terça-feira, 7 de julho de 2015

AS AMAZONAS


AS AMAZONAS
A imagem das Amazonas, imagem invertida do ideal masculino sobre o feminino, nem sempre atuou para manter as mulheres em sua situação. Sendo o desempenho guerreiro um papel masculino em toda parte, e também um comportamento em geral vedado às mulheres, a imagem das Amazonas, operou primeiro para ampliar as oposições ao comportamento das mulheres dentro e fora do casamento e segundo para sancionar o motim e a desobediência políticas de homens e mulheres. A representação da Amazonas na literatura e iconografia, freqüente nos séculos XVI e XVII, nos leva a crer que a imagem teria a potencialidade de inspirar em algumas mulheres a ação e levá-las a refletir sobre suas possibilidades. Além do mais, a "mulher fora de lugar" alimentou a fantasia de algumas mulheres reais e pode ter inspirado ações excepcionais.

Na literatura, relatos e provérbios, a imagem das Amazonas em vários momentos foi diretamente recuperada e relacionada às potencialidades femininas, à mulher rebelde, à inversão da sexualidade , ao poder feminino e até à loucura feminina.

Representar a mulher no poder foi recurso de reflexão feminina sobre as potencialidades da mulher. O mito volta periodicamente modificado, alternando-se.

No início do século XVIII, as especulações sobre as "virtuosas" Amazonas estariam relacionadas à legitimação ao governo das rainhas européias, senão também à sugestão da possibilidade de ampliar a cidadania das mulheres. Pierre Petit e Claude Guyon trataram de encontrar argumentos plausíveis para explicar sua bravura, bem como de comprovar a sua existência. Já Poullain de la Barre usou-as em seus argumentos para a entrada das mulheres na magistratura, e nos primeiros anos da Revolução Francesa Condorcet e Olympe de Gouges fizeram um apelo em favor da plena cidadania das mulheres com argumentos sustentados na potencialidade feminina-amazona.

Movimentos de mulheres e feministas durante o século XX também usaram a imagem das Amazonas, instigando à luta pelos direitos femininos de igualdade e de cidadania.

O que me cabe acrescentar é que vivemos ainda em um mundo da “Grande Ilusão da Separação”, onde todos os membros da criação co-existem separadamente entre si como criaturas autônomas sem ligação com a natureza e seu ambiente, buscando gratificações por impulsos de poder, sexo e sobrevivência, em competição com os outros. E, nós mulheres, portanto, permanecemos alienadas de nossos verdadeiros eus, a fonte de todo nosso poder, que podemos caracterizar na simbologia da pedra sagrada, ofertada por nossa Mãe dos Muiraquitãs.

O xamanismo, juntamente com o retorno das Deusas, faz surgir uma possibilidade de lembrar-nos quem realmente somos: almas de grande majestade, beleza e poder criativo. Já nos é possível visualizar novos mitos de nós mesmas, novas maneiras de nos relacionarmos, novos rituais, sonhos e símbolos, novos métodos de fazer a paz e de resolver conflitos de forma não violenta. Já nos é possível definirmos uma nova linguagem e um novo sentido ético, novos modos de curar e educar e uma nova ciência baseada na espiritualidade.

A nossa Mãe Muiraquitã, nos implora para que atuemos em todas as áreas pessoais e planetárias, para trabalhar criativamente e construtivamente no interesse de nosso bem-estar comum. Nos informa ainda, que o trabalho que fazemos é por todas as mulheres e pela própria integridade da vida. A imaginação criativa da experiência das mulheres é a força que molda esta nova ordem, cuja mensagem é a nutrição espiritual de toda a criação. Sem o alimento espiritual o corpo perece.

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