sábado, 9 de março de 2013

DEUSA DA MORTE


"A Deusa no Reino da Morte".


Neste mundo, a deusa é vista na lua, aquela que brilha na escuridão, aquela que traz a chuva que move as marés, a senhora dos mistérios.
 E, enquanto a lua cresce e mingua, e anda três noites no sei ciclo da escuridão, diz-se que a deusa, certa vez passou três noite no reino da morte.
Pois, no amor, ela sempre busca seu outro self e, uma vez no inverno do ano em que ele havia desaparecido da terra verde, ela o seguiu e chegou, finalmente, aos portões além dos quais os vivos não entram.
 O guardião do portão desafiou-a e desnudou-se de suas roupas e jóias, pois nada pode ser levado para aquela terra.
 Por amor ela estava aqui confinada como todos os que ali penetram, e foi conduzida à morte.
Ele a amava e ajoelhou- se a seus pés, deu-lhe o beijo quíntuplo e disse:
 -Não retorne ao mundo dos vivos, mas permaneça aqui comigo e tenha paz, descanso e conforto. Mas ela respondeu:
 -Por que você faz com que todas as coisas que amo e prezo murchem e morram?
 -Senhora- disse ele- é destino de tudo que aquilo que vive morrer. Tudo passa, tudo se esvai.
 Eu trago conforto e consolo para aqueles que cruzam os portões, para que possam juvenescer, mas você é o desejo do meu coração, não volte, fique aqui comigo.
E ela ficou com ele durante três dias e três noites, e ao final da terceira noite, ela colocou sua coroa, que se tornou o diadema que ela colocou em seu pescoço, dizendo:
 -Eis o circulo do renascimento.
 Através de você todos saem da vida, mas através de mim todos podem renascer novamente.
Tudo passa, tudo muda. Mesmo a morte não é eterna.
 Meu é o mistério do ventre, que é o caldeirão do renascimento.
Penetre em mim e me conheça e estará liberto de todo o medo.
Pois se a vida é somente uma passagem para a morte, a morte é somente uma passagem de volta para a vida e em mim, o círculo sempre gira.
  Amorável ele penetrou-a e assim renasceu para a vida.
No entanto ele, é conhecido como senhor das sombras, o confortador e consolador, aquele que abre os portões, rei da terra da juventude, o que dá paz e descanso.
Mas ela é a mãe de toda a vida; dela todas as coisas nascem e para ela devem retornar novamente. Nela estão todos os mistérios da morte e do renascimento; nela encontra-se a realização de todo o amor.
Extraído do livro
"A Lenda da Descida da Deusa ao Mundo Subterrâneo"
Nos tempos antigos, nosso Senhor, o Cornudo, era (e ainda é) o Consolador, o Confortador.
Mas os homens o conheciam como o terrível Senhor das Sombras, solitário, inflexível e justo.
 Mas nossa Senhora, a Deusa resolveria todos os mistérios, até mesmo o mistério da morte; e assim ela viajou ao Mundo Subterrâneo.

 O Guardião dos Portais a desafiou...





"Tira tuas vestes, põe de lado tuas jóias, pois nada tu podes trazer contigo o interior desta nossa terra."
Assim ela se despojou de suas vestes e de suas jóias, e foi amarrada, como todos od vivos que buscam ingressar nos domínios da Morte, a Poderosa, têm que ser.
Tal era a beleza dela, que a própria Morte se ajoelhou e depositou sua espada e coroa aos seus pés. e beijou seus pés, dizendo: "Abençoados sejam teus pés, que te trouxeram por estes caminhos.
Permanece comigo, mas deixa que eu ponha minhas mãos frias sobre o teu coração.
" E ela respondeu: "Eu não te amo. Por que fazes todas as coisas que amo e nas quais me comprazo fenecerem e morrerem?"
"Senhora" – respondeu a Morte – "trata-se da idade e da fatalidade, contra as quais sou impotente.
 A idade, o envelhecimento, leva todas as coisas a definharem; mas, quando os homens morrem ao desfecho de seu tempo, concedo-lhes repouso, paz e força para que possam retornar. Mas tu, tua és linda.
 Não retornes, permanece comigo.
" Mas ela respondeu: "Eu não te amo.
" E então disse a Morte: "Se não recebem minhas mãos sobre seu coração, tens que te curvar ao açoite da Morte.
" "É a fatalidade, melhor assim..." – ela disse e se ajoelhou.
 E a Morte a açoitou brandamente.
E ela bradou: "Eu conheço as aflições do amor."
E a Morte se ergueu e disse: "Sejas abençoada.
" E lhe deu o beijo quíntuplo, dizendo: "Assim apenas pode atingir a alegria e o conhecimento.
" Então a Morte desamarra os seus pulsos, depositando o cordel no chão.
E ele a ela ensina todos os seus mistérios e lhe dá o colar que é o círculo do renascimento.
A Deusa, então, toma a coroa e a recoloca na cabeça do Senhor do Mundo Subterrâneo.
E ela ensina a ele o mistério da taça sagrada, que é o caldeirão do renascimento.
A Deusa toma o cálice em ambas as mãos, eles se entreolham, e ele coloca ambas as mãos nas dela.
Eles amaram e se tornaram um, pois há três grandes mistérios na vida do homem, e a magia os controla todos.
 Para realizar o amor, tendes que retornar novamente no mesmo tempo e no mesmo lugar daqueles que são os amados; e tendes que encontrá-los, conhecê-los, lembrá-los e amarrá-los de novo.
O Senhor do Mundo Subterrâneo solta as mãos da Deusa e esta recoloca o cálice no seu lugar.
Ele toma o açoite em sua mão esquerda e a espada na sua mão direita e fica na posição do Deus, antebraços cruzados sobre o peito, espada e açoite apontados para cima.
Ela fica na posição da Deusa, pernas escarranchadas e braços estendidos formando o pentagrama.
Mas para renascer tendes que morrer e ser preparado para um novo corpo. E para morrer tendes que nascer, e sem amor não podes nascer.
 E nossa Deusa sempre se inclina para o amor, e o júbilo, e a ventura; e ela protege e acaricia suas crianças ocultas na vida, e na morte ministra o caminho da comunhão com ela; e mesmo neste mundo ela lhes ensina o mistério do Círculo Mágico, que é disposto entre os mundos dos homens e dos Deuses.






 

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