Tuéris, a Deusa-Hipopótamo
Apesar do panteão egípcio ser vasto e com
muitos deuses, existiam também os deuses populares, aqueles que a população mais
pobre reverenciava e tiveram a sua importância na cultura daquela antiga
civilização.
Tuéris, no Antigo Egito, era a protetora das
mulheres grávidas e dos nascimentos. Ela assegurava fertilidade e partos sem
perigo. Adorada em Tebas, era representada em inúmeras estátuas e estatuetas sob
os traços de um hipopótamo fêmea erguido, portava uma peruca feminina, tinha
patas de leão, um ventre generoso de fêmea grávida, mamas pendentes e costas
terminadas por uma espécie de cauda de crocodilo. Sua aparência grotesca visava,
provavelmente, prevenir contra os espíritos malignos e combinar os poderes
terríveis do hipopótamos, do leão e do crocodilo na proteção da mãe e de seu
filho.
Ela simbolizava a fecundidade, sempre velando
pelas parturientes e facilitando os nascimentos. Além de amparar as crianças,
essa divindade também protegia qualquer pessoa de más influências durante o
sono. Os egípcios chamavam-na de A Grande e o termo foi traduzido para Tuéris
pelos gregos.
A devoção popular para com os grandes deuses
sem dúvida era ponto comum, mas há indícios que as população menos provida e
incultas, preferiam se entregar à proteção de divindades mais rústicas e de
culto mais simples, que provavelmente se interessariam muito mais por seus
modestos interesses.
O culto popular a Tuéris, A Grande, era um
desses, a quem as mulheres grávidas do Egito Antigo se dirigiam pedindo um parto
feliz.
Embora não existissem templos dedicados a ela,
há evidencias de que o seu culto fazia parte dos rituais celebrados nos altares
domésticos. Além disso, é comum o aparecimento de sua imagem na decoração dos
objetos de toalete e de outros de uso familiar, mostrando suas virtudes de
protetora, pois ela é terrível quando defende sua prole.
Adorada como a deusa do nascimento e
renascimento, acompanhava os mortos, reis ou escravos.
Tuéris foi reverenciadíssima em todos os
períodos da história egípcia e em todos os níveis daquela sociedade. Supunha-se,
naquela época, que as imagens dos deuses tinham poderes sobrenaturais, que
possuir uma simples estatueta já proporcionava o amparo desejado e, assim, os
egípcios usavam muitos amuletos para se protegerem. Entre o leque de deuses
carregados como amuletos, a deusa Tuéris desempenhava um papel especial. Vários
amuletos dessa divindade foram encontrados pelos arqueólogos, inclusive em
templos, nos quais eles eram depositados como oferendas votivas.
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