Agora que estou em meu mundo novamente… com tanta saudade de Áine, vejo que apaixonar-se por uma deusa, de certa forma é sensacional, nos tornamos um pouco, semi-deuses.
Resolvi escrever um pouco sobre nossa história, para que jamais se perca nas linhas do tempo, e que fique gravado que um dia, um mortal foi capaz de amar uma deusa da forma mais humana que poderia ser, e que uma deusa abriria mão de sua condição imortal apenas por um momento com seu amor.
Como é árduo enamorar uma deusa.
Primeiro que não é permitido aos deuses enamorar mortais.
Segundo, como entender sua condição de deusa: saber o destino que nos reserva, a uni-presença e a uni-ciência, viajam em nossos sonhos, sabem nossos medos, fraquezas e ao mesmo tempo nossa força e coragem.
Ao mesmo tempo deve ser complicado enamorar um mortal, por todas as primeiras coisas e mais, entender nossa fragilidade, as vezes, nossa falta de amor, nossa falte de fé, nossos sentimentos de auto-punição, nossa mortalidade.
Por isso tudo, jamais deuses e homens poderiam enamorar-se. Deuses são seguros de si. Não escolheram ser deuses, nasceram assim, são o que são. Por outro lado, nós humanos, nascemos com um destino, mas algumas vezes, só em algumas vezes, tomamos as rédeas de nossas vidas e quando o destino se revela, fazemos nossas escolhas.
“Áine é das deusas do céu e rainha das fadas irlandesa.
Como divindade, viaja pelo espaço e, em sua homenagem, se celebra a festa da noite de verão, transformada mais tarde na festa de São João.
É também a Patrona de Munster, conhecida como Knockayne.
É a deusa da fertilidade, do amor, do amanhecer, do sol e do fogo, caracterizada por inspirar paixão nos seres humanos.” Panteão Celta – The History Channel.
Foi justamente ai, inspirar paixão nos seres humanos, que ela me apareceu.
De alguma forma a percebi como tal, uma deusa, minha rainha, a chamo de minha rainha, tiro sua condição de deusa, pelo menos no adjetivo, pelo menos quando a chamo.
Acho que foi isso que a fez me ver diferente dos outros mortais, eu a percebia além do seu disfarce, percebi a deusa e ela se deu conta que não poderia se esconder de mim.
Qualquer deus poderia ter pensado: que petulância desse mortal, não sabe colocar-se em seu lugar.
Mas Áine foi diferente.
Ela me olhou durante algum tempo.
Foi quando alguma coisa aconteceu. Então nossa história aconteceu.
A primeira parte posso deixar para ela contar.
Mas a segunda vez que nos encontramos foi fantástico.
Mostrei a perspectiva humana a Áine na forma como ela deveria entender. Expliquei a ela que nossa condição de mortal nos faz ver a vida de um jeito único, talvez a maneira “correta”.
Como vamos morrer um dia, e não sabemos esse dia, tudo que fazemos pode ser a última vez.
Pode ser a última vez que vejo esse pôr- do- sol, que ouço essa música dos anos 80, que abraço minha filha, que tomo açaí e que sinto a fragrância das flores do nosso jardim.
Sabia que ela não entenderia de primeira, mas claro, não desisti de ensina-la sobre nossa condição humana de mortalidade.
Nossas escolhas nos fazem quem somos, mas nossa essência permanece para sempre, disse a Áine.
Quando nos damos conta disso tudo fica mais claro… descer de um tobogã de 41m de altura nos faz perto dos deuses e ao mesmo tempo nos transporta a mais magnífica condição humana, de que devemos fazer valer a pena todas as ações de nossa vida mortal.
Áine ouvia tudo aquilo… não sabia o que estava por vir.
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