como, o espelho e plantas sagradas.
A Lua é uma força fertilizadora de muita eficácia. Faz as
sementes germinarem e as plantas crescerem, mas seu poder não termina aqui, pois
sem sua ajuda os animais não poderiam gerar filhotes e as mulheres não poderiam
ter filhos.
Como o bem-estar de uma tribo pequena depende primeiro de
seu contingente humano e, segundo, de seu suprimento de alimentos, imaginem a
importância que se reveste a adoração da Deusa da Lua.
A Senhora da Lua senta-se sobre ela, enquanto percorre
suas fases.
A Lua está diretamente associada aos mistérios da
menstruação e aos ciclos da vida humana. Ixchel carrega seu coelho da
fertilidade e da abundância.
O coelho sempre foi um amuleto muito estimado e é
extremamente poderoso se o coelho tiver sido pego em um cemitério durante a lua
cheia. Mas porque um coelho?
A lua cheia dá a chave do mistério. As marcas que
visualizamos a olho nu na Lua são conhecidas como "a marca da
lebre".
O Coelho da Páscoa contém um simbolismo que se aproxima
dessas idéias. A Páscoa era originariamente uma festa da Deusa
Lua.
Ixchel é a árvore da vida, provedora da fertilidade que
garante a continuidade da vida, tanto animal quanto vegetal e
humana.
Esta Deusa detêm os mistérios da vida e da sexualidade
feminina. Ela é Deusa do amor, mas não do casamento.
É protetora das mulheres e das crianças. O leite
nutritivo flui dos seus seios e o sangue sagrado da vida flui do seu útero.
(Códice Madri).
A Deusa da Lua, assim, tanto como provedora da vida e da
fertilidade era também, controladora dos poderes destrutivos da natureza,
portanto, Deusa da morte.
Para nossa mentalidade ocidental é quase impossível
conceber um deus que seja ao mesmo tempo gentil e cruel, criador e destruidor.
Mas para os adoradores da Deusa da Lua não havia contradição, pois ela vivia em
fases, manifestando em cada uma delas suas qualidades
peculiares.
Na fase do mundo superior, correspondente à lua
brilhante, ela é boa e gentil. Na outra fase, correspondente a lua escura, ela é
cruel, destrutiva e má. Assim, a Deusa nos mostra primeiro sua face benéfica e
depois seu aspecto raivoso.
Ixchel é a Grande-Mãe maia da Vida e da Morte. Ela
derrama as águas da vida do seu jarro de ventre sobre todos nós. Ixchel, também
é a dona dos ossos e das almas dos mortos. Sua festa é realizada em 1 de
novembro, Dia dos Mortos. (Códice Dresden)
Ixchel é com certeza, a Grande-Mãe maia. Encera em si as
qualidades de seu marido Kinich Ahau, "Rosto do Sol", que se confundia com
Itzamna, o Céu propriamente dito, pois era a sua manifestação diurna, por
oposição a sua imagem noturna. Ele era representado sob os traços de um velho
sábio.
Todos nós seres humanos possuímos os princípios femininos
(anima) e masculinos (animus) dentro de nossos psiques. E, como Jung claramente
já demonstrou, os deuses são forças que funcionam separadamente da vontade
consciente do homem e cuja ordem ele precisa se curvar.
Ixchel, tecelã da teia da vida vem até nós para dizer que
é hora de nos tornarmos mais criativas, deixarmos fluir a energia da criação e
da ousadia. Crie a obra da sua vida, seja pintando um quadro ou tendo um filho,
ou até plantando sua primeira árvore.
A criatividade é alimento, costura os rasgos da nossa
vitalidade, é cura imediata. É sangue que nutri e nos faz felizes e saudáveis.
Portanto, pare agora e se dê um tempo para ser criativa, tecelã de sua teia da
vida.
Procure aquelas aquarelas esquecidas no armário da
garagem e pinte o 7, ou até talvez um quadro para sua sala de visitas. Se não
ficar muito bom, coloque na sala da TV, mas ponha toda sua energia de artista
para fora. Não sabe pintar? Tudo bem, então dance ou cante, escreva um romance,
ou uma singela poesia. Explore também sua sexualidade e espere seu amado com uma
roupa nova e o cabelo arrumado. Tente ser feliz por um dia. Não deixe que nada a
detenha, nem que a chamem que um pouco alegre demais. Não faça caso, crie da
maneira que achar mais apropriada para você.
Você se sente tolhida na sua criatividade, por que acha
que os outros são melhor que você? Pois saiba que ninguém é igual a você. Para
de achar motivos para descobrir razões para não criar. Ixchel diz que a
totalidade é satisfeita quando você abre seu coração para a criatividade e a
vivencia.
É através da nossa conexão com o divino que nós
encontramos maneiras de superarmos nossos medos e nos relacionaremos melhor com
o mundo como um todo. Abrir-se para a beleza e a magia da Grande-Mãe, observando
cada detalhe de sua Criação, nos fará entender as mudanças pelas quais também
passamos. Este é o alimento que nutrirá nossa espiritualidade.
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