terça-feira, 5 de março de 2013

LENDAS E METOLOGIA MAGO DJEDI

 

 

Khufu e o mago Djedi


O príncipe Djedefhor levantou-se para Falar:
  "Até agora, a tua majestade só ouviu historias sobre prodígios efetuados por homens sábios de outros tempos.
E impossível saber se essas histórias são verdadeiras ou falsas.
 Mas o que se poderá dizer sobre os feitos de um homem deste tempo que a tua majestade não conhece?"
E sua majestade disse:
 "Que feitos são esses, meu £ilho?"
Respondeu Djedethor:
 "Existe um homem chamado Djedli que mora em Djedseneferu, justificado. Tem cento e dez anos de idade, come quinhentos pães, metade de um boi e cem jarros de cerveja, e sabe recolocar uma cabeça separada do corpo, fazer um leão caminhar calmamente atrás dele e ainda sabe o número das câmaras secretas do santuário de Toth."
Ora a majestade do rei Khufu, justificado, sempre quisera saber o número dessas câmaras, a fim de reproduzi-las no seu horizonte.
 Por isso, mandou que Djedefhor fosse buscar Djedi.
Logo que os barcos de viagem ficaram prontos, Djedefhor partiu da residência real e viajou para sul, rumo a Djedseneferu, justificado, subindo o Nilo.
 Quando os barcos chegaram à margem, ele seguiu pela estrada sentado numa liteira com varais de ébano cobertos por folha de ouro.
Quando chegou a casa de Djedi, a liteira foi baixada para terra.
 Então ele levantou-se para saudar Djedi, que estava sentado sobre uma esteira a entrada de casa.
 Um servidor cobria-lhe a cabeça com ungüento, enquanto outro lhe massageava os pés.
Então o príncipe Djedefhor disse:
 "O teu estado é semelhante ao de um homem que ainda não atingiu a velhice, se bem que na realidade estejas já envelhecido, perto do momento da morte e do enterro.
 Estás no estado de um homem que dome de noite sem problemas, que não tem doenças nem acessos de tosse."
É assim que se saúda uma pessoa venerável.


[E Djedefhor disse:]
 "Vim aqui para te chamar, da parte de meu pai Khufu, justificado.
 Comerás belos manjares dados pelo rei a quem o serve, e ele far-te-a, depois de uma vida feliz, um belo sepultamento junto a teus pais, que estão na necrópole."
Então Djedi respondeu:
 "Em paz, em paz, Djedefhor, filho real amado de seu pai Que te recompense o teu pai Khufu, justificado.
 Que ele te promova entre os anciãos.
  Possa o teu ka lutar contra o teu inimigo e o teu ka conhecer os caminhos que te levam a porta de Hebesbag."
E assim que se saúda um filho de rei.
Então o príncipe Djedefhor estendeu-lhe as mãos e ajudou Djedi a erguer-se, caminhando com ele de mão dada ate à margem.
 Em seguida, Djedi disse: "Faz com que me cedam uma barca, para que eu possa levar os meus filhos e os meus livros.>~
Duas barcas com a sua equipagem foram então colocadas a disposição de Djedi, o qual embarcou no barco onde seguia o príncipe Djedefhor.
 Quando chegaram à corte, o príncipe Djedefhor entrou antes para pôr ao corrente a majestade do rei Khufu, justificado.
Então o prínncipe Djedefhor disse:
 "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, trouxe comigo Djedi."
Sua majestade respondeu:
 "Vai e trá-lo aqui."
Depois, sua majestade entrou na grande sala do palácio, vida, força e saúde, e Djedi foi introduzido lá.
Perguntou sua majestade:
 "Como foi que até ao presente eu nunca te vi, Djedi?".
Respondeu Djedi:
 "só quem é chamado é que vem, soberano, vida, força e saúde, agora fui chamado e vim."
E perguntou sua majestade:
 "É verdade, segundo o que se conta, que podes juntar ao corpo uma cabeça cortada?"
Djedi respondeu: "Sim, sei fazer isso, soberano, vida, força e saúde, meu senhor."
Então sua majestade disse:
 "Tragam-me o prisioneiro que está na prisão para ser executado."
Mas Djedi respondeu:
  "Não, um ser humano, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, porque é proibido fazer semelhante coisa ao gado sagrado [dos deuses]..."
Então trouxeram-lhe um ganso a quem tinham cortado a cabeça, colocando-se o ganso no canto oeste da grande sala e a cabeça no lado leste da grande sala. Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o ganso ergueu-se, cambaleando, e a cabeça fez o mesmo.
 Quando as duas partes se juntaram, o ganso levantou-se, grasnando. Depois ele fez o mesmo com outro ganso.
 E sua majestade mandou que lhe trouxessem um boi cuja cabeça tinha sido cortada.
 Djedi pronunciou algumas palavras mágicas, e o boi ergueu-se perante ele.
E disse Khufu:
 "É verdade, como ouvi dizer, que sabes o número de câmaras secretas que há no santuário de Toth?"
Djedi respondeu:
 "Permita-me a tua majestade dizer que o número não sei, soberano, vida, força e saúde, meu senhor, mas sei onde pode ser encontrado."
Sua majestade perguntou:
 "Onde está"
Djedi respondeu:
"Num cofre de pedra que está numa câmara do templo de Heliópolis, chamada câmara do inventário".
E sua majestade disse:
 "Vai então buscá-lo para mim."
Djedi respondeu:
 "Soberano, vida, força e saúde, meu senhor, não posso trazê-lo. Isso tem de ser feito pelo mais velho dos três filhos que estão no ventre de Reddjedet."
E sua majestade disse:
 "Então que se faça isso. Mas afinal quem e essa Reddjedet?"
Djedi respondeu:
"É a esposa de um sacerdote de Rá, senhor de Sakhebu, que está grávida de três crianças de Rá, senhor de Sakhebu.
 O deus disse que eles exerceriam essa função benéfica de rei e que o primo-gênito deles seria o grande dos videntes em Heliópolis..."
Ao ouvir isso, o coração de sua majestade caiu na tristeza, mas Djedi disse-lhe: "Mas o que e essa tristeza, soberano, vida, força e saúde, meu senhor? É por causa das três crianças?
 Nota que tu, depois o teu filho e depois o filho dele reinarão antes do primeiro dos filhos de Reddjedet..."
Então sua majestade perguntou:
 "Quando é que Reddjedet dará a luz?>~
Djedi respondeu:
 "No décimo quinto dia do primeiro mês do Inverno".
E sua majestade disse:
 "Ora é justamente nessa altura que os bancos de areia do canal dos Dois Peixes ficam a descoberto, servidor.
Já passei por lá. de barco para ver o templo de Re, senhor de Sakhebu."
E Djedi respondeu:
 "Pois bem, farei com que haja quatro covados de água sobre os bancos de areia do canal dos Dois Peixes..."
Então sua majestade entrou no seu palácio e disse:
 "Que Djedi entre na casa do príncipe Djedefhor e que viva com ele e que lhe sejam asseguradas rações alimentares de mil pães, cem jarros de cerveja, um boi e cem vegetais..."
E tudo foi Leito de acordo com o que sua majestade tinha ordenado.


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