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Cultura Celta
Conjunto de expressões artísticas e sociais dos povos celtas, de 1800 a.C. até o final do século I da era cristã.
Belgrado ; Irlanda ; Metais, idade dos ; Países Baixos ; Visco
Embora os povos celtas tenham chegado a ocupar, entre os séculos V e III a.C., a maior parte do continente europeu, sua fragmentação política e sua posterior derrota frente aos latinos - o que para eles significou desaparecimento ou assimilação - fizeram com que, durante muito tempo, sua cultura constituísse um enigma, duvidando-se até mesmo da existência de um nexo comum entre as chamadas tribos célticas.
Ao longo de muitos séculos, praticamente as únicas fontes de informação sobre a cultura celta foram os autores gregos e sobretudo os latinos. Em grande parte, isso ocorreu porque os antigos celtas não conheciam a escrita. Todavia, com a cristianização da Irlanda, última região dominada pelos povos célticos, os monges introduziram o alfabeto latino. Dessa forma surgiu a primeira língua céltica com expressão escrita, o gaélico (uma outra variedade se desenvolveu em Gales e na Bretanha francesa). Assim, por volta do século XII, os mosteiros irlandeses reuniram em manuscritos as tradições orais - épicas e mitológicas - da Irlanda celta. Mais tarde, sobretudo a partir de meados do século XIX, as escavações arqueológicas trouxeram à luz um grande número de túmulos e objetos de arte.
O estudo conjunto da arte e da literatura - que, por sua vez, contribuiu para o conhecimento de suas concepções sociais e religiosas - levou à conclusão de que realmente existiu um substrato espiritual comum aos diversos povos célticos, caracterizado por um sentimento mágico da natureza e pela rejeição do realismo, que divergia radicalmente do racionalismo mediterrâneo. Fator importante nessa unidade cultural (e não política) das tribos celtas foi sem dúvida seu sistema de crenças religiosas, transmitidas por uma casta sacerdotal, os druidas, cujos ensinamentos seriam legados aos bardos e vates da Grã-Bretanha.
Religião. Sacerdotes, poetas e sábios, os druidas formavam a classe intelectual dirigente. Conservavam de memória todo o saber literário, histórico e jurídico. Ingressavam em suas escolas já na infância e não tinham de prestar serviços na milícia, nem de pagar impostos e ficavam alheios aos cargos públicos. Em virtude de seu ofício, arbitravam os litígios, ensinavam, praticavam a adivinhação e a magia e ofereciam sacrifícios, os quais, sabe-se hoje, raramente eram humanos, apesar do testemunho de escritores latinos como Júlio César.
Crenças - A religião apresentava claro matiz animista. Os celtas não consideravam a natureza algo inerte, mas sim dotado de espírito próprio. Veneravam animais como o javali, o touro, o urso, o cavalo, o porco e a serpente. O culto, inicialmente celebrado nos bosques, observava um calendário ligado à agricultura e suas festas mais importantes eram o Beltane, em 1º de maio, e o Samhaim, em 1º de novembro.
Os celtas possuíam também um complexo panteão, cujas figuras os romanos tentaram assimilar a seus próprios deuses. A tríade fundamental era encabeçada por Lug - identificado com o Mercúrio galo-romano -, deus-druida, mago, sábio e rei de deuses. Junto a ele encontrava-se Dagda - Taranis para os gauleses - senhor dos elementos e das tormentas, pelo que os latinos o relacionaram com Júpiter; era com freqüência representado como Cernunnos, deus dotado de chifres de cervo, senhor dos animais. Por último, Ogme, deus da guerra, o Marte céltico. Havia diversas outras divindades; as femininas, como Epona, a deusa-égua, tinham grande importância e em geral eram associadas a ritos de fertilidade.
A assimilação dessas figuras às romanas foi puramente nominal, pois na religião celta os deuses não eram antropomórficos nem se atinham a funções determinadas, mas antes a esferas nem sempre precisas. Assim, é provável que as três divindades supremas constituíssem manifestações diferentes de um só deus. A essência da concepção céltica do mundo resultava de uma consciência da contínua inter-relação entre o mundo físico e o espiritual, e daí a concepção de uma realidade fluida e cambiante, que marcou todas as suas expressões artísticas. Nesse sentido, sua crença na transmigração das almas não se radicava tanto na idéia de uma sucessão temporal como, principalmente, na da possibilidade de assumir ao mesmo tempo diversas aparências: "Sou o vento no mar, sou um salmão na água cristalina, sou um lago na planície, sou a lança vitoriosa que combate, sou um homem que prepara fogo para uma cabeça."
Essa concepção do mundo como perpétua metamorfose explica a forma como a mitologia irlandesa representa o mar. Este é encarnado pelo deus Mannanan, força mágica e misteriosa em cujos confins encontravam-se as terras férteis e verdejantes do mundo futuro: o Tir na nog irlandês, a "terra da juventude", ou o Ynys Afallach galês, o "país das maçãs", que daria origem à ilha de Avalon das lendas do rei Artur. Todos esses nomes revelam que a imortalidade para os celtas não passava de um prolongamento dos prazeres deste mundo, que por sua vez era bafejado pelo sobrenatural.
Arte - Por não estabelecerem uma clara distinção entre o real e o mágico os celtas destinaram sua arte mais aos homens do que aos deuses, pois a própria criação artística era tida como visionária. Além dos adornos pessoais também recebiam tratamento artístico os objetos domésticos e os próprios dos guerreiros, como carros, espadas, escudos ou capacetes.
A arte céltica trabalhou sobretudo o metal - em especial o bronze e o ouro - enriquecido com outros materiais nobres, como o marfim, as pedras preciosas, o âmbar e o coral. A pintura incidiu principalmente nas peças de cerâmica, enquanto a escultura só se desenvolveu a partir do século III a.C. e apresentou notáveis influências mediterrâneas.
Cultura de Hallstatt - As manifestações artísticas do período de Hallstatt - séculos VII e VI a.C. - se caracterizaram por uma decoração geométrica disposta em faixas e motivos simétricos. Os temas prediletos foram as barcas solares, as rodas e algumas figuras de pássaros. Predominou o gosto pela ornamentação, às vezes excessiva, e já se conheciam certas técnicas que floresceram depois, como a articulação de peças metálicas e a incrustação em coral.
Cultura de La Tène - Desenvolvida entre os séculos V e I a.C., a cultura de La Tène irradiou-se dos vales do Reno e do Marne para grande parte da Europa. No início, manteve-se o predomínio da simetria e introduziram-se motivos mediterrâneos, mas logo sobreveio uma nítida preferência pelos motivos curvilíneos e entrelaçados. Um dos sítios arqueológicos mais importantes é o de Klein Aspergle, na região alemã de Württemberg, onde também foram descobertos restos etruscos que permitiram datar os objetos celtas encontrados.
A partir de meados do século IV a.C., desenvolveu-se o chamado estilo livre ou de Waldalgesheim, que se prolongou por mais de cem anos. Desapareceu a simetria, pelo menos no detalhe, e predominou a linha curva, que deformava a realidade e promovia uma fusão dos diversos motivos. As linhas se imbricavam para formar figuras zoomórficas e rostos humanos. Nesse estilo da maturidade, do qual constituem magníficos exemplos as moedas gaulesas, que reinterpretavam modelos gregos, a visão céltica do mundo encontrou sua plena expressão.
Acossados pelos germânicos a partir do século III a.C., os celtas tiveram de fortificar suas aldeias. A exaltação guerreira transparece da adoção de novos motivos. Os braceletes tornaram-se nodosos; e conservaram-se abundantes utensílios bélicos, como espadas, pontas-de-lança e escudos retangulares.
Decadência - A conquista romana da maior parte dos territórios celtas, no século I a.C., deu origem ao último estilo céltico, que às vezes é chamado de "barroco". Exemplo máximo de virtuosismo foi o caldeirão de Gundestrup, encontrado na Dinamarca, lavrado em prata com cenas mitológicas. Esse estilo durou pouco na Gália, onde não tardou a ser substituído pela arte galo-romana, mas se manteve nas ilhas britânicas, nas quais se conservam peças como o escudo de Wandsworth e o espelho de Desborough. A arte céltica sobreviveu nessas ilhas e marcou a arte medieval irlandesa - e, em menor escala, a britânica - tanto nos códices com iluminuras e decorados com linhas entrelaçadas como nas cruzes de pedra lavrada.
Literatura - A literatura celta, conhecida pelos textos irlandeses (que influenciaram os da Escócia e da ilha de Man) e pelos galeses (modelo dos da Cornualha e da Bretanha francesa), constituiu-se da expressão escrita das arraigadas tradições orais, e foi obra de profissionais, com vistas a objetivos nacionais, locais e religiosos. Com a chegada do cristianismo, desapareceram os druidas, dada sua condição de sacerdotes pagãos, mas a tradição foi herdada, preservada e ampliada pelos filidh irlandeses e pelos bardos galeses. A esse fundo de folclore e de sabedoria ancestral se somariam elementos das culturas clássica (diretamente na Grã-Bretanha e na Bretanha francesa, mediante a conquista romana, e indiretamente na Irlanda, por meio do cristianismo), cristã e saxônica.
Na Irlanda, a cultura céltica teve muito menos dificuldades para sobreviver do que na Grã-Bretanha. Em primeiro lugar, porque ali não chegaram nem a conquista romana nem a invasão saxônica e, em segundo, porque a evangelização, embora profunda, foi muito mais tolerante com a tradição vernácula do que em qualquer outra região da Europa. O cristianismo introduziu a escrita na Irlanda; e graças à igreja se conservou grande parte da literatura oral primitiva, recolhida em coletâneas manuscritas em língua gaélica, nas quais figuram textos muito díspares. As mais antigas dessas coleções são o Leabhar na h-Uidhe (c. 1100; Livro da vaca castanha), também chamado Livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (c. 1150; Livro de Leinster). Depois, no século XVI, vieram juntar-se a esse acervo importantes coletâneas, como o Livro do deão de Lismore, que mostra a conexão cultural entre os celtas irlandeses e galeses. As obras incluídas nesses manuscritos estão agrupadas em ciclos: o de Ulster, mitológico e histórico, e o de Leinster. O primeiro desses ciclos é o mais importante, pois nele se acha contida a grande epopéia irlandesa, a Táin. Essa literatura se caracterizava por fundir história, magia e lenda, em narrações de grande plasticidade e força descritiva.
Onze contos galeses que formam o chamado Mabinogion (Disciplina) foram preservados, sobretudo em dois manuscritos: o Livro branco de Rhydderch e o Livro vermelho de Hergest, ambos do século XIV, embora incluam textos mais antigos. O nome Mabinogion só se aplica propriamente aos quatro ramos ou histórias de Pwyll, Braswen, Manawyddan e Math, narrativas cuja forma e temática derivam da tradição oral dos bardos. Acrescentam-se a elas um relato que parece provir de fontes muito antigas, Cuhlwch e Olwen, e outros três posteriores marcados pelas lendas do rei Artur - na versão do francês Chrétien de Troyes no século XII - por sua vez oriundas do folclore galês.
Na poesia, os filidh irlandeses e os bardos escoceses e galeses mantiveram a tradição de poemas panegíricos em metros muito rigorosos e complicados (o irlandês dan direach e o galês canu caeth). Essa tradição, à qual se somaram poemas descritivos e alegorias cristãs, se manteve na Irlanda até o século XVII, resistindo à dura hegemonia inglesa. Todavia, em conseqüência das perseguições e do exílio da nobreza, os filidh perderam seu prestígio e com eles se extinguiram o gênero e sua métrica. Em Gales - onde surgiu a figura mítica do bardo Taliesin - o desaparecimento das cortes principescas, em fins do século XIII, marcou o ocaso da profissão bárdica, e os cantos de louvor foram aos poucos sendo substituídos por poemas de amor e bucólicos, cuja linguagem aboliu os arcaísmos e a métrica dos anteriores.
Da primitiva literatura celta da Bretanha francesa e da região de Cornualha conservaram-se apenas pequenos trechos. Os escassos exemplos medievais e modernos indicam que, nessas regiões, os bardos sucumbiram muito mais rapidamente à pressão das culturas dominantes.
Mais tarde, os autores do País de Gales, da Escócia e da Irlanda começaram a escrever em inglês e os da Bretanha, em francês. Apesar disso, surgiram já em fins do século XIX importantes movimentos que pretendiam recuperar as línguas autóctones e promover seu emprego como idiomas literários. No âmbito temático, a magia e os devaneios da literatura céltica se estenderam pela Europa por meio das lendas arturianas, e em suas fontes se abeberaram muitos autores modernos.
Nas tribos celtas, as mulheres ocupavam posições tidas como essencialmente masculinas por civilizações vizinhas como a grega e romana. O fato de elas lutarem como guerreiras não anulava a beleza e menos ainda a feminilidade da mulher celta. Ser guerreira era algo nobre, mas não impedia que esta mesma mulher fosse também sensual ou mãe, pelo contrário, a força e a delicadeza aliadas eram exatamente o seu diferencial, eram as características que faziam dela uma pessoa segura, intrépida e apaixonante. Existem várias facetas, muitas vezes contrastantes, que coabitam o mesmo
espírito de uma mulher celta.
BOUDICCA
A história de Boudicca, rainha da tribo Iceni, comprova isso.
Com a morte de seu marido, o rei Prasutagus, Boudicca passa a chefiar sua tribo que não estava nenhum pouco disposta a ceder ao domínio romano. Ao tentar resistir, Boudicca é capturada, açoitada e ainda obrigada a presenciar suas duas filhas serem estupradas por uma porção considerável de soldados romanos. Dignamente a rainha se retira dos domínios do inimigo com suas filhas
jurando vingança. Com toda a fúria que somente uma mulher de espírito celta poderia ter, assumiu não só o controle dos Iceni, mas também da tribo vizinha, os Trinobantes. Juntos, varreram pelo menos dois povoados romanos na Grã-Bretanha, Camulodunum (atual Colchester) e Londiniun (atual Londres).
Os romanos só conseguiram vencer os destemidos guerreiros e guerreiros celtas após muitas batalhas sangrentas. Foram obrigados a criar novas estratégias
e aumentar seus exércitos. A história registra que Boudicca preferiu a morte ao domínio romano e partiu para o outro mundo clamando por Andraste, a deusa celta invencível.
O conflito entre Boudicca e os romanos foi relatado em 2003 no filme "A Rainha da Era do Bronze". Uma excelente produção, mas infelizmente pouco conhecida pelo grande público no Brasil.
Um conceito marcante e recorrente na cultura celta é a relação intrínseca entre a soberania da Terra representada pela rainha de um povo. Quando os soldados romanos humilharam Boudicca e suas filhas, não era somente a honra delas que estava sendo duramente ferida, mas a honra de cada Iceni. Agredir física ou moralmente uma rainha era o mesmo que manchar a soberania da Terra.
A história de Boudicca me fez perceber que o que alimentava a coragem e ousadia da mulher celta era justamente o respeito e a confiança que o povo tinha na figura feminina. Arrisco afirmar que ela só conquistou várias vitórias sob os romanos por que sua tribo se deixou liderar por suas palavras e estratégias de coragem. Nenhum de seus guerreiros excitou em seguir uma mulher, como seria passível de acontecer em outras culturas já impregnadas de conceitos machistas.
MORRIGHAN
É fácil compreender a confiança que os celtas depositavam em suas guerreiras ao sabermos que muitas das deidades ligadas à guerra são femininas. A mais conhecida com certeza é deusa Morrighan, ou a Grande Rainha. Podemos afirmar que muito mais do que uma deusa protetora de guerreiros e guerreiras, Morrighan era sua musa inspiradora. Isso soa um pouco estranho para nós, acostumados apenas com musas inspiradoras da arte, da música e da literatura.
Retomando o que foi dito logo no início deste texto, temas aparentemente contraditórios se entrelaçavam e até mesmo se complementavam na cultura celta.
Tendo isso em mente pescamos mais ponto marcante entre os celtas: equilíbrio entre luz e sombra.
A partir daí fica mais fácil compreender porque a presença de Morrighan era garantida nos momentos que precediam as batalhas. Ela fazia suas aparições
como uma exuberante mulher, armada com lanças e recitando poemas que desafiavam e incitavam os grandes chefes e reis dos Tuahta de Dannan a conquistar as vitórias absolutas. Arrisco dizer que Morrighan conferia uma certa beleza nestes momentos de pura tensão. Ao final dos confrontos, Morrighan também comparecia, porém assumia sua outra faceta, a de implacável Deusa da morte. Ela adquiria a forma de um corvo para poder desfrutar da carne dos que haviam tombado sem fazer distinção entre corpos de inimigos ou aliados. Devorava ambos.
Essa mesma Morrighan não hesita em fazer amor com Dagda conhecido como o Bom Deus entre os celtas, após usar seus dotes proféticos para fornecer para Dagda, importantes informações sobre uma batalha que ocorreria no dia seguinte. É importante dizer que o casal consuma o ato no vau de um rio tomado por corpos ensangüentados dos que morreriam no confronto do dia seguinte. Mais uma vez temas ilusoriamente opostos como o amor e a morte se unem.
A liberdade sexualmente não se restringia apenas às deusas, mas também as mortais celtas. Citando o autor clássico Diodorus Siculus: "elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isso não lhes parece indigno; mas sentem-se ultrajadas quando algum homem recusa-se a aceitar seus favores".
MAEVE
Maeve, "aquela que intoxica", era uma temida rainha na Irlanda. Ela própria disse para um de seus vários maridos que jamais se deitou com um homem sem que outro aguardasse nas sombras.
Com base nas Leis Brehon, conjunto de leis transmitidas oralmente na Irlanda, se uma mulher se sentisse insatisfeita sexualmente no casamento, poderia deixar a relação a qualquer momento.
Costumo dizer que estamos alguns séculos atrasadas pois só recentemente conquistamos essa liberdade e controle sobre nossas vidas conjugais e sexual e mesmo assim com algumas ressalvas. Mas não era somente durante as batalhas ou na cama que as mulheres celtas mostravam seu poder e força. Há vários relatos de autores clássicos sobre as druidas, ou druidesas. Assim como os druidas do sexo masculino, as druidesas exerciam não só a função
de sacerdócio espiritual, como detinham também poderes jurídicos e conhecimentos mágicos de cura. Como bem definiu o autor clássico Pomponiu Mela, os druidas são mestres em muitas artes. O respeito das mulheres celtas foi conquistado até mesmo pelos gregos e romanos que admiravam sua beleza, fertilidade e coragem.
ORAÇÃO CELTA
Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalante ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e atua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.
Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!
Conjunto de expressões artísticas e sociais dos povos celtas, de 1800 a.C. até o final do século I da era cristã.
Belgrado ; Irlanda ; Metais, idade dos ; Países Baixos ; Visco
Embora os povos celtas tenham chegado a ocupar, entre os séculos V e III a.C., a maior parte do continente europeu, sua fragmentação política e sua posterior derrota frente aos latinos - o que para eles significou desaparecimento ou assimilação - fizeram com que, durante muito tempo, sua cultura constituísse um enigma, duvidando-se até mesmo da existência de um nexo comum entre as chamadas tribos célticas.
Ao longo de muitos séculos, praticamente as únicas fontes de informação sobre a cultura celta foram os autores gregos e sobretudo os latinos. Em grande parte, isso ocorreu porque os antigos celtas não conheciam a escrita. Todavia, com a cristianização da Irlanda, última região dominada pelos povos célticos, os monges introduziram o alfabeto latino. Dessa forma surgiu a primeira língua céltica com expressão escrita, o gaélico (uma outra variedade se desenvolveu em Gales e na Bretanha francesa). Assim, por volta do século XII, os mosteiros irlandeses reuniram em manuscritos as tradições orais - épicas e mitológicas - da Irlanda celta. Mais tarde, sobretudo a partir de meados do século XIX, as escavações arqueológicas trouxeram à luz um grande número de túmulos e objetos de arte.
O estudo conjunto da arte e da literatura - que, por sua vez, contribuiu para o conhecimento de suas concepções sociais e religiosas - levou à conclusão de que realmente existiu um substrato espiritual comum aos diversos povos célticos, caracterizado por um sentimento mágico da natureza e pela rejeição do realismo, que divergia radicalmente do racionalismo mediterrâneo. Fator importante nessa unidade cultural (e não política) das tribos celtas foi sem dúvida seu sistema de crenças religiosas, transmitidas por uma casta sacerdotal, os druidas, cujos ensinamentos seriam legados aos bardos e vates da Grã-Bretanha.
Religião. Sacerdotes, poetas e sábios, os druidas formavam a classe intelectual dirigente. Conservavam de memória todo o saber literário, histórico e jurídico. Ingressavam em suas escolas já na infância e não tinham de prestar serviços na milícia, nem de pagar impostos e ficavam alheios aos cargos públicos. Em virtude de seu ofício, arbitravam os litígios, ensinavam, praticavam a adivinhação e a magia e ofereciam sacrifícios, os quais, sabe-se hoje, raramente eram humanos, apesar do testemunho de escritores latinos como Júlio César.
Crenças - A religião apresentava claro matiz animista. Os celtas não consideravam a natureza algo inerte, mas sim dotado de espírito próprio. Veneravam animais como o javali, o touro, o urso, o cavalo, o porco e a serpente. O culto, inicialmente celebrado nos bosques, observava um calendário ligado à agricultura e suas festas mais importantes eram o Beltane, em 1º de maio, e o Samhaim, em 1º de novembro.
Os celtas possuíam também um complexo panteão, cujas figuras os romanos tentaram assimilar a seus próprios deuses. A tríade fundamental era encabeçada por Lug - identificado com o Mercúrio galo-romano -, deus-druida, mago, sábio e rei de deuses. Junto a ele encontrava-se Dagda - Taranis para os gauleses - senhor dos elementos e das tormentas, pelo que os latinos o relacionaram com Júpiter; era com freqüência representado como Cernunnos, deus dotado de chifres de cervo, senhor dos animais. Por último, Ogme, deus da guerra, o Marte céltico. Havia diversas outras divindades; as femininas, como Epona, a deusa-égua, tinham grande importância e em geral eram associadas a ritos de fertilidade.
A assimilação dessas figuras às romanas foi puramente nominal, pois na religião celta os deuses não eram antropomórficos nem se atinham a funções determinadas, mas antes a esferas nem sempre precisas. Assim, é provável que as três divindades supremas constituíssem manifestações diferentes de um só deus. A essência da concepção céltica do mundo resultava de uma consciência da contínua inter-relação entre o mundo físico e o espiritual, e daí a concepção de uma realidade fluida e cambiante, que marcou todas as suas expressões artísticas. Nesse sentido, sua crença na transmigração das almas não se radicava tanto na idéia de uma sucessão temporal como, principalmente, na da possibilidade de assumir ao mesmo tempo diversas aparências: "Sou o vento no mar, sou um salmão na água cristalina, sou um lago na planície, sou a lança vitoriosa que combate, sou um homem que prepara fogo para uma cabeça."
Essa concepção do mundo como perpétua metamorfose explica a forma como a mitologia irlandesa representa o mar. Este é encarnado pelo deus Mannanan, força mágica e misteriosa em cujos confins encontravam-se as terras férteis e verdejantes do mundo futuro: o Tir na nog irlandês, a "terra da juventude", ou o Ynys Afallach galês, o "país das maçãs", que daria origem à ilha de Avalon das lendas do rei Artur. Todos esses nomes revelam que a imortalidade para os celtas não passava de um prolongamento dos prazeres deste mundo, que por sua vez era bafejado pelo sobrenatural.
Arte - Por não estabelecerem uma clara distinção entre o real e o mágico os celtas destinaram sua arte mais aos homens do que aos deuses, pois a própria criação artística era tida como visionária. Além dos adornos pessoais também recebiam tratamento artístico os objetos domésticos e os próprios dos guerreiros, como carros, espadas, escudos ou capacetes.
A arte céltica trabalhou sobretudo o metal - em especial o bronze e o ouro - enriquecido com outros materiais nobres, como o marfim, as pedras preciosas, o âmbar e o coral. A pintura incidiu principalmente nas peças de cerâmica, enquanto a escultura só se desenvolveu a partir do século III a.C. e apresentou notáveis influências mediterrâneas.
Cultura de Hallstatt - As manifestações artísticas do período de Hallstatt - séculos VII e VI a.C. - se caracterizaram por uma decoração geométrica disposta em faixas e motivos simétricos. Os temas prediletos foram as barcas solares, as rodas e algumas figuras de pássaros. Predominou o gosto pela ornamentação, às vezes excessiva, e já se conheciam certas técnicas que floresceram depois, como a articulação de peças metálicas e a incrustação em coral.
Cultura de La Tène - Desenvolvida entre os séculos V e I a.C., a cultura de La Tène irradiou-se dos vales do Reno e do Marne para grande parte da Europa. No início, manteve-se o predomínio da simetria e introduziram-se motivos mediterrâneos, mas logo sobreveio uma nítida preferência pelos motivos curvilíneos e entrelaçados. Um dos sítios arqueológicos mais importantes é o de Klein Aspergle, na região alemã de Württemberg, onde também foram descobertos restos etruscos que permitiram datar os objetos celtas encontrados.
A partir de meados do século IV a.C., desenvolveu-se o chamado estilo livre ou de Waldalgesheim, que se prolongou por mais de cem anos. Desapareceu a simetria, pelo menos no detalhe, e predominou a linha curva, que deformava a realidade e promovia uma fusão dos diversos motivos. As linhas se imbricavam para formar figuras zoomórficas e rostos humanos. Nesse estilo da maturidade, do qual constituem magníficos exemplos as moedas gaulesas, que reinterpretavam modelos gregos, a visão céltica do mundo encontrou sua plena expressão.
Acossados pelos germânicos a partir do século III a.C., os celtas tiveram de fortificar suas aldeias. A exaltação guerreira transparece da adoção de novos motivos. Os braceletes tornaram-se nodosos; e conservaram-se abundantes utensílios bélicos, como espadas, pontas-de-lança e escudos retangulares.
Decadência - A conquista romana da maior parte dos territórios celtas, no século I a.C., deu origem ao último estilo céltico, que às vezes é chamado de "barroco". Exemplo máximo de virtuosismo foi o caldeirão de Gundestrup, encontrado na Dinamarca, lavrado em prata com cenas mitológicas. Esse estilo durou pouco na Gália, onde não tardou a ser substituído pela arte galo-romana, mas se manteve nas ilhas britânicas, nas quais se conservam peças como o escudo de Wandsworth e o espelho de Desborough. A arte céltica sobreviveu nessas ilhas e marcou a arte medieval irlandesa - e, em menor escala, a britânica - tanto nos códices com iluminuras e decorados com linhas entrelaçadas como nas cruzes de pedra lavrada.
Literatura - A literatura celta, conhecida pelos textos irlandeses (que influenciaram os da Escócia e da ilha de Man) e pelos galeses (modelo dos da Cornualha e da Bretanha francesa), constituiu-se da expressão escrita das arraigadas tradições orais, e foi obra de profissionais, com vistas a objetivos nacionais, locais e religiosos. Com a chegada do cristianismo, desapareceram os druidas, dada sua condição de sacerdotes pagãos, mas a tradição foi herdada, preservada e ampliada pelos filidh irlandeses e pelos bardos galeses. A esse fundo de folclore e de sabedoria ancestral se somariam elementos das culturas clássica (diretamente na Grã-Bretanha e na Bretanha francesa, mediante a conquista romana, e indiretamente na Irlanda, por meio do cristianismo), cristã e saxônica.
Na Irlanda, a cultura céltica teve muito menos dificuldades para sobreviver do que na Grã-Bretanha. Em primeiro lugar, porque ali não chegaram nem a conquista romana nem a invasão saxônica e, em segundo, porque a evangelização, embora profunda, foi muito mais tolerante com a tradição vernácula do que em qualquer outra região da Europa. O cristianismo introduziu a escrita na Irlanda; e graças à igreja se conservou grande parte da literatura oral primitiva, recolhida em coletâneas manuscritas em língua gaélica, nas quais figuram textos muito díspares. As mais antigas dessas coleções são o Leabhar na h-Uidhe (c. 1100; Livro da vaca castanha), também chamado Livro de Ulster, e o Leabhar Laighneach (c. 1150; Livro de Leinster). Depois, no século XVI, vieram juntar-se a esse acervo importantes coletâneas, como o Livro do deão de Lismore, que mostra a conexão cultural entre os celtas irlandeses e galeses. As obras incluídas nesses manuscritos estão agrupadas em ciclos: o de Ulster, mitológico e histórico, e o de Leinster. O primeiro desses ciclos é o mais importante, pois nele se acha contida a grande epopéia irlandesa, a Táin. Essa literatura se caracterizava por fundir história, magia e lenda, em narrações de grande plasticidade e força descritiva.
Onze contos galeses que formam o chamado Mabinogion (Disciplina) foram preservados, sobretudo em dois manuscritos: o Livro branco de Rhydderch e o Livro vermelho de Hergest, ambos do século XIV, embora incluam textos mais antigos. O nome Mabinogion só se aplica propriamente aos quatro ramos ou histórias de Pwyll, Braswen, Manawyddan e Math, narrativas cuja forma e temática derivam da tradição oral dos bardos. Acrescentam-se a elas um relato que parece provir de fontes muito antigas, Cuhlwch e Olwen, e outros três posteriores marcados pelas lendas do rei Artur - na versão do francês Chrétien de Troyes no século XII - por sua vez oriundas do folclore galês.
Na poesia, os filidh irlandeses e os bardos escoceses e galeses mantiveram a tradição de poemas panegíricos em metros muito rigorosos e complicados (o irlandês dan direach e o galês canu caeth). Essa tradição, à qual se somaram poemas descritivos e alegorias cristãs, se manteve na Irlanda até o século XVII, resistindo à dura hegemonia inglesa. Todavia, em conseqüência das perseguições e do exílio da nobreza, os filidh perderam seu prestígio e com eles se extinguiram o gênero e sua métrica. Em Gales - onde surgiu a figura mítica do bardo Taliesin - o desaparecimento das cortes principescas, em fins do século XIII, marcou o ocaso da profissão bárdica, e os cantos de louvor foram aos poucos sendo substituídos por poemas de amor e bucólicos, cuja linguagem aboliu os arcaísmos e a métrica dos anteriores.
Da primitiva literatura celta da Bretanha francesa e da região de Cornualha conservaram-se apenas pequenos trechos. Os escassos exemplos medievais e modernos indicam que, nessas regiões, os bardos sucumbiram muito mais rapidamente à pressão das culturas dominantes.
Mais tarde, os autores do País de Gales, da Escócia e da Irlanda começaram a escrever em inglês e os da Bretanha, em francês. Apesar disso, surgiram já em fins do século XIX importantes movimentos que pretendiam recuperar as línguas autóctones e promover seu emprego como idiomas literários. No âmbito temático, a magia e os devaneios da literatura céltica se estenderam pela Europa por meio das lendas arturianas, e em suas fontes se abeberaram muitos autores modernos.
Nas tribos celtas, as mulheres ocupavam posições tidas como essencialmente masculinas por civilizações vizinhas como a grega e romana. O fato de elas lutarem como guerreiras não anulava a beleza e menos ainda a feminilidade da mulher celta. Ser guerreira era algo nobre, mas não impedia que esta mesma mulher fosse também sensual ou mãe, pelo contrário, a força e a delicadeza aliadas eram exatamente o seu diferencial, eram as características que faziam dela uma pessoa segura, intrépida e apaixonante. Existem várias facetas, muitas vezes contrastantes, que coabitam o mesmo
espírito de uma mulher celta.
BOUDICCA
A história de Boudicca, rainha da tribo Iceni, comprova isso.
Com a morte de seu marido, o rei Prasutagus, Boudicca passa a chefiar sua tribo que não estava nenhum pouco disposta a ceder ao domínio romano. Ao tentar resistir, Boudicca é capturada, açoitada e ainda obrigada a presenciar suas duas filhas serem estupradas por uma porção considerável de soldados romanos. Dignamente a rainha se retira dos domínios do inimigo com suas filhas
jurando vingança. Com toda a fúria que somente uma mulher de espírito celta poderia ter, assumiu não só o controle dos Iceni, mas também da tribo vizinha, os Trinobantes. Juntos, varreram pelo menos dois povoados romanos na Grã-Bretanha, Camulodunum (atual Colchester) e Londiniun (atual Londres).
Os romanos só conseguiram vencer os destemidos guerreiros e guerreiros celtas após muitas batalhas sangrentas. Foram obrigados a criar novas estratégias
e aumentar seus exércitos. A história registra que Boudicca preferiu a morte ao domínio romano e partiu para o outro mundo clamando por Andraste, a deusa celta invencível.
O conflito entre Boudicca e os romanos foi relatado em 2003 no filme "A Rainha da Era do Bronze". Uma excelente produção, mas infelizmente pouco conhecida pelo grande público no Brasil.
Um conceito marcante e recorrente na cultura celta é a relação intrínseca entre a soberania da Terra representada pela rainha de um povo. Quando os soldados romanos humilharam Boudicca e suas filhas, não era somente a honra delas que estava sendo duramente ferida, mas a honra de cada Iceni. Agredir física ou moralmente uma rainha era o mesmo que manchar a soberania da Terra.
A história de Boudicca me fez perceber que o que alimentava a coragem e ousadia da mulher celta era justamente o respeito e a confiança que o povo tinha na figura feminina. Arrisco afirmar que ela só conquistou várias vitórias sob os romanos por que sua tribo se deixou liderar por suas palavras e estratégias de coragem. Nenhum de seus guerreiros excitou em seguir uma mulher, como seria passível de acontecer em outras culturas já impregnadas de conceitos machistas.
MORRIGHAN
É fácil compreender a confiança que os celtas depositavam em suas guerreiras ao sabermos que muitas das deidades ligadas à guerra são femininas. A mais conhecida com certeza é deusa Morrighan, ou a Grande Rainha. Podemos afirmar que muito mais do que uma deusa protetora de guerreiros e guerreiras, Morrighan era sua musa inspiradora. Isso soa um pouco estranho para nós, acostumados apenas com musas inspiradoras da arte, da música e da literatura.
Retomando o que foi dito logo no início deste texto, temas aparentemente contraditórios se entrelaçavam e até mesmo se complementavam na cultura celta.
Tendo isso em mente pescamos mais ponto marcante entre os celtas: equilíbrio entre luz e sombra.
A partir daí fica mais fácil compreender porque a presença de Morrighan era garantida nos momentos que precediam as batalhas. Ela fazia suas aparições
como uma exuberante mulher, armada com lanças e recitando poemas que desafiavam e incitavam os grandes chefes e reis dos Tuahta de Dannan a conquistar as vitórias absolutas. Arrisco dizer que Morrighan conferia uma certa beleza nestes momentos de pura tensão. Ao final dos confrontos, Morrighan também comparecia, porém assumia sua outra faceta, a de implacável Deusa da morte. Ela adquiria a forma de um corvo para poder desfrutar da carne dos que haviam tombado sem fazer distinção entre corpos de inimigos ou aliados. Devorava ambos.
Essa mesma Morrighan não hesita em fazer amor com Dagda conhecido como o Bom Deus entre os celtas, após usar seus dotes proféticos para fornecer para Dagda, importantes informações sobre uma batalha que ocorreria no dia seguinte. É importante dizer que o casal consuma o ato no vau de um rio tomado por corpos ensangüentados dos que morreriam no confronto do dia seguinte. Mais uma vez temas ilusoriamente opostos como o amor e a morte se unem.
A liberdade sexualmente não se restringia apenas às deusas, mas também as mortais celtas. Citando o autor clássico Diodorus Siculus: "elas geralmente cedem sua virgindade a outros e isso não lhes parece indigno; mas sentem-se ultrajadas quando algum homem recusa-se a aceitar seus favores".
MAEVE
Maeve, "aquela que intoxica", era uma temida rainha na Irlanda. Ela própria disse para um de seus vários maridos que jamais se deitou com um homem sem que outro aguardasse nas sombras.
Com base nas Leis Brehon, conjunto de leis transmitidas oralmente na Irlanda, se uma mulher se sentisse insatisfeita sexualmente no casamento, poderia deixar a relação a qualquer momento.
Costumo dizer que estamos alguns séculos atrasadas pois só recentemente conquistamos essa liberdade e controle sobre nossas vidas conjugais e sexual e mesmo assim com algumas ressalvas. Mas não era somente durante as batalhas ou na cama que as mulheres celtas mostravam seu poder e força. Há vários relatos de autores clássicos sobre as druidas, ou druidesas. Assim como os druidas do sexo masculino, as druidesas exerciam não só a função
de sacerdócio espiritual, como detinham também poderes jurídicos e conhecimentos mágicos de cura. Como bem definiu o autor clássico Pomponiu Mela, os druidas são mestres em muitas artes. O respeito das mulheres celtas foi conquistado até mesmo pelos gregos e romanos que admiravam sua beleza, fertilidade e coragem.
ORAÇÃO CELTA
Que jamais, em tempo algum, o teu coração acalante ódio.
Que o canto da maturidade jamais asfixie a tua criança interior.
Que o teu sorriso seja sempre verdadeiro.
Que as perdas do teu caminho sejam sempre encaradas como lições de vida.
Que a musica seja tua companheira de momentos secretos contigo mesmo.
Que os teus momentos de amor contenham a magia de tua alma eterna em cada beijo.
Que os teus olhos sejam dois sóis olhando a luz da vida em cada amanhecer.
Que cada dia seja um novo recomeço, onde tua alma dance na luz.
Que em cada passo teu fiquem marcas luminosas de tua passagem em cada coração.
Que em cada amigo o teu coração faça festa, que celebre o canto da amizade profunda que liga as almas afins.
Que em teus momentos de solidão e cansaço, esteja sempre presente em teu coração a lembrança de que tudo passa e se transforma, quando a alma é grande e generosa.
Que o teu coração voe contente nas asas da espiritualidade consciente, para que tu percebas a ternura invisível, tocando o centro do teu ser eterno.
Que um suave acalanto te acompanhe, na terra ou no espaço, e por onde quer que o imanente invisível leve o teu viver.
Que o teu coração sinta a presença secreta do inefável!
Que os teus pensamentos e os teus amores, o teu viver e atua passagem pela vida, sejam sempre abençoados por aquele amor que ama sem nome.
Aquele amor que não se explica, só se sente.
Que esse amor seja o teu acalanto secreto, viajando eternamente no centro do teu ser.
Que este amor transforme os teus dramas em luz, a tua tristeza em celebração, e os teus passos cansados em alegres passos de dança renovadora.
Que jamais, em tempo algum, tu esqueças da Presença que está em ti e em todos os seres.
Que o teu viver seja pleno de Paz e Luz!
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